03/07/2015

POLEMICUZINHO

Esta semana, circulando pelas bibliotecas periféricas de SP. 

Nunca procurei ser polêmico. Tenho preguiça. Já faço um esforço tremendo para me levantar da cama todos os dias, então não tenho energia para haters, frustrados e fiscais. Mas não sou hipócrita. Acho que é importante se posicionar sobre assuntos importantes. E hoje em dia qualquer um que tenha opinião – e que a expresse nas redes sociais - está sujeito a ser o crucificado do dia.

Semana passada foi uma piadinha. Uma brincadeira com aquela velha máxima de “não tenho nada contra os gays, mas...”,  invertendo o lado da moeda e pegando um traço discutível de tribo urbana coxinha, a qual qualquer um (inclusive eu) pode pertencer, vez ou outra na vida.



A imensa maioria dos comentários foi divertida, solidária. Mas não pude escapar de um ou outro fiscal:


O que me levou a uma resposta irônica:


E tudo me levou a pensar em como estamos em clima de guerra. Ou se fica em cima do muro em tudo, ou se está sujeito a levar pedrada, porque todo mundo se acha fiscal. Ironia e sarcasmo não existem (ou têm de ser explicados, justificados). O grande gênio hoje é um demente amanhã porque comeu o prato errado (no caso, um foie gras).

Mas a guerrilha não fica só nas redes sociais. Esta semana rodei por bibliotecas periféricas de São Paulo, para uma série de debates promovidos pela prefeitura, na maior parte das vezes sem público algum. Não foi totalmente em vão - além de poder conversar com as bibliotecárias, saber mais sobre a situação dessas instituições, circulei por uma São Paulo que eu não conhecia. E numa dessas viagens aconteceu isso:



Nem aí escapei da patrulha:



Então hoje acordo e vejo na minha timeline uma "amiga" compartilhando bolsonarices a favor da minoridade penal e atacando Jean Wyllys. Fui dar uma olhada em quem era. Encontro uma foto da capa do livro que ela publicou - que é uma avalanche de equívocos, desde título, foto, fonte, leitura, arte, proposta... não dá nem para começar a explicar o erro (e desculpa, não vou compartilhar aqui, mas imagine o pior). Compartilhei a foto da capa no FB, sem nenhum julgamento objetivo, deixando apenas claro que "este é o livro de alguém que defende o Bolsonaro."

Foi maldade. E certa covardia.  Porque no meu mural majoritariamente "esquerdista" e literário, é claro que a menina seria apedrejada. Estava jogando para os lobos. O povo até que foi bem humorado - porque também a capa do livro não dava para levar a sério - mas que rolou um bullying coletivo, rolou. Me arrependi e apaguei o post. Postei no lugar isso aqui:


Novamente muitos me apoiaram. A própria menina se manifestou dizendo que tinha muito orgulho do livro e continuando a discussão, expondo seu nome e livro (e eu tentando salvar a barra delaaaaaa...) de certa forma parecendo curtir a luz que a "polêmica" deu ao livro. Então me arrependi de ter me arrependido.

A mim parece que uma guerra civil está eclodindo. É o que a intolerância, a ignorância, a crise e a burrice estão gestando. Este post é também uma maneira de eu registrar essa discussão de uma forma um pouco menos fugidia do que o Facebook. Também precisamos conservar nossos meios de reflexão e memória, enquanto tudo desaba...

Pelo menos o debate de hoje, na Biblioteca Mario Schenberg, foi massa. E o primeiro que fui de galochas!

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...