12/12/2023

O ANO DO VEADO


No lançamento do Veado, em foto do Ambooleg.


2023 até que foi bom para mim. Nada excepcional, mas foi um ano centrado como um todo.


No começo do ano dei este curso oline, com a participação de amigos-parceiros queridos.


Começou pavoroso, sem trabalho, fodido, esmolando jobs nas redes sociais. Mas às vezes funciona. Lá para março começaram a engrenar ótimos trabalhos, que renderam outros trabalhos, e consegui colocar as contas e a cabeça no lugar.

Com o brow Abílio, em Ubatuba.


Daí deu pra ser feliz, daquele jeito modesto. Duas viagens para a praia – Parati e Ubatuba - notebook novo, conseguir comer o que gosta, essas coisas que deveriam ser básicas. Não teve nenhuma viagem internacional, nenhum prêmio, nenhum novo amor...

O aniversário foi em Parati. 

    
Nem amor velho, nada. Não saí com absolutamente NINGUÉM este ano todo. Estou virgem de 2023. Bem cansado dos veados, dos veades, principalmente. Acho que me aposentei...

O Veado na Folha de São Paulo.


Mas isso trouxe meu Veado Assassino, meu 13º livro, se é que estou contando corretamente, uma novela estruturada só em diálogos, pela Companhia das Letras. Foi... bacaninha. Chamou atenção. Muita gente gostou. Muita gente ODIOU com força. Mas me orgulho de ter trazido algo diferente e ousado, que talvez se desdobre em outros formatos...

Gravando o programa Entrelinhas, da TV Cultura, com o Manuel da Costa Pinto. 


Fiz muita, muita leitura crítica, que é algo que eu adoro fazer (essa possibilidade de ler “conversando” com o autor, em comentários deixados ao longo do texto). Também fiz parte do júri dos Prêmios Sesc e Oceanos – e ainda apresentei os vencedores do Oceanos no palco, com a querida Fernanda D’umbra. Então foi dos anos que mais li (só como jurado foram mais de DUZENTOS livros).

Na entrega do Prêmio Oceanos, com as querida Fernanda D'Umbra e Luz Ribeiro.

E é um paradoxo, porque estou cada vez mais cego, ainda sem usar óculos. Ajuda ler no Parque Augusta, onde também aproveito para bronzear, biscoitar, ver os meninos bonitos seminus...


Ao menos mediei a mesa de lançamento da querida Amanda Orlando (aqui, com o Oscar Nestarez)


De evento literário, não teve NENHUM, nenhuma mesa, festival, palestra, debate, nenhum convite, NADA. Acho que o tema, o título, o Veado dificultou as coisas... Tiveram alguns destemidos bacanas, que me chamaram para entrevistas – o programa Entrelinhas, o podcast História Diversas, Revista Fórum. Também foi bacana participar de um documentário sobre minha escrita em relação com a cidade de São Paulo: pude realizar o sonho de entrar no fosso das cobras do Instituto Butantan.

Gravando no Instituto Butantan, com uma equipe bacana.


Uma grande tristeza do ano foi a morte do querido André Pomba, DJ lendário da cena underground de SP, meu amigo de quase trinta anos. Ao menos pude dar uma força no tratamento dele. E toquei na festa em homenagem a ele – fazia mais de dez anos que eu não tocava em balada.

Com os amigos trevosos de toda a vida, na despedida do Pomba. 

   
Minha mãe também teve um problema sério no pulmão, ficou alguns dias na UTI. Ainda não resolveram totalmente, mas ela já está bem melhor. São as coisas inevitáveis da velhice...

Almoço na casa da véia, com amigos queridos e minha sobrinha. 


Para 2024... ainda não sei muito. Não terá livro novo, mas estou trabalhando num próximo e em em outros projetinhos. Ainda não sei de nenhuma viagem; pelo menos estou muito bem de trabalho – tradução e leitura crítica - e começarei bem, no meu lugar favorito do mundo. Já reservei pousada uma semaninha, na virada, em Florianópolis. Quem estará por lá?


Mais glamour em 2024!


17/11/2023

POBRE PAULISTA




Esta semana participei das gravações de uma série sobre a relação de escritores e suas cidades. Enfim, representei São Paulo em algo.

