18/04/2012

O QUE TEM LIDO?

Michel Laub.


Comecei este mês uma coluna mensal na revista de literatura Metáfora (http://www.revistametafora.com.br/). É um bate-papo soltinho, coloquial, sobre o que as pessoas estão lendo. Para a revista, o bate-papo deverá ser primordialmente com escritores, mas a coluna se desdobrará semanalmente (todas as quartas-feiras) aqui no meu blog, com todo tipo de gente. A intenção é não apenas saber o que as pessoas estão lendo, e dar dicas de leitura, mas seguir com discussões paralelas ao tema do livro, da leitura ou da literatura em geral.

Comecei esse projeto com o grande e querido Michel Laub (http://michellaub.wordpress.com/). Já foi publicado na revista. Reproduzo abaixo.

Quarta que vem tem outro. E assim eu movimento um pouco mais esta bagaça.


Nazarian: E aí, Laub, o tem lido?

Laub: O último foi “Viagem ao Fim da Noite”, do Céline acabei semana passada, estava para ler há anos.

Nazarian: E valeu a pena toda essa espera?

Laub: Sim, muito; além de tudo, é um livro engraçado, coisa que eu não esperava

Nazarian:Por que levou tanto tempo para ler?

Laub: Não tinha tempo ou não lembrava. E leio cada vez menos esses clássicos, acabo lendo muito lançamento e coisas de trabalho

Nazarian:Ah, essa é a praga dos escritores contemporâneos...

Laub: É difícil parar tudo e ter concentração para pegar um clássico e ficar lendo só isso durante um mês; é uma praga mesmo. Fora o tempo para escrever, coisa que às vezes não combina com leitura, em especial a leitura de clássicos.

Nazarian: Hum, você acha? Para mim isso não compete. Tipo, ler só ajuda para escrever, nas épocas que mais leio, é quando mais escrevo...

Laub: Eu também; mas em geral com um outro tipo de texto, uns pedaços de livros aqui e ali, muita coisa ruim, inclusive, mas que por algum motivo me ajuda

Nazarian: E o livro do Céline, entrou na categoria "livros da minha vida"?

Laub: Sim, é muito bom mesmo e muito moderno; ou contemporâneo (poderia ter sido escrito agora) o que é raro em clássicos.

Nazarian: E raro também a gente encontrar hoje em dia "livros da vida", não? Parece que eles ficaram todos na adolescência ou começo da nossa vida adulta...

Laub: Sim, de ficção mesmo, é um a cada dois, três anos.

Nazarian: Uau. Você tem mais sorte do que eu. Haha

Laub: Não-ficção é mais fácil, depende mais do tema, nem precisa ser bem escrito, basta ter informação.

Nazarian: Bacana.

Laub: Mas talvez não seja a categoria “livro da minha vida”, talvez nem o Céline esteja nela. É só aquela coisa de dizer, pqp, que foda é este cara, o que é muito raro. Mas este ano eu até que estou com sorte.

“Viagem ao Fim da Noite” , do francês Louis-Ferdinand Céline, foi publicado originalmente em 1933, como uma crítica à sua época, e foi considerado um romance maldito. A Cia das Letras lançou no Brasil uma edição de bolso da obra.


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