13/05/2016

OS 39


Enquanto o país desabava lá fora, passeávamos no zoológico.

Ontem fiz 39 anos e, como não fui viajar, decidi passar um dia de turista na minha própria cidade. Murilo estava livre e me acompanhou ao zoológico, que eu não visitava há quase trinta anos.

É um passeio um pouco triste, os bichos presos, um espaço absurdamente pequeno para jacarés, para grandes felinos. Só não chega a ser melancólico pelo grito incessante das excursões escolares. E as crianças ainda pararam o Murilo para fotos.

Na volta, fomos almoçar na Casa Garabed, lendário restaurante armênio em Santana, que devido à localização eu nunca tinha ido. É longe. E, para quem não mora na região, não sei se vale a viagem.

Brindando com arak. 

O carro chefe da casa são as esfihas, assadas na hora em forno à lenha, a preços salgados entre R$9 e R$13 (isso, a UNIDADE), que achei apenas ok. Pessoalmente eu prefiro as de massa macia às crocantes de lá. E os recheios de cordeiro e de bastrmá não se diferenciam muito das de carne convencional.

Já o homus e o kibe cru foram dos melhores que comi na vida, acompanhados de pães quentinhos também assados na  hora.

O ambiente é aquela coisa, basicamente um salão de espera de uma pizzaria. Já esperava algo "rústico", mas como o restaurante armênio mais conhecido de São Paulo não dava para ao menos colocar um retratinho do monte Ararat na parede? Tocar músicas típicas? Colocar um retrato das KARDASHIAN que fosse? É uma parede de azulejos sem referência alguma ao país dos meus antepassados.

(Vale lembrar que o que se come hoje na Armênia tem pouco a ver com essa culinária libanesa - que remete mais à antiga Armênia Ocidental. A culinária que encontrei ano passado em Erevan remete mais à herança soviética e do Cáucaso.)

O serviço também. Eu ainda esperava algo romântico com um velho proprietário armênio nos recebendo, perguntando de quem eu era neto, mas nada. Fomos atendidos pelos funcionários jovenzinhos-nordestinos num serviço eficiente e nada intimista.

Enfim, valeu pelo passeio, a comida, mas, pela distância, o ambiente e o preço, não compensa. E preciso dizer que Murilo… vomitou ao chegar em casa. Não sei do que foi, porque eu comi as mesmas coisas e não tive nada. De repente foi uma virose.

(Murilo voltou antes para casa, enquanto eu estava no mercado. Quando cheguei, toquei, toquei campainha e ele pedindo para eu esperar. Estava crente que ele estava decorando a casa, preparando a festa, mas era vômito mesmo.)

Meu aniversário terminou aqui em casa, só eu a coelha e o Murilo. Ele mesmo preparou um bolo lindo para mim, fizemos drinques de Stolichnaya e vimos filmes de terror de gosto discutível.


O bolo do Murilo. 


Daí acordei na sexta-feira 13 com os horrores desse novo país...






TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...