Meu álbum de viagem no Alasca.Certa vez arrastei meu ex-marido Luciancencov e Marcelino Freire para assistir a adaptação cinematográfica de "Silent Hill". E para piorar foi no Shopping Metrô Tatuapé. Claro que o filme era uma porra. E claro que o Marcelino chiou. Concluiu dizendo que filme daqueles não é para se ver no cinema, no máximo em DVD.
Eu acho que é exatamente o contrário. Um filme daqueles só justifica assistir na tela grande, pelo visual, pela fotografia. Ver uma coisa daquelas em DVD não presta para nada.
Não é exatamente esse o caso do novo "30 Dias de Noite", filme baseado na HQ de mesmo nome. "30 Dias" é infinitamente superior, em todos os sentidos. Mas me lembrei da frase do Marcelino como um contra-alerta a quem deixa para ver essas coisas só quando sai em DVD.
"30 dias de Noite" tem um visual soberbo. Fotografia e direção de arte preciosíssimas bem baseadas nos quadrinhos (assim como "Silent Hill" foi muito fiel à arte do game, e isso já lhe garantia certo destaque). Além disso, o filme consegue dosar muito bem o clima spooky com as cenas mais gore (totalmente gore, aliás, cabeças decepadas, braços triturados, vômito de sangue).
A direção é de David Slade, que já tinha feito o excelente thriller "Hard Candy" (esse sim, um filme de roteiro).
A história é aquela: uma cidade do Alasca, que está começando seu período de inverno, no qual ficará 30 dias sem luz do sol, é invadidas por vampiros. Os habitantes são massacrados, e os sobreviventes têm de agüentar o máximo que podem, até o sol raiar. Só isso.
Pouco é explicado no filme. Também não tem nada de água benta, alho ou sinal da cruz. Na verdade, é um filme de zumbis, mas são tecnicamente chamados de vampiros (assim como os zumbis são chamados de demônios em "Demons"). E é ótimo.
A realidade polar, toda a coisa da neve, da cidade às escuras casa muito bem com a lógica de zumbis, e faz desse um filme único no gênero. (Ai, como eu queria viver um tempo num lugar assim. Até estudei finlandês pra isso. Podia ser no Alasca, mas preferia na Lapônia - lá eles falam finlandês e lapão, ou "sami". Eu só estive mais no sul da Finlândia, e pouco tempo. Sei que se passasse um inverno lá eu iria me matar... mas seria bom.)
Como o filme não tem muita história, o que conta é o clima e o visual, valendo bem mais ser visto no cinema do que em DVD (ou mesmo do que na HQ).
E isso tudo prova mais uma vez como os zumbis são tendência. Teve o zombie walk aqui em SP, tem uma marca de roupa com modelos zumbis, na rua Augusta, já viram? Tem um pornô com zumbis. E meu livro novo tem zumbis (tenho dito isso pra todo mundo, mas eles são meros figurantes, ok? Não é um livro SOBRE zumbis.)
Meu próximo namorado vai ser zumbi...
Pensando bem, já tive um assim.
Bem, falando em viadagens... posso contar? Posso dizer? Não vai me chamar de bichinha? Ó, pus uns bichos bem feios de abertura no blog pra tentar disfarçar, mas tenho... ouvido... direto... o novo cd da Kylie Minogue.
Ah, vai, eu gosto da Kylie. Ela é tosca. É kitsch. E tem um som super Europa.
"X", o novo álbum lembra bem o álbum hit dela, "Fever", (que eu tive de ouvir exaustivamente quando trabalhei de barman em Londres, o que me fez uma lavagem cerebral e eu acabei gostando). Entre esses dois ela lançou "Body Language", que era meio pra baixo, mas teve um single bizarro bacaninha, "Slow".
Depois disso ela lutou contra o câncer e voltou dando piruetas. "X" é um albão pop, mas sempre com gosto duvidoso, com algo de alternativo, tosco e fora de lugar. O primeiro single "Two Hearts" é gostosinho, lembra Goldfrapp (que já foi trevoso e já lembrou Portishead). Tem também "Nudity", que lembra Britney. Mas a melhor música (e segundo single?) com certeza é "In My Arms", que já nasceu como hit gay. (Eu disse isso domingo passado. E uma hora depois vejo uma drag fazendo uma performance com essa música na Loca).
Vai, nega, espanta os zumbis.
Para não dizer que me rendi às divas do meio... e para dizer que me rendi às divas do meio, também tenho ouvido o excelente álbum solo da Siouxsie, "Mantaray". É o primeiro álbum que leva somente o nome dela, mas não é exatamente algo novo, parece bastante os melhores álbuns dos Banshees, como "The Rapture" (o último) e "Peepshow". Também tem uns momentos world music, como o trabalho dela com o Creatures. Mas isso tudo não é ruim, pelo contrário, Siouxsie parece juntar os melhores momentos de sua carreira num disco novo. É, talvez esse seja O MELHOR álbum que ela tenha lançado na vida dela. Para você ver como eu gostei.
Eu colocaria até como SEGUNDO MELHOR ÁLBUM DO ANO, atrás só do Rufus.