15/11/2024
13/11/2024
VEADO EM INGLÊS
Temos o Veado em inglês! Há cerca de um ano, traduzi para a Companhia tentar vender lá fora, sem grande sucesso. Então encomendei essa capa fodona para meu irmãozinho, parceiro de longa data, Alexandre Matos e joguei na Amazon. Já está disponível lá, tanto para Kindle quanto impresso. (O impresso só é vendido pelas Amazons de fora, então fica bem carinho com o frete. De qualquer forma, devo receber uma remessa em breve e vejo o preço camarada que consigo, para quem quiser.) Não é uma GRAAANDE conquista, mas não deixa de ser um orgulho, estar conseguindo traduzir minha própria obra e jogar para o mundo. Há anos que faço isso para livros dos outros - já traduzi obras do Ziraldo, da Fernanda Emediato, do Raphael Montes - e tava devendo a mim mesmo. Essa tradução teve desafios específicos, a começar por toda a discussão sobre veado-viado, o bicho, a bicha, que só o próprio autor teria tanta liberdade para adaptar (Renato virou Rudolph, para começar). E assim vamos seguindo; o importante é continuar fazendo, o importante é fazer com prazer, porque os frutos são sempre discutíveis...
(Link para compra: https://www.amazon.com/-/ )
11/11/2024
AINDA ESTOU AQUI
Fui ver um dos filmes mais comentados atualmente.
29/10/2024
OS MELHORES FILMES DE TERROR DE 2024
Hora da minha tradicional lista de Halloween, dos melhores
filmes de terror do ano (até aqui).
2024 foi um belo ano pro terror, hein? Acho que a
consolidação dos streamings fortaleceu o gênero, que rendeu não só podreiras,
mas muita coisa mais consistente e reflexiva.
A misoginia foi um tema forte este ano, com histórias de
mulheres, estreladas por mulheres, dirigidas por mulheres, invertendo muitas
vezes a lógica da “final girl”. Outra tendência foi filmes ultraviolentos,
o fim da censura ao gore. Os estúdios perceberam que a classificação
indicativa não era mais uma barreira para o filme repercutir – vide Terrifier 3,
A Substância e até Beetlejuice, que teve uma classificação indicativa de 14
anos e investiu muito mais em nojeiras gráficas do que o filme original. Acho
que isso é consequência de a bilheteria do cinema não ser mais a única
possibilidade, pela força que ganharam os streamings.
Porém, a tendência mais ATERRORIZANTE do ano foi o fortalecimento da dublagem. Puta merda, cada vez menos sessões com áudio original nos cinemas. Já falei horrores de como a dublagem é um empobrecimento - e sei BEM do que estou falando, já fiz muita tradução pra dublagem. Mas essa é outra conversa...
Então vamos lá. Teve tanta coisa boa que este ano minha lista tem VINTE títulos. Gostei que tem dois ótimos nacionais. Deixei de fora alguns favoritos, como “Longlegs” (mais pretensioso do que qualquer coisa) e “Oddity”. Vários estão longe de serem perfeitos, mas são todos divertidos e trazem algo de novo. Segue a lista:
A SUBSTÂNCIA
Meio Retrato de Dorian Gray, meio episódio de Black Mirror,
com Demi Moore buscando a fonte da juventude, não tem muita lógica e até o
terceiro ato eu estava detestando. Mas o final do filme assume o grotesco e o
absurdo de uma forma, que se torna “O” body horror mais aflitivo que já vi.
ALIEN ROMULUS
A potência minimalista do original ainda é imbatível, mas
essa é uma ótima sequência, claustrofóbica, meio nojenta e com reflexões bem
pertinentes sobre ética em inteligência artificial.
TERRIFIER 3
Não concordo que seja o mais violento dos três – muitas mortes
são rápidas e off-screen. O palhaço Art também está um tanto descaracterizado, com
essa temática natalina. Mas ainda é um slasher divertido, ousado e muito
sangrento.
MADS
Terror francês de epidemia, contado num longo plano
sequência insano. Bad trip das boas.
IN A VIOLENT NATURE
Slasher com o argumento mais genérico possível: um monstrão
zumbi desperta numa reserva florestal e passa a matar geral. Toda a diferença
está na maneira em que é filmado: lento, silencioso, sem trilha sonora e com
longos planos sequência. Uma bela amostra de como a direção e a montagem fazem TODA a
diferença.
PISQUE DUAS VEZES
Duas garçonetes são convidadas a passar uns dias numa ilha
particular. Aos poucos vai surgindo um clima crescente de que algo não está
certo. Um mistura de “Corra” com um Midsommar dos bilionários.
