27/05/2010

OS FAMOSOS DUENDES

"Os Famosos e os Duendes da Morte"


Finalmente consegui assistir ao longa de estréia do queridíssimo Esmir Filho. Acompanho seu trabalho há tempos, fui nas seções de seus curtas e o entrevistei no meu falecido programa de web-rádio (Le Kitsch C’est Chic). Mas consegui perder todas as pré-estréias do filme ano passado, e este ano quando estreou eu já havia mudado para o sul, sem possibilidades de assistir. Felizmente o filme teve uma temporada longa e eu ainda consegui pegar um horariozinho de despedida, num rápido pulo que dou em São Paulo.

Esqueça o título (porque eu não vou tentar explicar), o longa mostra o cotidiano de um adolescente no interior do Rio Grande do Sul, com o existencialismo sofrido da idade sublinhado por sua falta de perspectiva local e uma inadequação ideológica, tudo num clima onírico e, por vezes, lúgubre.

O filme é lindo, com uma exuberância plástica que eu já esperava do Esmir Filho. Mas não só isso, os diálogos naturalistas, a excelente direção dos atores (não profissionais, escolhidos na própria cidade, Lageado) e toda a ambientação criam um filme raro, com uma personalidade própria – e que já aponta uma personalidade sólida na obra do Esmir.

Na verdade, o virtuosismo estético é o que acaba pesando – levando por vezes a um tom de cinema-new-age-folk bastante etéreo e cansativo. A parte "objetiva" do filme vem para dar um respiro e contar de fato uma história, mais poética do que os momentos de simbolismo discutivel.


O roteiro é de Ismael Caneppele (também velho conhecido), que tem um papel metafórico no filme, e agora lança a história em livro. Bobagem dizer que é um retrato da juventude de hoje (ou da juventude “emo” – apesar do protagonista, Henrique Larré, ser a cara do Di, do NX Zero! Haha, só eu achei?) ou mesmo da relação da juventude com a internet (como eu vi dizerem por aí), é um filme que fala da inadequação (e da latência) atemporal da adolescência, da fermentação (homo) sexual, e que talvez use ferramentas e estética da adolescência de hoje, mas isso acaba sendo apenas um detalhe técnico no filme; Esmir e Ismael afinal são jovens da minha geração.

E é lindo ver esse novo respiro, essas novas alternativas, um cinema brasileiro realmente novo, a minha geração finalmente chegando ao poder.

Gostei bem.

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