Foi bacana rever minha trajetória, dos Jardins ao baixo augusta – um percurso que retratei tanto alegoricamente em Mastigando Humanos (o jacaré que sai de sua vidinha confortável para conhecer os esgotos), quanto de forma direta em Fé no Inferno (o protagonista que faz o percurso inverso: sai do baixo augusta para trabalhar de cuidador de idosos nos Jardins).


No Hitch, com o João, meu antigo chefe de bar. 

A gente visitou muito desses lugares – a antiga casa dos meus avós no Jardim América (hoje uma concessionária Mercedes Benz), a boate Aloka, o Parque Augusta... Também pude realizar um sonho de infância: entrar no fosso das cobras do Instituto Butantan (postei vídeos e fotos no Instagram).


No fosso das cobras (Serpentário). 

Tivemos participações especiais de pessoas importantes no meu relacionamento com a cidade – o João, dono do Hitch, que já foi meu patrão quando trabalhei de barman; o meu vizinho-amigo-escritor-editor Alexandre Staut; minha sobrinha Valentina...


Com o querido Staut. 

Muita coisa que me perguntavam sobre os livros – como São Paulo aparecia na minha ficção – eu não lembrava exatamente, mas foi bacana reler passagens (com certa dificuldade, AINDA sem óculos) e ver que São Paulo está mais presente na minha obra do que eu pensava. (Eu sempre busquei inspirações em outros lugares, outras cidades, na natureza – por isso os períodos que morei em Porto Alegre, Londres, Florianópolis, Helsinque, Maresias...).

Meu dia a dia parece sempre tão restrito, isolado, as conquistas sempre tão relativas... Mas quando a gente vê no macro, todo o percurso que eu fiz – nesses mais de 20 anos de carreira na escrita, mais de 40 de vida -, tudo em que já trabalhei, as pessoas que conheci (e comi!) a vida ganha algum sentido... mas não muito.


Me sentindo o Veado Popstar...

Aproveito para agradecer ao pessoal da Olé Produções, que está realizando a série. Gente queridíssima, foi gostoso passar a semana com eles. Quando eu souber de datas de estreia, plataformas, etc, aviso.


Gente linda. 

16/11/2023

AGENDA: FLIP 2023



Segue minha programação na Flip, semana que vem. Vejo vocês lá:


- Quinta, 23/11 - Estarei no grasnar de uma gaivota.
- Sexta, 24/11 - Poderei ser visto no prisma furtivo do óleo no mar.
- Sábado, 25/11 - No último gole de cachaça, eu estarei lá.
- Domingo, 26/11- A cada vômito nos paralelepípedos, você sentirá um beijo meu. 

13/11/2023

HASTA LA VISTA, BABY



Depois da tradução, agora a IA está acabando com a dublagem. Os programas já conseguem colocar a própria voz dos atores, nas mais diferentes línguas, Schwarzenegger falando português...

Confesso que acho uma solução melhor do que a dublagem. Sempre ABOMINEI dublagem - e passei a abominar ainda mais depois que comecei a TRADUZIR para dublagem, que vi como é feita.
 
O sindicato dos dubladores no Brasil é fortíssimo. E sempre levantaram essa bandeira de que "a dublagem do Brasil é a melhor do mundo, blábláblá"; pode até ser, porque o nível mundial deve ser muito ruim. Mas não dá para comparar: pegam os melhores atores do mundo, que ficam meses se preparando para seus papéis, aprendem sotaques, passam dias gravando uma mesma cena. Daí, quando é pra ser dublado no Brasil colocam o Zezin das Couves, com seu sotaque carioca, que grava todas suas falas numa tarde.
 
(E os dubladores sempre adoram se vangloriar dos personagens que interpretam, como se todas as soluções em português fossem dadas por eles, como se não existissem TRADUTORES que tivessem feito isso, adaptado falas, criado bordões - NUNCA se vê dubladores dando crédito aos tradutores.)

Agora a dublagem por IA pelo menos vai manter o timbre, o tom do ator (mas não resolve problemas de adaptação, por exemplo, trocadilhos, piadas, sotaques - nisso, a legenda ainda ganha, porque pode ser sempre cotejada com a fala original, para quem tem certo conhecimento da língua original).

