03/12/2013


OPINIÕES CRÔNICAS


Acho um grande equívoco esperar que o escritor seja necessariamente o grande cronista da atualidade, que tenha sempre uma opinião enriquecedora sobre tudo o que é assunto, e mesmo que tenha valores enaltecedores. Eu falo muita bobagem, tenho valores discutíveis e uma visão bem negativa da vida. Quando me solicitam como cronista, geralmente apostam num lado polêmico, esperam que eu contradiga as opiniões estabelecidas; já exercitei esse lado diversas vezes, com resultados que variaram do divertido ao sofrível.

Há escritores com esse talento de cronista, mas não é um pré-requisito para ser um grande autor. Eu exercito... como exercício. Mas sou, acima de tudo, um ficcionista, e gostaria mais de ser lembrado por isso, mais do que por minhas opiniões contraditórias, mais do que pelos meus textos de blog - que afinal nunca tiveram pretensão de ser nada além de "textos de blog".

Já colaborei com diversos veículos. Atualmente tenho feito resenhas esporádicas para a Folha de São Paulo. Mas o que eu mais gostaria era de ter uma coluna fixa de ficção, em algum veículo que me desse liberdade, onde eu pudesse exercitar tramas, enredos e personagens.

Prefiro discutir ideais, pontos de vista e valores através de personagens. Não preciso expor necessariamente o que eu acredito, até porque na maioria das vezes não tenho certeza de nada e acho mais interessante trabalhar com possibilidades do que com verdades. 

Andei pensando sobre isso recentemente, por estarmos nessa onda de apedrejamentos. Em que cada opinião discordada leva ao linchamento virtual. Em que julgam um autor, um ator, ou um cantor pelas bobagens que ele diz - não pelo trabalho que efetivamente realiza. Vide a polêmica das biografias, frases infelizes do Herchcovitch, recentemente o texto da Tati Bernardi na Folha (em que eu SIM, concordo com quase tudo).

E claro, este é um texto de opinião, e é um texto discutível. Está no blog porque para mim o blog é para isso - para fazer o que eu não faria profissionalmente, o que eu faço de graça, espontaneamente, sem grandes preocupações, trabalho ou compromisso. Nem sei mesmo se acredito em tudo isso.


(PS- Estou em Guadalajara, na Feira Literária. Depois dos percalços da vinda - em que levei 34 horas para chegar de São Paulo até aqui - deu tudo certo e está tudo lindo. No próximo post dou a cobertura completa, com fotos.)





TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...