12/03/2010

NÃO VÁ PELO CAMINHO DA FLORESTA...

Minha casa.

Dia desses, noite dessas - 1 da manhã - estava escrevendo e resolvi dar um pulo até a praia. Perigo? Se vou morar aqui, é pra isso - não passei incólume por sete anos no baixo-augusta? Me lembrei que a dona da pousada me disse que o caminho pela rua de baixo era mais rápido, e fui seguindo, seguindo, seguindo...


Errei o atalho. Andei quase uma hora por uma estrada que não dava em nada, só cortava uma floresta com corujas, cigarras, cadáveres... Nem carro passava.


É num lugar assim que eu quero morar.


Então achei. Depois de uma semana de peregrinação por Florianópolis, encontrei minha casinha. Fui vacilando da Barra para a Lagoa, da Lagoa para a Barra, pensando que eu devia morar ao menos perto de um caixa eletrônico, de um quiosque do Bobs, mas... afinal, prefiro morar perto de um caixa eletrônico ou do mar? Fiz a minha escolha. Longe da civilização.


"Você é escritor? Olha, aqui maconha é droga..."- me disse um simpático proprietário. Nem todos foram com minha fuça. Ou com minhas tatuagens. Mas uma senhorinha hospitaleira me alugou por um ano um apartamento enorme ao lado da praia - dois quartos, todo mobiliado, varanda, um histórico de suicídios...

Segunda já estou lá. Volto a SP só para fazer malas, desatarrachar lâmpadas e fechar as comportas.


Não será uma mudança definitiva ou radical - manterei três patas aqui em Floripa, uma em SP. Meu apartamento lá ficará montado, mobiliado, operacional, para sempre que eu precisar. Mas a idéia é ir o mínimo possível. Ainda que seja uma idéia ousada manter duas casas, é menos corajosa do que uma mudança definitiva, deixar uma vida toda para trás - mas agora minha vida já está sedimentada e não posso mais brincar de "cidade nova, carreira nova."


Dos amigos próximos, ninguém ficou muito entusiasmado com a idéia. Acho que não foi questão de inveja nem saudades - talvez eles tenham necessidade de uma hiper-urbanidade que eu já carrego comigo. Não há ser mais urbano do que eu, não há alguém mais paulistano. Agora pós-urbano, eu diria, não preciso mais estar em São Paulo... ao menos não o tempo todo. Posso fazer todos meus trabalhos por aqui. A cidade não tem mais nada a me ensinar. Não preciso mais desse imperativo constante de "SCORE!" "SCORE!" ou ao menos preciso (e posso) dar um tempo. Este é o momento.

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...