31/08/2005

SUPER MARIO MEETS KIESLOWSKI

Acabou a maratona Dziga Vertov e começou a maratona Kieslowski. Estou fazendo as legendas de algumas sessões da mostra dele, não todas, além de ter traduzido um dos filmes, "O Acaso".

Legendar Kieslowski é uma experiência completamente diferente de Godard. Ritmo bem mais lento dos filmes, muito menos texto, dá até para olhar a tela e acompanhar um pouco o filme, hehe, porque também eu não sei polonês e tenho de me guiar pela cena e pelas legendas em inglês.

Agora que conheci a obra dele com mais profundidade, gostei bastante. Ele lida com valores cristãos de maneira bem cotidiana, muitas vezes previsível, porque são histórias que retratam questões arquetípicas. São dramas e comédias da vida comum, com um olhar bem sensível, que faz você soltar um sorriso. Principalmente eu, que estou vendo o filme várias vezes, acho gostoso me deparar com uma previsibilidade que identifico na vida. Um talento meio de cronista.

Aliás, acabei de escrever sobre isso, sobre "a crônica", num conto que deve sair em outubro... depois digo onde.

E, "como civil", fui assistir ao "Casa Vazia", do Coreano Kim Ki-Duk (é isso?). Coisa mais linda. Tem aquela coisa silenciosa de filme oriental, que eu adoro. Tem um tratamento do vazio e do espaço que lembra um pouco Tsai Ming-Liang, que eu adoro. E tem o carinha principal... que é uma tetéia...

Além disso, me trouxe uma vaga, vaga lembrança de "Feriado de Mim Mesmo"....

E como nem tudo na vida é arte, passei a madrugada de domingo jogando "Super Mario Bros 3", na versão "All Stars", do Super Nintendo, das antigas. Vou te dizer uma coisa, jogar videogame é o melhor treinamento para quem quer operar legendas. Você fica rapidinhos nos reflexos.

Agora só falta Kieslowski me dar um cogumelo de bônus.

27/08/2005

"AURORA DA MINHA VIDA" ou "CONHECI UM CAPETA EM FORMA DE GURI"

Quando eu tinha uns oito anos, um colega da minha classe me deu uma receita para fazer geleca. Era misturar cola, álcool e folhas verdes de árvore. Ficou uma meleca, mas nada parecido com as industrializadas.

Quando eu tinha uns seis, me senti desprezado pela professora da pré-escola. Aproveitei que ela estava de costas e enfiei a tesoura no rabo de cavalo dela. Cortei. Ligaram para minha casa, mas minha mãe estava no trabalho. Como meu pai é artista plástico, ele foi me buscar. Me levou para tomar sorvete.

Foi dessa mesma professora, mais ou menos nessa época, que ouvi pela primeira vez a expressão "você cansa a minha beleza". Lembro que achei o máximo e fiquei rindo: "Que convencida"!

Li nas nas pilhas "não expor ao fogo". Diziam que podia explodir. Então tentei fazer uma bomba caseira com pilhas velhas...

Fui uma vez para Campos de Jordão, num feriado, com minha mãe e uma das minhas irmãs. Enquanto elas passeavam, eu passava o dia inteiro, todos os dias, jogando fliperama. Tenho dó da minha mãe até hoje por isso.

Também fui para Campos de Jordão numa noite com amigos e voltei na mesma noite. A gente fez uma trilha de madrugada com uma tocha que a gente improvisou do kit de primeiros-socorros do carro. Mas daí eu já tinha uns 20 e poucos anos...

Meus pais sempre foram separados. E quando eu ia para a casa do meu pai, geralmente ele me dava umas folhas brancas e ia dormir. Nunca aprendi a desenhar.

Na minha páscoa de cinco anos de idade, comi todos os ovos de uma só vez. Depois comi os da minha irmã. Quando ela abriu o armário do quarto dela, eu estava lá dentro, lambuzado.

Usei cabelo comprido muito tempo e achavam que eu era menina. Na época, não sabia o que era androginia, mas não gostava.

Quando entrei no ginásio, e mudei de escola, consegui me enturmar porque eu era o único que tinha Nintendo (8-bits) e todos os meninos queriam jogar. Futebol eu não jogava.

Eu adorava gravar radionovelas num gravadorzinho de repórter. Minha fala mais célebre, que tenho até hoje passada para MP3, é assim: "Meu amigo, que pena não morri, agora, hoje, será lua cheia novamente... e eu vou me transformar num lobisomem."

Bem pequeno, eu era ruivinho.

24/08/2005

ANNIE LENNOX EM ÁGUA FRIA.

"Good things would happen soon, cause I knew that I was going to be a legend in my living room."

Uma lenda... apenas na sua própria sala de estar. Annie Lennox pode não ser Madonna, mas é muito mais para mim.

Ei, ei, os comentários estão intensos por aqui, hein?

Fico tentando entender algumas críticas ou ofensas, por que acho engraçado alguém que me detesta tanto freqüentar diariamente o meu blog. São muitas as respostas possíveis e eu não poderia saber realmente sem essa pessoa se identificar. Geralmente são comentários tolinhos, o que sugere que meu opositor é alguém bem jovem que tem algum problema pessoal comigo, não literário. Mas, sinceramente, isso me aborrece tanto quanto me instiga, e acho que se os comentários negativos cessassem completamente eu sentiria falta, como no término de um soluço persistente, sabe?