NÃO SE MEXA
Thriller de serial killer perseguindo sua vítima por
florestas e estradas, mas daqueles raros em que não se baseia na imbecilidade da
vítima, que toma todas as atitudes que a gente tomaria (e ainda assim, dá
merda).
UMA FAMÍLIA FELIZ
Thriller nacional, com argumento e roteiro do Raphael
Montes, traz uma série de plot twists e surpresas e um clima macabro permanente
raramente visto por aqui. Bem bacana.
ABRAÇO DE MÃE
Um surpreendente terror cósmico nacional (co-produção com
Argentina), com Marjorie Estiano fazendo uma bombeira que vai atender uma
ocorrência num asilo aos pedaços e encontra uma estranha seita...
STOPMOTION
Tentando finalizar uma animação em stopmotion idealizada
pela mãe falecida – artista referência nessa arte – uma jovem vai pouco a pouco
surtando com as minúcias da produção e seus personagens macabros.
Estranhíssimo, mas ótimo.
IMACULADA
Esse e “A Primeira Profecia” trazem exatamente a mesma
sinopse: uma noviça gatinha vai para um convento na Itália e tem que enfrentar
um complô de padres e madres que querem gerar o anticristo. Só que esse é bem
melhor.
LA MESITA DEL COMEDOR
Terror tragicômico espanhol, rodado há alguns anos, que só
agora ganhou circulação. Traz uma sequência de acontecimentos catastróficos
para um pai que é deixado por poucos minutos cuidando do filho recém-nascido. É
tão pesado, tão bizarro que se torna uma comédia absurda com ares alegóricos.
SOB O SENA
Uma grata renovação nos filmes de tubarão, trazendo questões
ambientais, mar de plástico e uma ambientação em Paris às vésperas das
olimpíadas. Bem divertido.
WHAT YOU WISH FOR
Um chef de cozinha é contratado para trabalhar para um clube
seleto, que oferece jantares de luxo com pratos bem peculiares... Thriller
tenso e divertidíssimo.
LOWLIFES
Ótimo slasher que subverte o clichê de “caipiras
assassinos”, com uma família de Los Angeles passando uma noite numa remota
propriedade rural.
STRANGE DARLING
Um thriller fragmentado de serial killer perseguindo sua
vítima, cheio de twists e surpresas subvertendo as convenções do gênero. Bem
bom.
A GAROTA DA VEZ
Thriller baseado em fatos reais, de um serial killer que
participa de um programa de “Namoro na TV”. De forma fragmentada, intercala o
programa com assassinatos cometidos por ele. Mais uma interessante produção
sobre misoginia e feminicídio.
DADDY’S HEAD
NÃO SOLTE
Terror shyamalanesco (mas dirigido pelo grande Alejandre Aja)
de uma família isolada numa casa na floresta, temendo um mal que pode ser
imaginário. Bem bom.
BEETLEJUICE! BEEETLEJUICE!
Passa como terror? Bem, é mais terror do que o primeiro,
mais sombrio, tanto graficamente quanto na trama. Bem divertido (ainda que
bastante hiperbólico), um ótimo filme de Halloween.
23/10/2024
CÍCERO
Em Ouro Preto. |
Tristeza imensa pela
morte de Antonio Cícero, escritor, filósofo, poeta e um dos maiores letristas
do país. Era também das pessoas mais doces que conheci.
Entrevistei-o há uns vinte anos para a Joyce Pascowitch.
Ele marcou num restaurante japonês no Rio, caríssimo, e eu fui me perguntando
se a revista me reembolsava, se eu devia pedir só uma aguinha. Nem lembro do que
pedi, lembro que o papo foi ótimo e ele fez questão de pagar tudo. Depois
disso, nos encontramos em eventos literários, em bares, ele topou participar de
um proto-podcast que eu tinha no blog, nos tornamos amigos.
Num lançamento meu no Rio. |
Lembro bem de uma vez que voltamos juntos de um evento
literário em Ouro Preto, numa van, e o motorista tocava o pior sertanejo universitário
a todo volume. E eu pensando: “Tô com um dos maiores letristas do país do meu
lado e tenho que escutar isso...”
Com a irmã Marina, em São Paulo. |
(Vou fazer uma playlist com minhas letras favoritas dele.)
Fiquei feliz quando se tornou imortal, mas para mim ele já
era. E agora se une ao time dos lendários que tive o prazer de encontrar, junto
ao Noll, Jô, Millôr, Scliar, Guzik, Victor Heringer, Fernanda Young, Lygia, Ziraldo...
A carta que ele deixou: mais do que digno. |
18/09/2024
LEIA AUTORES SUICIDAS
Com Tom Farias, Renata Nakano e Flávio Moura, hoje na USP. |
Participei hoje de um debate promovido pelos alunos de jornalismo da USP, sobre revisionismo e censura nas obras literárias.
