30/01/2009

POR ONDE ANDO

Nos trilhos.



Meu quinto romance está decantando. Entregue para Record, previsto para junho deste ano. Alguns dias acho que é a melhor coisa já escrita pela humanidade. Outros dias tenho vergonha, ódio, arrependimento. Espero que críticas negativas venham nos dias em que eu possa concordar. Ou que críticas positivas venham para eu pensar que "não é tão ruim assim". Não é tão ruim assim. Na verdade, é bom demais. Ou talvez seja as duas coisas, e a questão não seja meu ponto de vista, mas a página que examino. Ou talvez seja tão bom, e eu tenha me esforçado tanto para que ele ficasse melhor, que passou do ponto. Tanto tempo.... Ao menos é um romance intenso. E longo. Acontece coisas demais. Tem personagens demais. E, como sempre, é um exercício de excesso, excesso... Não sou um homem delicado....


Já estou escrevendo outro. Não é de se surpreender. Não precisa se surpreender. Não venha me dizer que escrevo rápido, ou muito, porque esse é apenas meu trabalho. Escritores escrevem. Não deviam esperar que eu tirasse meses e meses de férias do meu próprio ofício. Lentas são apenas as publicações. E não quero mais ter pressa. Lançar um livro por ano, nunca mais. Você não tem tempo de ler. Tanta gente que me cobra livro novo, mas que nem lê tudo o que me foi lançado... As árvores precisam de um tempo para respirar.


De qualquer modo, meu próximo será um livro de contos. Contos longos, de sexo e morte. Já tenho um nome, mas não vou dizer. Já tenho alguns contos. Estou pensando ainda se reciclo contos mais antigos, mas no momento abomino todos. E quero só contos longos. Quero só contos extensos. Quero só contos que possam forrar todo o chão da minha casa, quando eu for pintá-la, e quero estar morando numa mansão.


Micro-contos é para quem se contenta com uma kitinete.


Tem também um novo romance, um romance juvenil. Esse já está avançado, ao menos forra o terrário do meu iguana. Ele come meus acentos como grama, defeca no final dos meus parágrafos. Eram todas frases bem objetivas, mas quando ele passa por cima deixa para trás reticências...


E tem o roteiro de Feriado de Mim Mesmo, que será próximo, mas diferente do livro. Outro final, outro desfecho. Ou o mesmo desfecho, mas com uma explicação diferente. Vai surpreender quem já leu o livro, de qualquer modo. É bom hoje poder rever a história e fazer diferente.


A escrita há muito que não satisfaz minhas necessidades imediatas. Não satisfaz minhas necessidades, desde que se tornou um trabalho. Quando escrevo, não importa mais se estou triste, se estou feliz, se estou angustiado. Um livro demora meses e meses, e até um bom conto hoje me consome semanas. Não se comunica mais com meu estado de espírito. Escrevo o que penso, não o que estou sentindo. Se escrevo sobre tristeza, preciso manter esse clima por dias e dias, quando o tempo abre e quando o tempo vira. O desafio é manter essa unidade, é manter um tom coerente num livro que você começou antes dos trinta e segue chegando aos trinta e dois. Claro, eu escolho meus temas. Enfoco os problemas e as questões que me instigam, que me perturbam. Mas são questões maiores, da minha vida; na minha literatura não há mais espaço para meu momento atual.


Para isso ainda serve o blog.


É bom também poder fazer textos sob encomenda. Revistas que me pedem para escrever sobre quem eu nem penso, nem sei, e eu ter de sair com uma história por puro exercício. E pelo cachê. Faz parte do meu trabalho. É bom poder publicar em jornais e revistas reforçando a idéia de que a realidade nem sempre importa. Colocar ao lado da notícia uma história que não houve, que não aconteceu. O mundo é maior com a ficção. Ainda acho a criatividade mais nobre do que a informação.

E você me escreve - tanta gente me escreve - pedindo para eu ler seu conto, visitar seu blog, deixar um comentário. Mas isso faz parte do meu trabalho. Todo dia tenho de ler algo de contemporâneo. Faço leitura crítica para editoras, tradução, resenhas para jornais. Recebo textos de amigos, de parentes, de colegas. Me falta tempo para ler os clássicos. Me falta tempo para reler Oscar Wilde. Me falta cabeça para ler as coisas terríveis que eu gosto, histórias em quadrinhos e livros de terror.

Você não quer minha opinião.