Pensando bem... Agora tenho medo é que a dublagem por IA venha a acabar de vez com as legendas..
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27/10/2023

OS MELHORES FILMES DE TERROR DE 2023





Chegamos à minha tradicional lista de dez melhores filmes de terror do ano, lançados a tempo do Halloween.

Uma nova tendência deste ano foi propostas absurdas/trash, com Ursinho Pooh assassino, bicho-preguiça assassino, homem que se veste de cachorro, urso cheirado de cocaína... Mas poucos desses foram além da piada. Também teve uma leva de filmes que misturaram a viagem das drogas com terror. 

Das franquias clássicas, tivemos poucas novidades e a única que se destacou mesmo foi a continuação de Evil Dead. Muita gente tá colocando no seu top o Cuando Acecha la Maldad, terror argentino de possessão - mas, apesar de ter gostado muito de várias cenas, de impacto, achei o filme como um todo bem truncado, mais pra piloto de uma série do que um filme. 

Mas vamos à lista: 


SKINAMARINK

Daqueles que vi ainda no final do ano passado, depois da minha lista de Halloween. É altamente experimental, baixo orçamento, mas gerou bastante repercussão e incômodo. É basicamente um longo pesadelo de duas crianças isoladas numa casa de madrugada. Remete àqueles pesadelos da infância, não é incrível, mas é diferente, inovador e merece estar na lista.

 

O MENU

Também vi no final do ano. É um thriller gastronômico com grandes estrelas (incluindo a delicinha do Nicholas Hoult) sobre um restaurante exclusivo, remoto numa ilha, que oferece uma experiência... diferente aos seus clientes. Gosto muito de toda a ambientação, o universo culinário, a tensão, embora a conclusão seja meio “meh”.

 

MEGAN

Dos grandes hits do ano, achei bem bacana. É um terror meio juvenil (tentei levar para minha sobrinha de onze anos ver, mas ela não teve coragem – onde foi que eu errei na criação dessa menina?), estabelece uma nova franquia, com uma boneca-robô-cibernética que enlouquece e passa a matar geral. Bem divertido.

 

O URSO DO PÓ BRANCO

Um carregamento de cocaína cai de um avião, um urso encontra, cheira, fica doidão e toca o terror num parque florestal. Daquelas propostas sem noção, que surpreendeu pelo gore e pelo humor ousado (incluindo crianças e drogas). Melhor do que eu esperava.

 

SWALLOWED

Sequência do curta metragem “Bug Crush”, que eu amoooo. Aqui, dois amigos se sujeitam a ser mulas, transportando uma estranha droga pela fronteira EUA-Canadá, mas as coisas começam a dar bem errado quando a droga começa a fazer efeito. Body horror BEM gay, com direito a nu frontal delicinha. Não é perfeito, o terceiro ato é bem arrastado (talvez funcionasse melhor como outro curta), mas não tinha como eu não gostar...

 

EVIL DEAD RISE

Um novo Evil Dead, dessa vez ambientado num prédio de apartamentos, com uma mãe possuída perseguindo seus filhos. Violento, insano, faz jus ao legado da franquia.

 

INFLUENCER

Das melhores surpresas do ano. Uma psicopata stalkeia influenciadoras digitais, para lhes roubar tudo – namorado, seguidores, a VIDA – com ajuda das novas tecnologias, como deep fake. Bem divertido, surpreendente, cheio de reviravoltas. Adorei.

 

FALE COMIGO

Usando uma estranha mão embalsamada, jovens fazem contatos com espíritos e usam a possessão como uma droga em festinhas - e claro que as coisas fogem do controle. Adorei esse terror australiano, mas fiquei meio triste. Essa premissa de possessão como uma droga era algo que eu tinha como um argumento, há anos, que nunca consegui desenvolver. Agora foi pro saco de vez. (Mas também, terror no Brasil tinha muito menos chance de vingar, fosse em livro, fosse em filme).

 

A WOUNDED FAWN

Outro filme experimental, meio giallo, que mistura o desconforto de um começo de namoro com um terror surrealista, a lá Zé do Caixão. Começa ótimo, depois se arrasta um pouco, mas é ousado, diferente e com um final ótimo.