Também sei que isso é normal e acontece com vários outros escritores, independentemente de gênero e qualidade. A Clarah Averbuck fez escola nesse campo. Marcelino Freire recentemente tirou os comentários do seu blog por causa disso. Eu prefiro continuar estudando-os, tentando entender as motivações.

A conclusão mais óbvia que podemos tirar é que se trata de inveja. Mas acho isso tão tolo, tão tolo que continuo na dúvida. Quero dizer, inveja do quê? Tenho orgulho do que conquistei, sim, uma enorme satisfação de ter meus livros publicados, um público que me lê, matérias positivas na imprensa, mas sinto que isso tudo é apenas um satisfação pessoal. Não quer dizer muito para os outros. Ganho muito menos grana hoje do que antes de publicar. Não estou sendo parado por fãs na rua nem furo filas de boate. Não há status nenhum. É muito raro alguém me reconhecer como escritor e, mesmo quando digo meu nome, é raro ouvir alguém dizendo: "hum, sim, já li algo sobre você". E se reconhecessem, qual seria a diferença?

Então essas pessoas têm inveja do quê? Sinceramente, e sem modéstia, acho que só poderiam ter inveja da qualidade do que eu escrevo, não do resultado que obtenho. Vão trabalhar numa agência de publicidade, vocês vão ter mais sucesso e reconhecimento.

Essas pessoas que jogam pedra nos "novos escritores" não sabem como somos fodidos, quão pouco recebemos pelo nosso trabalho e como fazemos isso por amor.

Podem questionar a qualidade do meu trabalho, mas eu continuarei fazendo, simplesmente porque sinto prazer com isso. Ao contrário de muitos, eu escrevo por prazer, por isso mesmo tenho uma pilha de contos e até romances que não foram lançados e nunca lançarei, escrevi apenas por satisfação pessoal.

Talvez o pensamento dessas pessoas (e já ouvi isso por aqui) seja de que "estamos roubando o lugar delas". Ah, sim, "esses escritorzinhos moderninhos estão se dando bem enquanto que ‘os verdadeiros’ estão se fodendo". Bem, se existem outros escritores "mais verdadeiros" eles não deviam se preocupar tanto com o sucesso, e sim em continuar escrevendo. O que eles querem, ganhar dinheiro? O sucesso é conseqüência de várias coisas que não englobam necessariamente qualidade, é verdade. Então, ou eles entram no esquema e "se modernizam" ou se satisfaçam apenas escrevendo seus continhos anônimos.

Eu me satisfaria.

Ninguém está roubando o lugar de ninguém. No mercado editorial, é exatamente o contrário que acontece. É preciso que uma editora tenha escritores rentáveis para poder investir em outros em início de carreira. No caso da Planeta, eles precisam do Fernando Moraes para eu lançar meu feriadinho...

Também acho que muitos escritores que conquistam destaque não tem realmente qualidade, mas, como disse, essa é outra questão. Para ser escritor, profissionalmente, não basta apenas saber escrever. É a mesma coisa de dizer que para ser professor de inglês você só precisa saber a língua. Não, é preciso outras coisas, infelizmente. Você depende de uma boa editora, e do relacionamento com ela. Do relacionamento e acesso com a imprensa. Da apresentação visual e distribuição do livro. Enfim, tantas coisas além da escrita, mas que também demandam um certo talento (e sorte).

Não quero dizer com isso que exista "uma máquina" por trás dos escritores. Existe sim, uma geringonça. haha. Quero dizer, é um esforço tremendo para pouco resultado. Nenhuma editora está investindo mensalões em mim ou em qualquer escritor que seja (novo ou velho). Bem, com raríssimas exceções...

É claro que também acho que quem está publicando tem uma responsabilidade. Recentemente uma menina que não conheço pessoalmente me pediu para escrever o prefácio do livro dela. O livro era uma coletânea de um blog. E era um blog "blog", legal, divertido, assim como o meu (haha). Quero dizer, um blog sem nenhum pretensão literária, apenas um diálogo com o leitor, uma reflexão sobre o dia-a-dia, algo que envelhece uma semana depois. Recusei o convite pensando exatamente nessas pessoas. Essas pessoas que estão se fodendo e dando o sangue para escrever um livro e não conseguem publicar. A própria menina admitiu que o livro era "apenas um brincadeira", mas eu não acho que um livro deva ser visto assim. Pelo menos, não um livro de estréia. Ela tem capacidade de escrever algo mais literário e devia lutar por isso. Eu jamais publicaria os textos deste blog num livro.

Mas eu também devia rever meus conceitos. Porque isso de que livro precisa ser sempre muito denso e muito profundo não é saudável. Livro deveria ser algo mais leve, para fazer parte das pessoas, abrir o apetite com torradinhas para depois servir ostras. Isso é o que aumentaria o número de leitores, faria as pessoas perderem o medo do livro, a deixa do presidente de que "livro é que nem esteira de correr..."