Ano passado li pilhas e pilhas de romances inscritos no Prêmio Sesc, por que o seu não estava lá? Por que não inscreve seu livro num concurso - foi isso o que eu fiz - e de repente eu sou juri, de repente chega até mim. Chegará por certo a alguém disposto, preparado, que estará recebendo para isso e poderá ver seu trabalho com o profissionalismo que você merece. Eu não posso fazer isso de madrugada, depois de uma vodca, no meio de um parágrafo, antes do último chefe de Castlevania.

Esta semana não veio a faxineira, e ainda tenho de limpar a casa...

Se eu organizasse uma oficina literária, você iria? Não acredito em oficinas. Ainda sei trocar o pneu do carro, se for preciso, mas prefiro andar a pé. Acho estranho gente que escreveu meia dúzia de micro-contos e estão por aí, ensinando a escrever. Não, não acho estranho, acho curioso. Não, não acho curioso, acho engraçado. Não acho nada de errado, de repente é assim. O melhor professor de piano não é o melhor pianista, só alguém com didática.

E isso eu não tenho.

Me pergunto se há algum sobrevivente dos meus antigos alunos de inglês...

Mas preciso ir. Tenho um Pato descongelando na geladeira. Tenho um adolescente para alimentar.

Fábio e o Pato.

29/01/2009

FAROFA BOA

(Gosh, passei HORAS tentando achar o código de incorporação para colocar o vídeo direto aqui na página. Só encontrava links com "a apropriação foi desativada a pedido". O que esse povo pensa? Fazem um vídeo promocional, praticamente uma propaganda do artista/álbum e não deixam divulgar?)





Depois de anos e anos ouvindo essa música (e anos e anos sem ouvir), dia desses estava assistindo ao vídeo e voltou a fazer sentido. Farofada das boas para ouvir em supermercados, elevadores, consultório do dentista...


Pena que depois disso Annie só desceu a ladeira...


27/01/2009

"TERRORISMO SEXUAL"

Da coluna de ontem do Luiz Felipe Pondé, na Folha:

QUEM É a favor do ensino religioso? Mesmo quem concorda com o ensino religioso discorda do conteúdo: ensinar o quê? Deus, orixás, gnomos, homens-bomba? Outros são contra: religião não é assunto do Estado e da escola, é assunto da vida privada e familiar -guardem esse argumento na memória porque voltarei a ele.

Não vou discutir o ensino religioso, mas sim outra questão que me chama a atenção: a educação sexual nas escolas. Digo logo: sou contra. E mais: acho que sexo é assunto da vida privada e familiar (usei o mesmo argumento dos "contra o ensino religioso", como havia prometido, lembram?) e nenhuma escola ou pedagoga maníaca por sexo deveria entrar nas cabeças das crianças com suas fantasias travestidas de teorias.

Aliás, quem são os teóricos de confiança? Quem descobriu o sexo correto? Normalmente, o sexo correto é aquele que a pedagoga maníaca por sexo acha que seja correto, e nada mais. Tapinha pode?

Claro, no futuro, talvez revoguem a lei contra pedofilia em nome dos "avanços contra os preconceitos", e a pedofilia também venha a ser correta. Uma "última lei qualquer" decidirá que as crianças serão obrigadas a fazer prova sobre como é bonita a pedofilia?

Como ninguém faz uma daquelas campanhas diárias de repúdio à educação sexual nas escolas? Claro que hoje é mais normal num jantar inteligente você contar sua vida sexual com seu pastor alemão do que confessar em lágrimas que acredita em Deus, mas, mesmo assim, como não ver que a educação sexual nas escolas é ridícula? Ensina-se o quê? Posições? Gemidos? Aparelhos engraçadinhos? Que tal se meninos e meninas aprendessem a colocar camisinha com a boca?

Neste caso (nos EUA), a intenção da professora seria não fazer distinção de "gênero"? Daríamos Barbies aos meninos para desenvolver neles o "gênero feminino"? Espadas para as meninas? E, se você "gosta" de plantas, tudo bem, porque tudo é natural? Qual teste se faria para checar o conhecimento da professora? Que tal um "prático"?