 

GOOD BOY

E para fechar, mais um com uma proposta bizarra – filme norueguês. Uma jovem começa um namoro pelo Tinder. O cara é lindo, rico e fofo, mas tem uma excentricidade: mantém como animal de estimação um cara vestido de cachorro. É menos despirocado do que parece – podia enlouquecer mais no final. Mas é inusitado, divertido (e é outro com protagonista delicinha).


26/10/2023

O AUTOR NADA SABE



Ontem fui jantar com amigos professores, acadêmicos, aniversário de um amigo querido que fez mestrado na minha obra.

Depois das azeitonas, começaram a conversar sobre um conto meu. Havia sido trabalhado em sala de aula. Me falaram da reação dos alunos, das discussões, da indignação...

Uma das professoras não conhecia o conto, e o mestre em Nazarian foi narrando suas impressões, fez sua análise.

"Não sou capaz de opinar", fiz a Glória Pires. Não só porque eu era o autor, incapaz de enxergar minha própria obra, a meleca debaixo do meu nariz, mas porque eu mal me lembrava dos detalhes do conto. Lembro pouco do que eu mesmo escrevi (menos ainda do que eu já li); quando tenho de dar uma entrevista sobre um livro antigo, me lembro mais do que eu já falei sobre o livro do que de fato o que eu escrevi.

Mas a conversa, a discussão, me demonstrou como nós (autores) não temos noção aonde chegam nossos textos. Sempre falo isso: livro não tem aplauso. A gente não sabe como o livro ecoa nos leitores, onde eles riem, o que eles acham uma merda.

A experiência mais próxima que tive disso foi uma vez que lemos BIOFOBIA inteiro em voz alta - eu, Beto Brant, Marçal Aquino e Renato Ciasca, na época em que estávamos trabalhando na adaptação para cinema (que nunca foi filmada). Lá eu tive a experiência única de ver um público rindo de determinada frase no livro, às vezes apontando: "isso é ótimo", às vezes deixando de apontar inconsistências...

Aconteceu de forma parecida quando o Evandro Affonso Ferreira, que tinha um sebo, me presentou com meu próprio primeiro livro - Olívio - numa cópia que tinha sido lida pelo Bernardo Carvalho - toda anotada por ele. Tinha passagens marcadas com "lindo" outras com "péssimo" (e não sei por que o Bernardo acabou se desfazendo do livro, parece que ele faz isso sempre; de todo modo, ele fez uma bela resenha na Trip).

Então é essa sensação que eu procuro dar ao autor quando faço uma leitura crítica. Sublinho frases e coloco o "péssimo", o "cafona", mas também o "adorei". Sei bem como a gente, como autor, carece de público...

Voltando à mesa de ontem, me admirei em saber da repercussão do conto. Pra mim, não havia tido repercussão nenhuma... e era um conto pesado... sobre pedofilia... publicado no excelente jornal literário Cândido, há uns bons anos. (Será que seria publicado hoje em dia? Sempre lamento o quanto retrocedemos, o quanto encaretamos, o quanto os tabus se reimpuseram.) Fiquei surpreso quando o jornal decidiu publicar. Achei que podia dar merda. Achei que não tinha dado nada. Sempre acho que não deu em nada. O autor nada sabe.

(Reli o conto hoje e me lembrei. Ainda gosto. Pode ser lido na íntegra aqui: https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/Pagina/Conto-Santiago-Nazarian )

14/10/2023

VISÃO CRÍTICA



Mais uma leitura crítica/parecer entregue.

Livro ÓTIMO.

Quando o livro é bom, é sempre mais difícil. Não tenho tanto o que dizer, não sei se estou à altura (mas a leitura crítica também é sobre isso, como o livro pode ser percebido por um leitor médio).

Paradoxalmente, este foi dos anos que mais li na vida. Só como jurado do Prêmio Sesc e Prêmio Oceanos, foram mais de DUZENTOS livros! (Claro, tem alguns que você lê as primeiras páginas e percebe que não tem a menor condição de indicar para a próxima fase. 
Mas, quando a leitura é parte do seu trabalho, você está recebendo para isso, você consegue dedicar muito mais tempo, porque não fica restrito aos momentos de lazer. Seu dia inteiro de trabalho é para isso.) Também fiz muita leitura crítica e teve vários, vários lançamento de amigos (que eu li "de graça", ou quase, na esperança de também ser lido...).

