27/02/2007

DÔO MEU RIM... POR UM CORAÇÃO QUE PALPITE POR MIM

Se o horário de verão não tivesse acabado, talvez eu tivesse mais disposição e energia e até quisesse lançar um livro novo este ano. Mas como o inverno já reina em meu coração, prefiro manter-me trancadinho, escondidinho, recarregando as baterias (e a conta bancária), escrevendo, trabalhando, sem ter de me preocupar com tudo o que eu acho que meus filhos - Lorena, Thomas, Miguel, Victório - merecem ter.

Honestamente, tem sido um alívio ter me planejado para lançar novo romance apenas no final de 2008. Só assim consigo colocar a casa (e a cabeça) em ordem.

Bem... ao menos a casa. Os pedreiros já estão vindo aqui, quebrando todo o meu banheiro (sim, de novo) e tirando minha cabeça de lugar, só pelo estrondo. Mas é necessário, Santiago, é necessário...

(Não, eu não posso dizer que nenhum deles é pitéu)

De trabalho, quer mesmo saber? Terminei de traduzir um romance, estou traduzindo mais dois, para Record e Nova Fronteira. Também estou fazendo textos para fascículos da Planeta e a tradução de um filme técnico, para um evento específico.


Caio Vecchio está começando as filmagens de seu primeiro longa metragem, "Um Homem Qualquer", pela Encruzilhada Filmes. Apesar de eu ter chegado nos 45 do segundo tempo, este é o primeiro roteiro que eu participo que começa a ser rodado. Todo o argumento é do Caio, e ele também desenvolveu o roteiro sozinho. Mas no final do ano passado me pediu para dar uma colaboração, e acabei assinando o roteiro com ele.

Não sei exatamente quanto do filme já pode ser divulgado, mas como várias pessoas já leram o roteiro e vieram comentar comigo, divulgo por aqui. É uma tragicomédia existencial urbana (bah, quanto rótulo que não quer dizer nada...) de um homem contestando os poderes estabelecidos: religião, amor, política, relações sociais...

Agora, não me perguntem quando vai às telas, que nem eles sabem ainda, muito menos eu.

Além disso tudo, estou trabalhando em mais dois roteiros (um com argumento meu, outro que também só estou dando uma ajeitada final), além de ter projetos parados (como o argumento de "Maria Quitéria", que fiz com a Beth Goulart e o roteiro de "Feriado de Mim Mesmo", que parece que nunca vai ser viabilizado...).

Com Marcelino Freire, estou fechando (finalmente) a antologia de contos gays (e lésbicos) - "Para se Ler Fora do Armário" - só com autores BALA. Essa sai em outubro, pela Record. Deve ter um conto inédito meu lá também.

E o romance novo vai bem, ótimo, lentamente. Sim, encontro tempo, o meu tempo. Mas não vou falar nada sobre ele, porque é muito cedo. Só já disse que é baseado na mitologia do He-man...

E como não perco tempo com amor, nem sexo, nem amizades descompromissadas, ainda tenho tempo para ir ao cinema! E para ver coisas ruins! Veja só, como o individualismo extremo (opa, não confunda com egoísmo) compensa:

Hoje assisti "Turistas", aquele filme de terror americano passado inteiramente no Brasil. Achei melhor do que eu esperava... Sinceramente, achei o Brasil muito bem retratado no filme, as situações, os lugares, até as músicas que o povo dança (Funk e Marcelo D2) são verossímeis. Mas o mais chocante é constatar como o filme conseguiu retrar um Brasil MELHOR do que a vida real...


Sim, porque a história é sobre um grupo de gringos que fazem turismos pelas praias brasileiras, acaba se perdendo e encontra um psicopata que rouba órgãos de estrangeiros para ajudar os doentes brazucas. Sendo os gringos todos bonitões, andando cheios da grana e "confraternizando com os nativos" nas maiores espeluncas, me pergunto se eles não seriam roubados, seqüestrados, assassinados e as mulheres estupradas ANTES de encontrarem um psicopata bem-intencionado...


Além do mais, TODOS os Brasileiros do filme demonstram certa solidariedade, desde o psicopata (que só mata por fins humanitários e patrióticos) até seus ajudantes e os outros figurantes, que em algum momento acabam dando uma mãozinha para os gringos.


E a Embratur ainda tem coragem de dizer que um filme desses queima a imagem do Brasil lá fora? É melhor o quê, mostrar a violência das favelas cariocas?


Mas isso não quer dizer que eu tenha gostado do filme... infelizmente. O problema do filme é justamente esse, é um filme bunda-mole. Até os maus são meio bonzinhos, não há grande climax e no final acaba virando mais um filme de ação meia-boca - com índio correndo de metralhadora na selva - do que um filme de terror.


Se quer filmes de turismo macabro, assista "Viagem Maldita" e "Massacre da Serra Elétrica" (passados nos Eua), "Wolf Creek" (passado na Austrália) ou "Hostel" (República Tcheca, é isso?).

Para acompanhar os horrores dos psicóticos brasileiros, é melhor ler os jornais...






(Eu, embebedando umas gringas em Floripa para roubar suas tattoos)

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...