Quem atesta a sanidade mental dessa professora? Gente "infeliz" na vida sexual pode dar aula sobre sexo? Quem seria a "consultora" desta "infelicidade"?Aulas de biologia são bem-vindas, é claro. Mas e daí? O que ensinar para uma menina de dez anos sobre sexo? Usaremos fotos? Espero que as fotos sejam legais... Melhor deixá-las falar de "quem beijou quem e quem botou a mão em quem, como e no quê" entre suas amigas nas férias de verão ou no intervalo das aulas. E os meninos? Vendo revista "Playboy" (ou similares) escondido. E deixemos a vida correr, como corre há milênios. Digamos a verdade: quem dá aula de matemática é bom em matemática, quem dá aula de educação sexual é bom no quê? De novo: posições, gemidos, aparelhos engraçadinhos, colocar camisinha com carinho, sexo com plantas?

Todo mundo é mal resolvido em sexo (quem diz o contrário mente). Há algo no sexo que mistura a obviedade do animal com o inefável do ser humano (romantismo, taras e traumas) que não pode ser reduzido a lição de casa. Sexo saudável é sexo pelo sexo, sem preconceitos? Conversa fiada, sexo é sempre "difícil" porque seu "contexto" passa por fantasias, mentiras, inseguranças e infidelidades. Muito sexo sem afeto é coisa de gente fracassada no amor. E não existe aula sobre o "amor certo".

Educação sexual é uma armadilha a serviço de todo tipo de lobby. Vou dar dois exemplos "opostos" para ficar claro. Primeiro: se os pedagogos maníacos por sexo fossem tomados de assalto por católicos? Seria matéria de aula a virgindade até o casamento? E você pai e mãe, que acham esse negócio de casar virgem muito repressor, concordariam?

Segundo: se o bando da educação sexual fosse de "homoafetivos" e obrigassem as crianças lerem histórias em quadrinhos onde meninos beijam meninos? Você, pai e mãe, "heteroafetivos", aceitariam somente porque o bando em questão acusaria vocês de maioria esmagadora preconceituosa?

Sexo nos seres humanos é erotismo. Uma muçulmana toda coberta pode ser mais sensual com apenas seu olho à vista do que uma brasileira pelada na praia. Como "ensinar" essa diferença? Não há educação para tal sutileza. O bando da educação sexual, que insiste em assaltar as crianças com sua pedagogia grosseira, define sexo como algo tão "natural quanto ter sede". Mas, se assim for, sua pedagogia é como obrigar crianças a beber litros de água sem que tenham sede.


(Comentários: Luiz Felipe Pondé foi meu professor de filosofia na FAAP - Ainda que esse termo me soe bastante contraditório: Professor - Filosofia - Faap. Foi um dos meus melhores professores, e é fácil ver o por quê. Não concordo exatamente com o que ele diz. Na verdade, não concordo com as opiniões e com boa parte da forma. Acho a idéia da "pedagoga maníaca por sexo" tola. Acho trechos como "mais normal comentar sua vida sexual com seu pastor alemão" maneiras um pouco infantis de querer chocar. Ainda assim, acho valoroso Pondé usar esse espaço para contestar idéias como essas, e de forma tão incisiva - ainda mais porque nem acredito que ele realmente acredite em tudo o que diz. Pondé é um provocador, e fico feliz que ainda haja espaço para provocadores constestarem valores estabelecidos, nas páginas de grandes jornais. Já falei isso aqui. O importante não é o que ele pensa, ou o que eu penso, é ainda poder vir à tona argumentos contrários, opostos, contestar-se a verdade estabelecida, nem que seja para essa verdade ser reforçada. E se para mim às vezes a provocação pareça muito flagrante - "pedofilia, zoofilia, buuu!!!" - não deve ser para o grande público que lê. Até por aqui, tem gente que se indigna quando eu contesto os valores da família...)

24/01/2009

O APOCALIPSE ACOLCHOADO




Saiu hoje na Folha resenha que fiz do novo livro do Ballard, "O Reino do Amanhã". Gosto do Ballard, já tinha resenhado o anterior dele - "Terroristas do Milênio" - há uns 4 anos, também para a Folha. Gostei desse livro, apesar de achar que ele está se repetindo, e que a mensagem-manifesto do livro está muito flagrante, exposta de maneira didática. Mas é uma boa mensagem...

Interessante também ver as similaridades temáticas dele com meu próximo livro (principalmente no trecho que selecionei na matéria, que fala de apocalipse, crianças, tédio e férias prolongadas). Deve ser uma questão atual, esse "apocalipse acolchoado" (termo do próprio Ballard), o que me faz também pensar na questão de geração literária - se de certa forma autores com quase cinqüenta anos de diferença de idade (Ballard tem 78) não podem ser de uma geração comum, por estarem produzindo ao mesmo tempo, na mesma época.