(Assim, acabei lendo praticamente só literatura brasileira contemporânea. Preciso voltar a ler mais em inglês, francês, espanhol...)

E digo "paradoxalmente" porque, no ano em que mais li, minha vista tá cada vez pior. AINDA estou adiando os óculos, nunca usei. Na tela do computador, os docs e pdfs, consigo ler/escrever perfeitamente. Em livro, já tá bem mais difícil. (Tenho aproveitado a luminosidade do Parque Augusta, assim já me brozeio, biscoiteio, contraio um câncer de pele. Com luz do sol consigo ler tranquilamente sem óculos - já de noite, na cama....)

(Mas é a ausência de óculos que me faz acreditar que ainda sou belo!)

De todas essas leituras, arrisco dar algumas tendências da literatura brasileira contemporânea:

- Volta forte do regionalismo
- Influência "torto-aradense"
- Flerte com o teatro
- Pauta identitária homossexual

(Acho que só vou ceder de vez aos óculos quando resolver ressuscitar meu Nintendo DS.)

21/09/2023

TRADUTORES TRAÍDOS


Já estamos nessa realidade: inteligência artificial traduzindo, tradutores só revisando.

Há alguns meses, uma amiga me indicou para uma empresa que trabalha assim, com literatura comercial. (Pois é, quando eu coloco aqui perrengues que estou de grana e/ou trabalho, muita gente vem só com conselhinhos de “vai fazer concurso público”, meio comemorando internamente: “não consigo viver de literatura, mas ele também não!”, mas tem gente que de fato me indica para trabalhos que me salvam o mês, o ano, a vida.) Essa amiga me indicou, eu passei por um processo seletivo, fiz testes, fui aprovado e agora reviso traduções feitas por Terminators.
 
Paga menos do que tradução em si, claro, mas também é um trabalho bem mais fácil e rápido. Tem sido um fixozinho razoável por mês (vamos ver até quando, com os artifícios cada vez mais inteligentes). Outros trabalhos também têm rolado - leitura crítica, ghostwriting... É triste ver para onde está indo a tradução – um trabalho que faço há mais de 20 anos -, mas não adianta fazer a Sarah Connor (nem a Sinéad...), é preciso se adaptar...

Como tradutor, os trabalhos que têm mais surgido para mim são versões para o inglês, porque isso, mesmo que seja jogado num Google Tradutor, precisa de alguém realmente especializado (ou nativo) no inglês para revisar o resultado final. E eu tenho feito muito trabalho que exige adaptação, livros infantojuvenis, com rimas, trocadilhos, precisa ter algo de escritor. É gostoso de fazer, dá para cobrar mais do que tradução para o português, mas, em geral, o volume de texto é bem menor (e também levo mais tempo).

A tradução para o inglês eu faço há menos tempo, mas agora também já tem lá uns dez anos. Fui começando aos poucos, meus próprios livros, algumas samples (fiz inclusive todo o “Bom Dia Verônica”, do Raphael Montes e da Ilana Casoy) e tem sido bacana ver as publicações saindo com meu nome lá fora. (Vamos ver o que acontece com o Veado...). É todo esse histórico, esse currículo, e esses momentos de bons ventos que me fazem continuar acreditando que dá para viver de literatura (de alguma forma); até outra massa de ar seco chegar...

(Aproveitando, acabou de sair também pela Todavia a tradução – para o português – que fiz do “Deslumbramento”, do Richard Powers. Faz jus ao título, no bom sentido.)

19/08/2023

COMO FAZER UM LANÇAMENTO DE SUCESSO!


Segundo semestre é um Inferno de lançamentos.

Eu tento, sempre tento fazer no primeiro. Insisto com a editora. Mas mesmo com o livro entregue um ano e meio antes, parece que fica sempre pro segundo tempo...

(Daí a gente faz lançamento no começo de agosto e ninguém da Editora consegue ir porque tem Flipelobrasiltodo.)

Eu mesmo tenho tentado acompanhar, prestigiar, divulgar e comparecer aos lançamentos de amigos-colegas, gente de quem eu gosto. Tá difícil.