De qualquer forma, eu ainda não me sinto confortável em colocar meu nome num livro "de diversão". Não viram na quarta capa de "A Morte Sem Nome": Isto não é diversão, não é para você se divertir....

Só mais um recado para meus detratores. Vocês não tem nada a ganhar com seus ataques a mim, pelo contrário. Eu faço o que posso por quem eu leio e gosto e acho que não teve ainda sua chance. Claro que entendo a inveja, nem sempre a gente pode ter sentimentos nobres. Mas quando sinto inveja de alguém, fico quietinho, por vergonha, e espero o sentimento passar.

Bem, bem, parafraseando mais uma vez nosso presidente, o negócio é continuar correndo na esteira. Quem escreve com qualidade, de repente terá sua chance. Quem não escreve, pode ficar com o corpo em forma... e daí resolver os problemas pessoais comigo, numa noite dessas...

23/08/2005

VAMOS TRANSAR ESTA TARDE, COMPANHEIROS!

Essa maratona de filmes políticos que eu legendei me fizeram pensar bastante nessas questões sociais, nas utopias dos anos setenta e na minha bandeira pessoal do individualismo/relativismo.

Hoje, os filmes do grupo Dziga Vertov parecem bastante ingênuos, apesar da ironia, e o próprio Jean Pierre Gorin assume isso. Muitos deles, por exemplo, tratam Mao Tse Tung como um ídolo, um benfeitor da China. Num dos filmes, há um diálogo hilário entre um casal que diz que devem se questionar sobre "transar de tarde", porque esse é um privilégio burguês. O operário que trabalha o dia todo não pode transar de tarde; e se trabalha de noite, na tarde do dia seguinte está cansado demais para transar. Então transar de tarde é um ato burguês. Hahaha.

Numa das conversas com Jean Pierre Gorin na qual eu estava de intérprete, um rapaz da platéia questionou isso inclusive; toda essa patrulha, ingenuidade e radicalismo do socialismo dos anos 70. Obviamente que transar a tarde não é um privilégio burguês. Não poder transar a tarde que é um dos muitos absurdos do capitalismo.

Aliás, aí reside a pequena contestação política de todos os meus livros. A ideologia capitalista é tão oposta à ideologia socialista quanto da individualista, que também são opostas entre si. Quero dizer, à medida que o sistema de produção capitalista obriga o indivíduo a respeitar um relógio padronizado, acordando sempre em determinado horário, almoçando num horário determinado e voltando para casa num horário determinado, afasta-o de suas verdades pessoais e assim da própria verdade absoluta.

Ui, ui...

Já, as poucas experiências de governo socialista que o mundo teve pecaram também justamente por essa questão, de limitar a liberdade individual, de querer uniformizar a sociedade e assim cair no autoritarismo.
No capitalismo, o individualismo é possível através da conquista econômica. No socialismo, o individualismo simplesmente não existe. (George Orwell, baby). Entretanto, já existem grandes tendências que consideram que o capitalismo já está efetivamente chegando ao fim, com a desassociação de capital/empregador. Cada vez mais o profissional é um ser autônomo, que recupera para si sua força de trabalho, apesar de receber cada vez menos por ela.

Se eu ainda fosse adolescente, diria que não há saída: socialismo, capitalismo, tudo levará a humanidade ao seu fim. Porque o fim é inevitável e todos vamos morrer e tudo vai se acabar, então que se dane. Como eu já sou gente grande, fico quieto.

Mas já aviso que meu próximo romance é o mais político de todos, de uma forma bastante sarcástica, claro, e com um toque de contestação adolescente...

O que eu acho mais interessante não é ter uma posição (política e ideológica) fechada, é analisar as diferentes formas e possibilidades de discurso. Isso é o relativismo.

Um dos melhores professores que tive na faculdade, Luis Felipe Pondé - de filosofia - fazia experiências bem interessantes de dialética relativista com seus alunos. Um dos trabalhos que nós tínhamos de apresentar, por exemplo, era criar campanhas defendendo idéias que fossem consideradas moralmente absurdas. Foi defendida a escravidão dos negros, o trabalho infantil, a descriminilização da pedofilia... Isso é fantástico, pois vai contra a moralidade burra, as verdades pré-estabelecidas e o falso juízo de valores. As pessoas aceitam as verdades sociais sem nem saber o porquê. Em contrapartida, é interessante defender idéias que você mesmo não acredita, pois o abriga a analisar todos os lados da questão. Não se trata de aceitar preconceitos, e sim de entendê-los.

Ao meu ver, isso é essencial para se criar um discurso conta a intolerência e para fazer literatura. Contrariando o que muitos dizem, acredito que a literatura não tem nenhum compromisso com a verdade, o compromisso é com com as possibilidades...

Já a IMBECIL escola de Idiomas Milenium, que diz possuir um método "psicoterapeutico", empurra para seus alunos uma retórica estúpida, maniqueista e reducionista. Numa das minhas aulas de finlandês, quando eu questionei o conceito de "bem" e "mal", o professor Marku Lira me acusou textualmente de estar "possuído pelo demônio", haha, por isso tive de abandonar o curso. Sai, capeta!

