15/08/2017

LEVE NEVE

Com minha herdeira, a Trevosinha Valentina. 

Lançamento ontem em São Paulo. São Paulo é o que conta - é minha casa, minha base, daqui que espero que tudo saia. E lançamento depende sempre disso mesmo: base, família, amigos. Lançamento é feito disso. A gente sempre pode se arriscar em outras cidades ("a gente pode até penetrar uma moradora local"), mas dentro de outros eventos, festivais, lugares em que a gente esteja participando/ganhando como palestrante, e toda venda seja lucro. Para reservar uma livraria, sentar numa cadeira, ficar esperando para autografar, tem de ser lugar com uma bela base, como aqui. 

Xerxenesky e Tati Bernardi, gostosos pra cacete. 

Lançamento é um evento chato, vamos combinar. A gente vê uma porrada de gente, mas não tem tempo para conversar. Quem vai pega fila, paga pelo livro, e se consegue uma tacinha de vinho é muito. Eu não iria ao lançamento de um escritor que (admiro mas) não conheço. Talvez nesse mundo de escritores funcione como um networking, sei lá. Prefiro sentar para assistir a um debate. 

Ilana Casoy aqui é musa. 

Dito isso, o lançamento de ontem foi lindo. Cheio, mas não lotado, pude conversar brevemente com queridos que só conhecia virtualmente, e queridos que há muito não via. Também lindo contar com o prestígio de escritores que tanto admiro, das mais diversas estirpes: João Silvério Trevisan, Marçal Aquino, Tati Bernardi, Antônio Xerxenesky, Ilana Casoy, Luiz Fernando Emediato, Marcelo Maluf, Reynaldo Damazio, Ricardo Ramos Filho, Cláudio Brittes, Santana Filho...


Trevisan é mito. 

Pra mim foi na medida. Porque senti o carinho genuíno de todo mundo que estava lá - já tive lançamentos bem mais concorridos, em que tudo era meio um deslumbre por um hype passageiro -, e também lançamentos às moscas, em períodos de baixas.

Assim, com minha alma nostálgica, fiquei pensando nos diversos modelos que experimentei, nos lançamentos aqui de São Paulo, onde tenho o maior público. E meu saldo é esse: 

Envergonhando a sociedade paulistana. 

Olívio (2003):
O lançamento foi dentro da cerimônia do Prêmio Fundação Conrado Wessel, que ganhei com o livro, no Museu da Casa Brasileira. Foi uma solenidade com um belo coquetel, a presença de convidados coxinhas de outros premiados, e uns moleques sujos que convidei. Comecei bem. 

A Morte Sem Nome (2004): Foi na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Arrisco dizer que foi meu menor público. Nem fotografei, mal me lembro... sério. 

Lancei com minha mãe (no centro) - e chocado mais do que tudo com o cabelo 90´s dela.

Feriado de Mim Mesmo (2005): Na Livraria da Vila da Casa do Saber. Minha mãe também estava publicando o primeiro livro dela, e fizemos um lançamento conjunto. O público rico dela garantiu a venda do meu. 

Foi um evento tão cheio e o fotógrafo tão lesado que só tenho fotos assim. 

Mastigando Humanos (2006): Esse foi um super lançamento, em que pude servir um coquetel de carne de jacaré com garçons modelos (sério) e presença de mega-super-sub-celebridades. Era o hype do Programa do Jô e derivados. Aconteceu na Livraria da Vila da Fradique e teve até protesto de gente surtada, por causa da carne de jacaré... Nada que parasse o fluxo, só um leve entupimento das vias. 

Dá um google que tem uma porrada de fotos desse dia. 

O Prédio, o Tédio e o Menino Cego (2009): Foi um lançamento-balada, no extinto Volt. Bombou. Saiu em TODAS as colunas sociais (digo Folha e Estado e Vogue RG e Glamurama). Quem comprava ganhava o drinque exclusivo do livro... Mas o livro foi meu maior fracasso... Quem bebeu teve a vida amaldiçoada.  


Com meu tio Eduardo Nazarian, e chapeuzinho de festa, no Porno.
Pornofantasma (2011): Fiz um lançamento convencional na Livraria da Vila da Lorena, e foi mais ou menos como o de ontem. Cheio, mas sem grandes acontecimentos. Era também meu aniversário, então coloquei um chapeuzinho e ganhei alguns presentes. Nada mal para um livro de contos.

Só lembro do Arthur no Garotos Malditos, e mais ninguém. 

Garotos Malditos (2012): O pior de todos, se é que posso chamar isso de um lançamento. Foi dentro da Bienal do Livro de São Paulo, numa manhã de domingo, aproveitando uma mesa que eu ia participar. Achei que não era justo eu fazer um evento exclusivo para obrigar os amigos a comprar um livro juvenil. Não obriguei, ninguém foi. Se vendi meia dúzia foi muito... (sério), mas, hey, só o patrocínio da Petrobrás que ganhei pra esse livro pagou minha viagem para o Japão. 

Voltando aos eixos. 

BIOFOBIA (2014): Foi ok. Lançamento novamente na Livraria da Vila da Lorena (único lugar em que fiz duas vezes...), teve bons amigos, presenças ilustres como a diva Marina Lima, mas para todo o empenho que tive de trailer, divulgação, foi meio que decepcionante. 

Sou fã. 


Assim, para completar a avaliação de hoje, digo que a Blooks tem um espaço bem bacana para lançamentos de médio porte. Quase certo que estavam servindo apenas não-alcoólicos - meio vergonhoso não servirem nem um vinho branco. Mas eu também não me empenhei em fazer um EVENTO, porque você vê pelo histórico que a espuma não compensa. 

Próximo lançamento é dia 06/09, na Bienal do Rio. Aqui em São Paulo, só daqui a uns três anos, no livro novo, se o universo se sustentar até lá. 

Valeu a todos que foram, que mandaram mensagem, todo o carinho. Agora leiam, gostem, divulguem. 





TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...