Mas tenho um ódio mortal quando vejo aquela fila imensa com gente dizendo: “Ai, não consegui ir no seu, mas vou ler...”

Tenho intimado: “Então compra!” Estamos numa livraria afinal, meu livro exposto. “Vai lá comprar que guardo seu lugar aqui na fila.” O povo nunca compra.. (“Não posso estalar os dedos e fazer as pessoas gostarem de mim.” – digo parafraseando meu Veado, que tava parafraseando o Thanos dos Vingadores, para quem não pegou).

Hoje encontrei o Mansur Bassit no supermercado. Ele veio com aquela: “Ai, não consegui ir... Mas vou ler.”

“Então compra! Tá vendendo aqui!” (Não resisti.)

“Teu livro tá vendendo no supermercado?”

“Não... Mas me compra um quilo de arroz, pra compensar...”

Ele riu constrangido, tentando fugir. A classe média paulistana pressionando a fila para comprar sua linguiça Seara Gourmet...

Deixo então aqui as dicas para quem está lançando livro. Tenho experiência. Tenho experiência em fracassos. Aprendam com o tio:

- Lancem no PRIMEIRO SEMESTRE. Segundo semestre é um Inferno de lançamentos, eventos. Pós-carnaval geralmente não tem NADA (mas parece que as editoras ainda não entenderam isso).

- PAREM COM ESSA HISTÓRIA DE LEITURA, bate-papo em lançamento. Eu sei, eu mesmo QUASE fiz, mas me toquei depois que fui no lançamento badalado, lotado, divertido do Joca Reiners Terron. Todo mundo bebendo, conversando, uma fila enorme para ele autografar. Daí: “Vamos desfazer a fila, fazer silêncio, ficar bonzinho que o autor vai ler por uma hora.” Em lançamento o povo quer passar, pegar o livro e ir embora. Ou então conversar com os amigos-colegas-pares. O livro a gente lê em casa.

- Se querem que o povo fique, ofereçam bebida.

- Tentem fazer dedicatórias personalizadas, que digam respeito à pessoa que está levando o livro, não a você ou ao seu livro. (Nem sempre eu consigo...) Assim a pessoa se sente mais valorizada por ter ido.

- E COMPAREÇAM aos lançamentos dos colegas-amigos-queridos, para depois poderem reclamar se não forem no seu.

(O meu foi bacaninha, sim, os amigos fizeram a diferença, mas poderia ter sido melhor; sempre poderia ser melhor...)

13/08/2023

HOJE EU TÔ FELIZ, MATEI O PRESIDENTE

Foto por Ambooleg

Valeu meeeeesmo a todo mundo que foi no lançamento ontem, no Hitch. Acho que a ideia deu super certo, fazer num bar gostosinho, que o pessoal pudesse ficar, beber, sentar, conversar (e comprar o livro).  João e todo o pessoal do Hitch (e da Dois Pontos) foram super acolhedores; acho que o povo se sentiu em casa. 

Ambooleg é amigo de décadas e fez minhas primeiras fotos de orelha/divulgação, lá em 2003
Casalzinho lindo. 

Leila foi minha querida editora na Melhoramentos (fizemos o infantil do Dragão juntos)

O grande Scott. 

Outro casalzinho lindo. 
Staut, Mário e André estavam em casa. 

Familinha. 

Muita gente bacana, muita gente bonita, gente que fazia tempo que eu não via, gente que eu nunca tinha visto, gente que eu só conhecia das redes sociais. Não consegui tirar muitas fotos, porque tava na função de autografar e receber o pessoal (e geralmente quem faz as fotos nos meus lançamentos são meus namorades, mas como agora não tem...). Mas peguei muita foto de gente que tirou, compartilhou, me mandou. Fiz um reels bacana no Insta. 

Lindo ter a Márcia Tiburi de volta. 


Só gente fina: Daniela Pinotti, Marcelo Maluf, Andrea del Fuego, Natália Timerman e Hanaide Kalaigian. 


Grandes cineastas

O querido Clayton
Julián Fuks e Natália

Valentina Nazarian foi a sensação da festa. 

Tati é amiga há quase 30 anos e tá cada vez mais linda.