Bem, bem, aproveitando todas essas questões políticas, coloco aqui

AS 5 VELHO (MACRO) QUESTÕES DO INDIVIDUALISTA:

- Por que o trabalhador não vende apenas seu trabalho para o capital mas também o seu tempo, seus horários de dormir e acordar, de tirar férias e de almoçar, de falar ao telefone e ir ao banheiro?

- Por que o trabalhador noturno (seja da indústria, das artes ou de onde for) não tem o mesmo direito de dormir do que o trabalhador diurno, já que durante o dia se instaurou que não é preciso fazer silêncio e as construções, reformas e buzinas operam a todo vapor?

- Por que se preza, se preserva e se incentiva a constituição familiar e não o indivíduo, numa sociedade hiperpopulada como a nossa?

- Por que a razão é determinada pela maioria se a maioria não representa o interesse exato de ninguém?

- Por que se fala em aceitar a diferenças se a lei determina que todos os homens são iguais?

E AS 5 NOVAS (MICRO) QUESTÕES DO INDIVIDUALISTA:

- Por que, quando o telefone toca, somos obrigados a interromper tudo o que estamos fazendo para conversar com outra pessoa se não quisermos dar satisfação do que estamos fazendo realmente?

- Por que ao entrarmos num elevador, táxi ou sentar numa cadeira de barbeiro somos obrigados a manter uma conversa sobre um assunto genérico qualquer, sendo que nenhum dos dois está realmente interessado em conversar?

- Por que mesmo andando de fones de ouvido na rua as pessoas nos param para pedir informações, oferecer produtos e serviços ou simplesmente conversar e querem que desliguemos nossa música?

- Por que precisamos dizer bom dia, boa tarde e boa noite para porteiros, colegas de trabalho e familiares, sendo que este é apenas um cumprimento mecânico que não expressa nenhum interesse particular verdadeiro?

- Por que a pizzaria não entrega pizza brotinho?

21/08/2005

ANNIE LENNOX MERGULHADA EM ÁGUA QUENTE.

Esta semana foi pesada.

Passei todos os dias no CCBB, projetando as legendas de uma mostra de filmes do grupo Dziga Vertov, formado pelo (Jean Luc) Godard e o (Jean Pierre) Gorin. São todos filmes políticos dos anos 70, extremamente verborrágicos, a maioria com imagens aleatórias e diversos narradores simultâneos. Imagine para eu ouvir tudo isso em francês e lançar as legendas sincronizadas. 17 sessões. Mais foda ainda foi para minha mãe, Elisa Nazarian, que traduziu todos os filmes.

Mas o pior mesmo foi em 5 sessões que me tiraram para intérprete. Além de legendar os filmes, eu tive de traduzir palestras do próprio Gorin. Eu já tinha sido cogitado para esse trabalho, mas recusei porque não me sentia seguro. Arrumaram outra intérprete para a palestra oficial que ele deu no sábado, mas além dessa, ele resolveu falar antes de TODAS as sessões. Só sobrou eu lá para o serviço. Um terror. Traduzir é uma coisa, você faz em casa, bonitinho, lê a palavra ou ouve várias vezes, tem calma para pensar, eventualmente procurar no dicionário. Outra coisa é ficar de pé num cinema, de frente para o público, ouvindo um cara falar em outra língua por vários minutos seguidos, sobre o cinema novo e política francesa, depois ter de lembrar de tudo e ainda traduzir para o português. Eu me perdia, ficava nervoso demais, quando ele estava na terceira frase eu já havia esquecido da primeira. Meu inglês é bem melhor do que o meu francês, mas o Gorin falava em inglês com um baita sotaque francês e só confundia mais as coisas. Mas até que, no final, eu já estava mais ou menos dominando a situação... mais ou menos...

Por sorte encontrei uma amiga minha, a Maíra Mee, sexta na platéia, e a escalei para o trabalho. Assim pude ficar bem quietinho, só me preocupando com os filmes.

O mais gostoso dessas mostras, ao meu ver, é o clima que se forma. Todos os dias as mesmas pessoas, em todas as sessões, você começa a reconher os rostos, dá uma sensação de estar na escola, com os coleguinhas, assistindo às aulas, hehe, especialmente por eu ter cada vez menos experiências sociabilizantes.

Teve uma coisa que o (professor/diretor) Gorin disse que achei bem interessante (se é que eu traduzi corretamente). Disse que o artista não deve se preocupar só em acertar. Que nem sempre pode se ter sucesso. Que o melhor a fazer quando se quer chamar a atenção para um aspecto importante é rodear esse aspecto de questões insignificativas.

Taí.

No meio desse curso intensivo, também tive de ler um livro e mandar a resenha sob encomenda para a Folha. Ao menos era um livro bem interessante. Depois que a resenha for publicada eu coloco aqui e digo qual livro é.

Agora só me resta tomar o chá "Sweet Dreams" e dormir, dormir, sonhar, talvez.

