04/12/2009

MOMENTO QUEER

O filme dos irmãos gays apaixonados desde a infância.


Fui ver Do Começo ao Fim. Não gostei. Entendo a proposta "comercial de margarina", com todos lindos, ricos e sem conflitos; acho que cumpriu a proposta; acho até bacana que se faça esse tipo de filme no Brasil; mas eu não gostei.

Primeiro porque essa idéia de um mundo hiper-idealizado, irreal, soa bacana em teoria, mas na prática rende apenas um filme piegas. É uma água com açúcar só, uma sessão da tarde para o público gay. Talvez se eles tivessem carregado um pouco mais na dose (de idealização), pudesse se tornar interessante, não sei. Na primeira cena em que Julia Lemmertz aparece, para abraçar os filhos pequenos em câmera lenta, até fiquei na dúvida se o filme não era uma sátira.

Depois porque eu acho que o grande atrativo do filme está aí, para o público, gay, uma relação bonita entre dois homens lindos, mas como eles não me apetecem, o filme não me fisgou. (O loirinho até que é meu naipe, mas acho broxante essa coisa de gay masculino...)

Dizer que o filme discute algo além, que poderia ser qualquer outro tabu é uma besteira. O filme não discute nada (até porque não tem conflito, todo mundo aceita a relação). Mas ainda acho válido. Fui ver no Frei Caneca (aqui do lado de casa) e obviamente só tinha gays na sala. Acho que muitos gostaram, acharam bonitinho, e não acho que tudo precisa ter profundidade, drama e sangue; só que a mim não pegou.

A peça do casal gay discutindo a relação.

Quase num extremo-oposto está a peça do querido Duilio Ferronato, Se Você me Amasse, em cartaz no Satyros 1 (quartas e quintas, 23h). Mostra uma relação gay já desgastada, cheia de crises e inseguranças, passando por uma metalinguagem cínica. É uma ótima crônica dos relacionamentos gays, bem realista, mas um tanto amarga e agressiva com a platéia (ainda que não interativa, felizmente). Gosto do texto, gosto do Chico Ribas (um dos atores), mas não entendo o que o Duilio quis provocar no público, além de uma identificação constrangida.

Mas os meninos são bem bonitinhos...


Talvez minha conclusão final sobre as duas obras seja que eu não gostei do filme, mas acho legal existir; e gostei da peça, mas acho que não precisava...

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...