Mas acho que não. Porque alguém que foi testemunha ocular da Segunda Guerra, que cresceu com outros valores e tem uma linha do tempo muito anterior à minha, vive, entende e encara o momento atual de outra forma, uma outra realidade. É como vivesse numa dimensão paralela, de certa forma, por mais que tenha temas e opiniões coincidentes.

Enfim... Devaneios. Vai aí a resenha:


O apocalipse está para a literatura atual assim como o mal-do-século está para a literatura romântica. Se para os autores do século XIX o indivíduo é quem era cerceado e combatido pelo resto do mundo, chegamos agora à constatação de que são os desejos individuais que estão pouco a pouco destruindo o mundo – gerando uma crise econômica, climática e ideológica.

James Graham Ballard entende o apocalipse como ninguém. Nascido em Xangai em 1930, filho de pais ingleses, foi prisioneiro durante a adolescência na Segunda Guerra Mundial, experiência que narrou no romance autobiográfico “Império do Sol” (levado às telas por Steven Spielberg). Também passou por tragédias pessoais como a morte por pneumonia de sua primeira esposa, que o deixou com três filhos pequenos, e atualmente luta contra um avançado câncer de próstata.

Com tudo isso, é especialmente curioso notar sua perspicácia em localizar o tédio e o consumismo como os principais vilões da atualidade, deixando de lado os confrontos militares e tratando de forma épica, com ares de ficção científica, dramas burgueses subjetivos.

Em “O Reino do Amanhã” (lançado originalmente em 2006), foca uma cidade suburbana nos arredores de Londres, que é dominada por um shopping center: o Metro-Centre. Richard Pearson é um publicitário recém demitido que chega a esse cenário para enterrar o pai, vítima de um possível ataque terrorista. Afastados há muitos anos, Pearson busca restos e respostas de seu pai no apartamento que herdou. Aos poucos, vai percebendo a aura de violência da cidadezinha, onde fascistas e consumistas, apocalípticos e integrados vão fermentando uma guerra crescente, encubada pelo Metro-Centre.

“Para a maioria das pessoas a vida é confortável hoje, e temos tempo livre para ser irracionais se quisermos. Somos como crianças entediadas. Estivemos de férias por um tempo longo demais, e ganhamos muito presentes. Qualquer pessoa que tenha tido filhos sabe que o maior perigo é o tédio. O tédio e um deleite secreto com a própria maldade. Juntos eles podem incitar a uma notável inventividade” – diz o psiquiatra do livro diagnosticando uma “loucura voluntária” na sociedade local. Depois que as drogas, o sexo e a guerra deixaram de surtir efeito, a loucura vem trazer a energia que falta ao homem moderno.

A ruína do consumismo e o fato do protagonista ser um publicitário desempregado dão um saboroso tom profético ao livro. O nacionalismo agressivo e as brigas de torcida são colocadas lado a lado como uma resposta fisiológica à confortável apatia mantida durante décadas e décadas de capitalismo selvagem. Mas ainda que seja atual, não é exatamente novidade. Especialista em ficção científica desde os anos 60, Ballard já fez isso antes. E talvez tenha feito melhor em “Terroristas do Milênio” (lançado no Brasil em 2005, também pela Cia das Letras), onde o mesmo manifesto e a análise sociológica estão presentes no texto de maneira menos didática. Ainda assim, a fina ironia e o humor niilista do autor suavizam o caráter panfletário do livro. E como diria o protagonista: “Violência? Que homem não gosta?” (Três estrelas).


(Agora acho que está na hora de eu receber uma proposta decente para uma coluna fixa num "jornal ou revista de respeito.... Eu nem preciso falar de literatura. Posso falar sobre... O DEUS PATO!)

22/01/2009

O PATO SOU EU


Numa noite lisérgica, sonhei que Deus era um pato. Ele vinha a mim numa revelação; não em roupas de marinheiro, mas também não num grasnado incompreensível. Falava com uma voz suave, pausada – talvez para não me causar pânico por estar falando com Deus, talvez para não me causar pânico por estar falando com um pato:

“Sim, sou o Deus Pato, você precisa aceitar. Se me aceitar como Deus, eu vou poder te guiar.”