17/08/2005

RÍSPIDOS SE VÃO

"Posso demonstrar minhas idéias com tranqüilidade, justamente por darem tão pouco crédito a elas. O que digo é que - da mesma forma que as idéias viajam como ondas pelo espaço e podem ser desviadas, apreendidas e modificadas em seu percurso - quando são registradas e decodificadas graficamente podem ter um efeito semelhante à radiação. Dessa forma, quando alguém lê, por exemplo, a frase ‘ríspidos se vão', está se tornando mais propenso à desenvolver uma espécie de câncer de intestino. Não convém aqui entrar nos detalhes de como cada caractere contribue para isso, levaria muito tempo e os senhores não dispoem de tanto, mas posso dizer que a seqüência de letras e o ritmo mental criado pelo efeito da frase são os causadores do mal. Logicamente que isso depende muito da interpretação e da predisposição do leitor. Meus opositores, que criticam tão duramente minhas teses, são os primeiros a padecer por efeito das mesmas, simplesmente porque forçam suas mentes a lultar contra essas idéias, não as deixando fluir livremente, acumulando-as em seu cérebros como se fossem antígenos e potencializando seus efeitos negativos. Dessa forma, posso demonstrar minhas idéias com tranqüilidade, justamente por darem tão pouco crédito a elas." Nicolay Poloiev (1813-1887)


Ps- Ei, ainda tenho "Olívios" para vender aqui. 21 pila. Autografado. Entregue na sua casa. Em todo o Brasil. Me mandem um email, pequerruchada.

13/08/2005

RAIZES QUE CRESCEM SOBRE NÓS

Ei, são 3:19 de novo. Não tem um filme de terror que algo acontece toda madrugada às 3 e pouco? Acho que é "The Amitiville Horror". Inclusive fizeram um remake desse filme que está estreando por aí, mas eu nem gostei do original, que passava no SBT... Parece que é baseado numa história real, num menino que matou a família toda às 3 e pouco da manhã, em Amitiville, EUA; depois outra família se mudou para a casa onde aconteceram os assassinatos e disse que ela estava assombrada.

E daí?

Eu já dormi em cemitério, já entrei em casa abandonada, vou sempre na Loca de domingo, mas nunca vi assombração, haha. A melhor oportunidade que tive foi num cemitério da Alemanha, quando vi uma cripta aberta e desci para dar uma olhada lá embaixo. Estava um breu e eu não tinha lanterna, então resolvi disparar o flash da minha câmera para ver aonde eu tava pisando. O flash iluminou uma sala vazia, sem caixão nem nada. Achei meio brochante, mas tinha certeza de que, quando revelasse o filme, ia ter uma velhinha no meio do sala, um saci-pererê, qualquer coisa... Quando peguei a ampliação... nada.

Mas para quem quiser ver fotos de fantasmas, e comentários científicos sobre elas, tem esse site bem legal:

http://www.ceticismoaberto.com/fotos/fotofantasma00.htm

Falando em cemitério, bizarra mesma foi minha conversa sobre o tema com o Paulo César Peréio, no programa dele, alguém viu? A entrevista comigo foi ao ar há uns 2 meses (Canal Brasil). Ele engatou um papo de cemitério, que ia de madrugada dar teco em cemitério (ó, Lyvia, você que gosta dessas histórias), que eu não entendi. Quase metade do programa foi isso, haah. Mas foi divertido.

Hum... que mais... tá frio, né?

Enfim, esta foi uma semana fodida, mas nem me trouxe tanto assunto. Geralmente, quanto mais trabalho eu tenho, mais pique me dá. Hoje é melhor eu parar, antes que comece outra história de zumbis. Fiquem com Lorena, que ela sabe das coisas:

Meus vermes contam uma história, nada bela, nada bela. Alguém quer ouvir? Encoste o ouvido no chão. No meu epitáfio sem nome. No meu túmulo vazio. No meu enterro sem lágrimas, a chuva, ao menos, me respeita. Molha meus lábios, hidrata minha pele, faz festa em meu corpo, rastejando com os invertebrados.

Semanas depois, o jornaleiro checa meus débitos. A vizinha percebe minha ausência. O telefone toca solitário. E quem pensa sobre mim pensará em voz alta. Quem sente minha falta procurará por mim. Quem me conheceu um dia se lembra, e me reviverá.

Minha correspondência se amontoa. Minhas respostas se perdem. Minha unha continua a crescer. Meus números continuam a correr, no sistema elétrico, nas verdades jurídicas. Poeira se acumula. Aranhas tecem suas teias. Uma nova organização, sem minha mão para interferir. Minha ausência, causando diferenças. Mudanças, quando eu não me importo. Eu não me importo, não posso mais.

Embaixo da terra, dou flores, frutos, sabor amargo na boca. Nunca conseguirão enxaguar todos os meus sentidos. Uma história, uma lembrança, para ler, ouvir, sentir na ponta dos dedos. Nunca se esqueça de mim, nunca se esqueça de mim.

Qual será o meu sentido quando eu não estiver com você? Quando você não estiver comigo, o que eu poderei fazer pela minha história? Penso melhor. Guardo as últimas palavras para mim mesma. Num último suspiro, no meu último gemido, faltam sílabas e acentos. E lamento.

de "A Morte Sem Nome" - Santiago Nazarian

11/08/2005

SANGRE!!! SANGRE!! SANGRE DE LOS MUERTOS!!!

Hum, tô aqui na madrugada, 3:19, trabalhando no meu quarto romance, ouvindo Marina Lima e pensando no que postar neste blog para vocês não pensarem que eu morri e os vermes de Lorena passeam por mim.