Agora não tem mais NADA marcado, evento nenhum. Mas tem saído muita matéria, entrevista e a divulgação continua. Quem não foi e quiser comprar o livro autografado comigo, é só me mandar mensagem, que eu envio para todo o Brasil. (Posso vender os três mais recentes, da Companhia: Veado Assassino, Fé no Inferno e Neve Negra). 

(Só que não vai com drinque... O drinque exclusivo era só ontem. O povo disse que gostou: era vodca, Coca Cola sabor café e limão - basicamente o que o personagem bebe no livro antes de matar o presidente - não é lá grande spoiler.) 

O querido Moacyr comprou os três ontem. 

As queridas da Dois Pontos chegaram antes das 4 e ficamos até depois das 8 autografando. 
Drinques com o grande Marçal. 


E terminei a noite num boteco com o Marcelino e amigos. 

       



07/08/2023

TARDE DE AUTÓGRAFOS




No próximo sábado faço minha tarde de autógrafos do Veado Assassino. É a primeira sessão de autógrafo que faço em... SEIS ANOS e, por enquanto, meu único evento presencial este ano (vai ser difícil rolar algo, com um livro com esse título/tema). Escolhi um bar bacana, de um amigo, para o pessoal poder sentar, conversar, beber, ter mais tempo – começa às 16h e vai até umas 20h. É na Cardeal quase com a Fradique. Espero todos lá.

O livro tem tido uma ótima repercussão - vantagem de ter feito um livro curto, rápido de ler, além do tema-título de impacto. A Folha deu uma matéria meio maldosinha, mas que vende bem o livro. Também gravei entrevistas com o Metrópoles, Entrelinhas, Revista Fórum, Podcast Histórias Diversas e o Globo. Mas o mais bacana tem sido como o livro está ecoando bem com os colegas escritores. Já temos aspas bem boas de gente que admiro: 

"Santiago Nazarian coloca em colisão duas vozes, a de um adolescente que fetichiza o ódio e a de uma instância que perscruta os seus atos, ambas as vozes tão trepidantes e incertas quanto a história recente do país." – Andrea del Fuego

“Um livro selvagem. Não dá para imaginar para onde está indo até os segundos finais.” – Antonio Xerxenesky

 

“Hilário, engraçadíssimo, mas me pegou de um jeito...” – Chico Felitti

 

“Sempre gostei da sua prosa ácida e sem concessões. Mas o que ele faz nesse novíssimo Veado Assassino vai além, é um absurdo, um atrevimento, até pra ele. Santiago escreve nosso tempo como poucos.” - Marcela Dantés.

 

“A literatura de Santiago sempre teve um pé na anarquia, mas também nos mostrou um autor capaz de tecer uma narrativa nos moldes clássicos com grande domínio, como em Fé no Inferno. Com Veado Assassino, ele apenas cimenta a sua posição como um dos mais originais escritores brasileiros.” – Marcelo Nunes

 

“Nazarian atirou pedras para todos os lados e foi certeiro em todos os arremessos, de modo a que não há aqui nenhuma vítima que não seja também um algoz. O mais legal é a leitura precisa e assustadora que o livro traz sobre como a realidade não assistida de toda uma nação afeta exatamente aqueles que são a base dessa mesma nação no futuro. Para ler num tiro só. E na testa.” – Alessandro Thomé

 

“Este Veado Assassino é um Nazarian completo, ainda mais por ser escrito somente como um diálogo, do começo ao fim. É algo difícil, que fazem bem somente grandes escritores. Um romance muito atual, de leitura rápida, contundente como um golpe de esquerda e com um certo sabor de vingança - ou uma cusparada na cara da história recente do Brasil.” – Thales Guaracy

 

“Veado Assassino é muito mais do que apenas a história de um adolescente revoltado. É sobre o Brasil de agora, totalmente corroído, machucado e com as cicatrizes totalmente expostas.” – Ney Anderson

 

“Esse romance-diálogo do Santiago já pede pra subir no palco, com uma dramaturgia irada.” – Reynaldo Damazio

Se você está interessado por esse livro, tenho duas coisas iniciais a dizer: 1) fuja das resenhas, dos textos preliminares, dos posts nas redes sociais, quaisquer textos sobre ele; 2) não perca tempo, comece logo.” – Luiz Biajoni. 



MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...