A censura é um tema que me aflige e tenho discutido muito nos últimos tempos, desde a matéria que escrevi em março para a Folha, mas é interessante analisar essa questão junto ao revisionismo - como autores como Monteiro Lobato, por exemplo, hoje são considerados racistas e podem ou não ter suas obras alteradas postumamente.
Tenho visto muitos autores fazendo isso ainda em vida - quando reveem obras lançadas quinze, vinte anos atrás, que não caem bem atualmente com pautas como feminismo, racismo ou identidade de gênero.
O que a gente esquece muitas vezes é que o livro é antes de tudo um produto do seu tempo, pensado como produto por uma empresa (editora); e ainda que possa sobreviver por décadas, isso é uma exceção. O livro é feito para ser vendido como um produto de sua época - se o texto não é pensado conscientemente assim, a capa, o projeto gráfico, os aparatos, até o título são. (Não à toa que talvez a capa de um livro seja o que envelhece primeiro, fica logo datada.)
Então é pertinente analisar o quê deve ser revisto para um livro sobreviver - se é só dar uma nova roupagem, uma nova capa, se é preciso atualizar a ortografia, ou se termos e passagens já não fazem mais (ou não fazem o mesmo) sentido. Quando isso vai pesando demais, talvez seja a prova de que o livro não sobreviveu de fato. Para que insistir?
Eu, como autor vivo (quase morto), acho mais interessante trazer algo novo, publicar algo novo do que ficar revisitando, reeditando minhas antigas obras. E acho importante a bandeira de "leia autores vivos" exatamente pelo caráter transitório do livro. Não é porque um livro é perecível, que ele é necessariamente descartável. Às vezes ele traz discussões e questões que são fundamentais naquele momento, mas que deixam de fazer sentido com o tempo.
Então, antes de pensar em revisionismo, pense em ler autores vivos. (Mas não adianta ficar levantando bandeirinha de "Leia autores vivos", "Leia autoras vivas", "leia autorxs vivx" pra ler só as autoras da modinha). Leia os autores esquecidos, leia os autores vivos-quase-mortos, leia o quanto antes os autores suicidas.
16/09/2024
CURSO EM OUTUBRO
A OFICINA DO PERSONAGEM está de volta em outubro!
A querida Nara Vidal me convidou para oferecer um curso na sua plataforma "Sala de Escrita" e eu trouxe de volta o curso que rolou em agosto, desta vez com quatro aulas.
Já dei muito o curso "Caminhos para a Publicação", baseado em informações práticas sobre os processos para publicar e promover um livro, e sempre me pedem cursos baseados mais na escrita, então fiz esse formato, que tem uma parte expositiva, mas também é mais interativo, porque os alunos trazem seus temas de vida, que geram teses, que são personificadas em personagens que carregam a trama.
Decidi colocar uma aula extra para poder trabalhar com mais calma os textos dos alunos, dependendo do tamanho da turma, e também para adentrar mais na estrutura do livro.
Serão as primeiras 4 quartas-feiras de outubro, das 19h às 21h. A Sala de Escrita também oferece parcelamento e uma estrutura que geralmente não consigo oferecer sozinho - como a gravação das aulas para os alunos.
As informações e valores todos estão no link abaixo. Espero vocês lá, este é o QUARTO curso que dou em 2024 e depois desse NUNCA MAIS DAREI CURSO ALGUM (em 2024).
Acesse:
12/09/2024
BEETLEJUICE! BEETLEJUICE!
Enfim fui ver ontem com minha sobrinha. Foi daqueles filmes
da minha infância, o primeiro, vi mais de uma vez no cinema, até com meu pai,
tinha o K7, depois o DVD...
Esse novo fez o que era necessário para agradar as novas
gerações, o que significa que é bem mais hiperbólico, várias tramas paralelas,
muita coisa acontecendo, diferente do ritmo mais contido do original. Me
incomoda um pouco, mas sei que era inevitável, e o excesso de referências,
easter eggs, não deixa de ser divertido.
Também achei mais sombrio do que o original. Flerta mais com
o terror, tanto graficamente quanto na trama; com certeza não é para crianças
pequenas.
E é um filme de Halloween. Se o primeiro já tinha o clima, esse
é bem mais marcado, se passa na data, tem as abóboras, a decoração, a personagem
adolescente comemorando com o namoradinho...
Senti falta de Danny Elfman – o tema clássico tocado na
abertura foi de arrepiar, mas o filme se apoia mais em canções pop, tentando
replicar o momento “Day-O” do original em várias cenas; não consegue, não tem
nenhuma cena tão icônica, mas conseguiu provocar várias dancinhas minhas e da
minha sobrinha no cinema.
(Vimos no Imax. Vocês gostam de Imax? Acho a tela grande
demais, não dá pra ver a tela toda de uma só vez...)