O som da lima-limão é providencial:

É só mais um dia, sem sol, sem sol, sem sol, e ninguém quer saber se eu tenho alguma queixa...

Então uma japonesa entra aqui em casa e fazemos amor com ternura e com intensidade e com vigor e emoção e eu descubro que na verdade ela é um japonesinho andrógino e então entram mais japoneses armados até os dentes que aproveitaram que ele me distraiu para invadir meu apartamento e eu luto Kung Fu com eles, mas logo percebo que eles não podem ser derrotados porque são zumbis e o que querem na verdade é engolir meu cérebro - isso eu não posso permitir de jeito maneira - então saio correndo e escuto o japinha chorando e pedindo perdão por ter me enganado, que ele foi obrigado, para salvar seu próprio cérebro, mas continuo correndo e percebo que a única maneira de afastá-los é fritando meu cérebro, então entro num bar e digo "coca", "cocaína", "da branca", "da boa", "matinga", mas me esqueço de falar a palavra mágica porque meu cérebro já está semi frito e os zumbis estão vindo, e na última hora consigo lembrar PADÊ! e o garçom finalmente me atende e eu queimo 50 pila numa fungada e os zumbis passam reto e o japonezinho pede um teco e vivemos felizes para sempre.

Assim garanto amor, sexo, drogas, terror e aventura para todos vocês.

Que porra.

07/08/2005

MENINAS SUPERPODEROSAS

Tem uma mocinha de Uruguaiana que uma vez, no Teatro de Arena, veio falar comigo que tinha lido meu livro. Não entendi direito o que ela disse e perguntei se ela falava português - sabe como é, sotaque da fronteira. Ela não me levou a mal e daí começamos a trocar emails e ela me falou que tinha uma pequena editora de livros caprichosos e veio aqui em casa e saímos pra dançar e ficamos amigos e ela me deu presentinhos e eu li os livros que ela editou e eu li o livro que ela escreveu e... ufa, a menina é boa demais.

Ela é Cristiane Lisbôa, PRESIDENTE da Fina Flor, uma editora que faz pequenas tiragens de livros que unem literatura e artes plásticas, numerados e assinados pelo autor, com interferências à mão, como gravuras para folhear. Vocês podem saber mais sobre a editora aqui: www.editorafinaflor.com

O livro dela, "Deles e Quase o Resto", é uma coisinha. Não vou dizer que são "micro contos", porque acho que esse termo está meio desgastado. É um livro de "prosa ligeira" que mistura afetividade com uma certa bizarrice, para todos saírem ganhando. Quero dizer, ela não pesa como "louquinha" porque tem sua ternura. E não é apenas "meiguinha" porque tem uma estranheza. E o bom dessa "ligeireza" é que dá para colocar um conto inteiro dela de exemplo aqui:

Se orgulhava de sempre sentir as mudanças do tempo. Quando ia chover, sentia um não sei o que nas pernas, como quando se entra no rio vestindo calças de lã. Em dias antecedentes a noites de vento, os cílios faziam barulhinhos engraçados chocando-se uns contra os outros. Já perto de futuras manhãs de sol, a parte de lado dos lábios, ali no final das bochechas, ficava ruborizada e quente. / Quando ele chegou perto, sentiu uma coisa que não conseguiu descrever. Era amor, disseram. Gostou do nome e para tudo o que sentia gostava de dizer "é amor". Só amor.

E tem outra mocinha que me mandou um livro uma vez que eu não entendi direito, porque era escrito em primeira pessoa por um menino adolescente paulista e era uma coisa meio Sallinger, mas diferente, e eu achei o menino um pitéu, mas não era um menino, era uma menina escrevendo, e uma menina carioca, e daí ela veio aqui em São Paulo e nos encontramos e eu dei meu livro pra ela e ela me deu os originais do segundo romance dela e eu terminei de ler neste final de semana.

Essa é Ana Paula Maia, de quem eu já falei várias vezes aqui no blog. Uma jovenzinha com fôlego de garoto punk... ou algo melhor, que escreve romances enormes e cinematográficos como esse novo, "Acossados" (ainda inédito). Coisa das mais difíceis hoje em dia é mulher com história para contar. Quero dizer, tem mulher com poesia, com confissões literárias, com análises panorâmicas, tudo muito bem escrito, mas mulher que não esteja contando sua própria história é difícil, ainda mais em romance. Ana Paula Maia é assim, cria personagens verdadeiros, em sua maioria masculinos, desenvolve tramas, amarra tudo muito bem amarradinho. Eu me esforço bastante para tentar descobrir o que há de "ideologia pessoal" nos livros dela, o que é a autora falando. Acho que, nos meus livros, por exemplo, é fácil de se identificar isso. Mas nos dela não, não se ouve nenhuma menina carioca de vinte e poucos, apenas seus personagens esdrúxulos. Isso é ótimo.

E tem uma de quem eu sempre ouvi falar, que tinha um nome meio de personagem de RPG e eu imaginei que ela soltasse raios laser ou escrevesse por lazer ou tivesse outras coisas para fazer além de escrever, sei lá. Daí a gente se encontrou e ela foi sempre super querida e eu fui ver uma leitura dela e eu gostei demais e procurei outras coisas no blog e coloquei o link do blog dela aqui e comecei a achar que ela é que achava que eu era personagem de RPG.

O codinome dela é Índigo, escreve livros infanto juvenis sem babaquice nenhuma, com um humor absurdo, inteligentíssimo, uma criatividade de piá anfetaminado. Aliás, se ela escrevesse em inglês, seria a autora favorita da Björk... Dá para ler algumas coisas aqui: http://73obsessoes.zip.net/

E tem mais, tem mais, fico feliz que ultimamente começou a chover mulher na minha horta... quero dizer, escritoras, porque eu achei que só tinha homem escrevendo e só homem bom... ops, quero dizer, homens ruins, mas escrevendo... ops, quero dizer, só homens ruins escrevendo bem, porque homem bom escrevendo eu ainda não encontrei, GRAÇAS A DEUS! Haha.

Mas essa outra aí é boa, em todos os sentidos, parece que até já saiu na Playboy, mas é boa sim, quero dizer, claro, se saiu na Playboy... mas escreve bem sim, com uma sensualidade... não, não é uma sensualidade Maryeva, é uma sensualidade literária, um texto feminino e orgânico, também com o nome dela... Andrea del Fuego.

Também tem blog: http://delfuego.zip.net/

Recentemente ela me demonstrou outro de seus talentos analisando um sonho super profundo que eu tive com o Junior (da Sandy).

Ah, e tem a Ivana Arruda Leite, mas hoje não vou falar dela porque ela é bem famosa e não precisa de mim, mas eu gosto dela e coloquei o blog dela aí do lado e ela também é minha amiga, minha amiga famosa e daí eu fico falando que tenho amigas famosas e escritoras e minha fama de só ter amigos do submundo vai por água abaixo, mas pela água da sarjeta, olhando para as estrelas, sei lá. Haha.

E tem, acima de tudo, Elisa Nazarian...

05/08/2005

BON JOUR, TRISTESSE

Continuando com as entrevistas, hoje saiu uma entrevista e uma resenha bem interessantes sobre "Feriado" no Paralelos: http://www.paralelos.org/

Ronize Aline, a entrevistadora, discorreu bastante sobre a capa do meu livro, da qual eu tive grande participação, para analizar minha produção atual. Conversamos também sobre Body Art, solidão e masturbação, está tudo no Paralelos.

Mudando completamente, totalemente, indo para outro universo de assunto, hoje estive em mais um desfile do Ricardo Almeida (estou ficando sócio dele). Sempre acho divertido. Mas fiquei vendo aqueles meninos 70% cyan desfilando e me deu uma tristeza. Todos eles me pareciam tristes, frustrados, tinham um olhar daqueles que sentem uma falta enorme de uma prancha, fosse de surfe fosse de skate. Quero dizer, sei que eles são treinados para aparentar um olhar de indiferença/apatia/superioridade, e às vezes até dá vontade, mas hoje só consegui captar tristeza mesmo. Afinal, quem consegue acreditar que meninos com aquelas franjas se sentem à vontade com ternos? Haha. Faça me o favor.

Depois do desfile, fiquei calibrando ao lado deles e me deu vontade de gritar: "Alô, caravana de Brusque!" Haha. Tenho certeza de que a maioria faria a "ola". É uma tristeza mesmo. Conheço bem esse meio, arrancam os meninos do meio da roça e os enfiam às dúzias em prédios alugados por agências, com as cuecas secando à meia sombra. Eles ralam o dia inteiro fazendo testes para castings e de noite trabalham de barmen (bem, eu já morei no sul, eu já fiz casting e eu já fui barman). Não há nada de glamuroso. Alguns conseguem bastante trabalho, mas ainda complementam a renda com bicos extra de michê de luxo (isso é o que há de mais comum nas agências de modelo, tanto para homens, quanto para mulheres. É, modelos top, passam por isso, obviamente).

Ah, me deixa triste. Ainda bem que nós, jovens escritores bem sucedidos que vamos no Jô e saimos na Quem, ganhamos fortunas só fazendo versinhos:

O que m’escapa por entre os dedos
penetra-me pelo nariz,
inspira-me gozo e medo,
me forçando a continuar e insistir.

E o qu’eu fiz? É o que sempre faço.
O que faço é o que sempre me faz.
Reciclando entre beijos e abraços
a poesia que o papel não tem.

E a poesia que o papel não traz,
é fluido no meu nariz,
Se me ajuda como respiração,
se invade minha circulação,
se domina a minha razão,
tampouco me faz feliz.


03/08/2005

TESOURO DA JUVENTUDE

Acho que os escritores em começo de carreira, principalmente os jovens, têm um entusiasmo, uma paixão e uma certa ingenuidade romântica que se perdem com o tempo. Eu gostaria de manter isso, mas meu texto não amadureceria. Então acho que, com a idade, se ganha algo, mas se perde também.