Enfim, é o que tinha que ser como um Beetlejuice da Geração Z. Gostei. Minha sobrinha adorou.
E tá bem em sintonia com meu próximo livro... Também um livro de Halloween... Halloween no Brasil, anos 80... Afagando a criança trevosinha que eu fui.
Será que esse já dá pra ela? |
27/08/2024
18/08/2024
OS CURSOS DE AGOSTO
Terminou ontem minha Oficina do Personagem, curso de três aulas que dei aos sábados, focado no personagem como condutor da trama.
Consegui fechar uma turma bem boa, bem rápido. Éramos 14, um limite para conseguir ler e entender o universo de cada um. A ideia foi cada aluno trazer seus temas de vida, que geraram teses, que geraram personagens, que deram base para uma trama.
Ilustrei com exemplos de grandes personagens, de Wilde, Noll, Dostoiévski, del Fuego e até Machado.
Quis focar bem na construção do personagem porque tenho visto muito esse discurso da autoficção como único caminho possível na literatura (ou como o único caminho da literatura dita "séria"), como se a fabulação, a criação de personagens e tramas fosse algo menor. Isso é reforçado por aquelas falácias: "Ah, o personagem é sempre o autor." Não é. O personagem pode (e deve) carregar os temas caros ao autor, mas o quanto ele consegue personificar isso num personagem e o quanto o personagem se afasta dele para se aproximar mais de uma representação ideal da tese é questão de talento do autor.
E acho que esse formato deu muito certo. Quero trazer essa oficina de volta em breve. Fiz total por minha conta, sem nenhuma plataforma por trás, e acabou sendo bem mais vantajoso em termos financeiros$
Fora isso, também estou com uma turma grande da Casa das Rosas. É uma turma que já segue com eles há um tempo, mas que cada mês tem um curso diferente com um professor diferente. Por lá estou dando meu já conhecido curso Caminhos da Publicação - que é bem mais expositivo e menos interativo (também não dá muito para trocar textos com uma turma de mais de 50 alunos).
E assim vou mantendo não só as contas em dia, mas aprendendo mais como escritor, tanto na pesquisa e no preparo das aulas, quanto com os temas e perguntas que os alunos trazem.
30/07/2024
20 ANOS DE BLOG
Meu blog está fazendo... VINTE ANOS. É o blog de literatura
mais antigo do país, ainda em atividade.
Começou depois de eu publicar meu segundo livro, como uma
maneira de meus leitores me encontrarem, saberem o que eu estava fazendo, numa
época em que não havia tantas redes sociais.
Nunca ganhei UM CENTAVO com ele, nunca nem tentei monetizar.
Sempre foi um espaço independente para eu publicar meu ponto de vista, minha
visão do meio literário, minhas leituras, filmes, discos, tretas e várias
questões pessoais, porque um blog é para isso. Registrei em palavras e em fotos
dezenas de festivais literários, lançamentos, debates, reproduzi matérias que
escrevi pra Folha...
No começo, tinha espaço para comentários, mas quando o blog
começou a bombar, com minhas idas ao Programa do Jô, houve uma invasão de
haters, muita gente doída do jovem escritor que fazia sucesso, e acabei tirando
a interação.
Muito do sentido original do blog hoje se diluiu em outras
redes – Facebook, Instagram, os vídeos. Já não posto cada filme, cada livro,
cada encontro, deixo o blog para reflexões menos passageiras ou registros mais
importantes. Mas ainda faço questão de atualizar, umas duas vezes por mês,
exatamente para manter esse registro longevo. Vira e mexe eu mesmo consulto o
blog quando quero me lembrar em que ano fiz tal viagem, fui a tal festival,
resgatar fotos antigas...
Nos posts mais recentes mesmo eu discorro sobre a Feira do
Pacaembu, tem uma entrevista que dei pro Estadão, minha viagem de aniversário
para a Serra da Mantiqueira, uma lista com os 40 livros gays mais importantes
para mim...
Muita gente que eu encontro diz que ADORAVA meu blog, que
achava inspirador, pergunta se ainda está ativo. Fui checar quantos acessos tem,
porque não fazia ideia, há anos não verificava – e tem lá, atualmente uns 150,
200 acessos por dia, melhor do que eu pensava. Nas abas secundárias também fica
o serviço da minha bio, uma agenda e as obras que publiquei, mais confiável e
completo do que no Wikipedia.
Todo o conteúdo continua disponível. Tenho certo medo de ver
o que tem lá, das besteiras que escrevi no passado, mas não serei revisionista,
tá tudo lá. Nesses 20 anos eu só fui mudando o layout e o título do blog, mas o
endereço é o mesmo (serei o último sobrevivente do blogspot?)