Trecho da entrevista que concedi à revista "Quem", desta semana. Saiu uma matéria interessante sobre "jovens escritores", assinada por Lígia Mesquita. Gostei bastante da minha foto (clicada no meu apartamento, pelo Rogério Albuquerque). Os outros autores que estão lá são Chico Mattoso, Clarah Averbuck, João Paulo Cuenca, Cecília Gianetti, Antônia Pellegrino e Antonio Prata; basicamente os autores com menos de 30 anos que mais saem na mídia. De qualquer forma, acho que foi uma boa seleção, com vários tipos de escrita, muita coisa boa. Eu incluiria ainda outros autores que não tem tanta exposição, mas sei que alguns deles nem gostariam de aparecer na Quem. Cada uma na sua, mas com alguma coisa em comum.

Acredito mesmo no que eu disse, que com a idade se perde algo. É senso comum dizer que o escritor se torna cada vez melhor com a idade, mas nem sempre isso é verdade. Acho que depende muito do tipo de escrita. O Thomas Mann, por exemplo, que é um dos meus favoritos, foi ficando cada vez mais cerebral com a idade e perdendo muito da sua beleza. O Caio Fernando Abreu, ao meu ver, teve sua melhor fase entre os 30 e os 40 anos. Também prefiro as coisas mais antigas da Lygia, do Noll, do Morávia (é, acho que do Morávia principalmente), até do Stephen King (que é impossível de se ler hoje em dia). Isso sem falar em todos os românticos que morreram jovens, ou em outros que pararam de escrever, como Raduan Nassar e Rimbaud.

Obviamente que todos nós, "jovens escritores", queremos que o tempo venha a nosso favor. Eu espero progredir muito, ter meu auge literário no final da vida (seja lá quando isso for), mas não posso ter certeza de que acontecerá assim.

Nessa matéria, Chico Mattoso (que é ótimo escritor) também vem com aquela de que "o tempo dirá se nossa literatura é boa". Não acho que isso seja exatamente verdade. Inclusive já discuti com o Ignácio de Loyola Brandão sobre isso, num debate no Itaú Cultural. O tempo pode apagar grandes escritores que não tiveram chance de aparecer. Ou mesmo desaparecer com escritores que sofrem algum tipo de desgraça, pelo acaso ou pela mídia. Ou desaparecer com escritores talentosos e consagrados que, por alguma eventualidade, não tiverem um bom resgate de suas obras. Tão pouca gente hoje conhece o Lúcio Cardoso, ou o Saki, ou James Baldwin, ou o Macedo Miranda (que eu fui conhecer pelo Lu Gastão), fora outros que a gente só pode suspeitar que existiram, porque foram perdidos para sempre.

Enfim, quem pode dizer se nossa literatura é boa é quem lê. Hoje, ontem e no futuro.

(Ah, e é bom lembrar: meu blog é blog, bem diferente da minha literatura)

02/08/2005

FILME TRISTE PRA QUEM COME ALPISTE

Fui ver "Sin City". É lindo, lindíssimo. Todo aquele preto e branco contrastado, aquele enquadramento de quadrinhos... (ei, Ana Paula Maia, se não viu, veja, você vai adorar). Eu nunca tinha lido as revistinhas do Frank Miller, mas o filme eu gostei bastante. E acho um filme importante. Diferente. Que acrescenta tanto à arte cinematografia quanto "Dogville", embora sejam filmes totalmente diferentes. É difícil encontrar filmes que acrescentem tanto.

Falando em fílme, graças a Deus pararam de me pergunta sobre o filme do "Feriado". Por mais que eu não seja a Sandy, depois de um razoável número de entrevistas você se cansa de responder a determinadas perguntas como "Que autores você lê", "quando você começou a escrever" e "quando sairá o filme de 'Feriado de Mim Mesmo'". Atualmente, acho que o filme não sairá JAMAIS. Cinema brasileiro, baby. Eu fiz o roteiro para a Eliane Caffé, que é uma pessoa excelente. Começamos a captar recursos. Mas atualmente ela conseguiu recursos para rodar outro filme e está entretida nisso e nem temos mais contrato. Ficamos de rever, sei lá quando. Talvez o filme aconteça no futuro, talvez com outro diretor, não sei. Eu, sinceralmente não me preocupo muito com isso, não tenho grandes tesões em ter um livro meu adaptato para o cinema, sério. Seria interessante financeiramente e para projetar meu nome, mas confesso que tenho um pouco de ciúmes de uma história minha ficar nas mãos de outra pessoa. De ler "Feriado de Eliane Caffé", e não de mim mesmo. Enfim. Será bom se rolar, mas também estou sossegado enquanto não rola.

Também já me procuraram para fazer o roteiro de "Olívio" para o cinema, mais de uma pessoa, mas até agora não fechei nada. O que eu acharia mais interessante, talvez, seria ver um texto de "A Morte Sem Nome" para o teatro. Imagine a Bete Coelho como Lorena? Mas eu não presto para dramaturgia...

O que me dá tesão mesmo é escrever livros, como sempre digo.

Bem, bem, dei uma entrevista pro Thiago Cau falando sobre tudo isso, cinema, literatura e projetos futuros. Na verade, eu nem me lembrava dessa entrevista, acho que já faz um tempo ou fiz quando estava sonâmbulo. Mas li agora as respostas e parece que fui eu mesmo que respondi, ehehe. Dá pra ler inteira no blog dele: http://fundodagaveta.blogspot.com/

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...