Na hora eu o aceitei como Deus Pato, mas depois que despertei fiquei meio sem saber o que fazer, ou como ele me guiaria. Até agora, não achava que é um pato quem me guia. E eu gosto tanto de pato, será que seria uma heresia? Seria uma heresia comprar pato no supermercado, pedir pato no restaurante, comer pato como se eu estivesse comendo o corpo de cristo?

“Você não está escutando. Eu não sou Cristo. Sou o Deus Pato. Seu Deus. Aquele que vai te guiar, se você aceitar”, relembro que ele me disse no sonho.

O Pato Sagrado. Ou o Pato Sou Eu?


Minha antiga editora uma vez me pagou um Pato. Comemos num restaurante em Pinheiros. Me pergunto se foi esse Pato quem fechou meus caminhos. Ou se continua travado na minha garganta...


Continuo sem saber como ele está me guiando, ou aonde vai me levar. Resolvo fazer as pazes, prestar uma homenagem e fazer uma família de Patos para a instalação do Sesc:


(O Pato com a arte de Alexandre Matos.)

Deus então diz que talvez eu seja um cínico. Que eu não acredito na família. Mas pode ser só ironia, não cinismo, já que agora tenho um Pato Perdido, que foi impresso errado, na porta do meu apartamento. O Pato que não seguiu a família. O Pato que se perdeu na gráfica. O Pato desgarrado está aqui comigo. Seria esse meu Deus?

Quem segue a família desce as escadas...


O Deus Pato está realmente se comunicando comigo. Está me guiando, escada abaixo, ou até a porta do meu apartamento. Farei tudo o que o Deus Pato mandar. Tentarei escutar o que ele tem a me dizer. Ele está na porta acima do meu olho mágico, e quando olho através dele, vejo o outro lado, o corredor, o elevador, quem está do lado de fora e quer entrar aqui.

O Pato diz que estou paranóico. Não há ninguém lá.



É noticiado o desaparecimento progressivo de vários Patos do Parque do Ibirapuera. Suspeitam dos cães ou mesmo da contaminação da água. Aqueles Patos não são próprios para comer. Não só não são da espécie adequada, como já estão laqueados pelos dejetos do lago.

Meu Deus Pato Laqueado...

As autoridades dizem para não comer Pato de procedência duvidosa. De repente foi aquele que certa vez comprei num mercadinho na Liberdade...

Meu Deus Pato Laqueado...

O Pato está dentro de mim e as toxinas estão se comunicando comigo. Meu Deus Pato fala comigo, através da carne, das proteínas, das toxinas que passaram para o meu corpo. Uma Alma de Pato radioativa. Um Pato Mutante que tem o poder de se comunicar com seu predador depois de morto, pelos produtos químicos que ingeriu no lago do Ibirapuera.

Não coma os Patos do lago.




Eu queria dizer que tarde da noite, de madrugada, ao amanhecer, mas quando ainda está escuro, escuto o grasnar de Patos na minha porta. Não escuto. Meu Pato fala comigo num tom perfeitamente suave, eu escuto. E mesmo quando está tudo em silêncio, quando não há mais ninguém aqui dentro, olho através do Pato, colado na porta acima do olho mágico, não vejo nada lá fora. Mas sei que há outros seguindo meus Patos.


Moro no apartamento 22.

19/01/2009

IT WAS A VERY GOOD YEAR...

Ontem.

Passei o final de semana recluso, sozinho, no mato, me alimentando dos restos putre-congelados de antigos banquetes esquecidos...

Minha casa de campo fica escondida numa saída discreta da Castelo Branco - casa atual da minha mãe; mas ela foi viajar de navio e eu cuidei de arejar. Para chegar lá, é preciso seguir quarenta minutos por uma estradinha a pé (para quem não tem carro), subindo, até chegar numa estrada de terra, e andar mais um pouquinho. Seria mais fácil se eu não carregasse São Paulo nas costas – em edredons, lençóis, jeans, todas essas coisas que a gente quer lavar na casa da mãe – o que acaba valendo o esforço, porque depois o descanso parece mais merecido.

Também não levo mais nada; nem escova de dente, nem desodorante, nem sabão, xampu, nem comida, nem música; afinal, estou na casa da minha mãe. E com ela longe, eu abro as geladeiras, vasculho o freezer, encontro as mais requintadas iguarias que ela deixa apodrecer: Camarão vencido. Steak tartare vencido. Até pão de queijo, chocolate, pizza congelada vencida. Como chocolate vencido? Me admiro. Minha mãe é uma mulher que não precisa de chocolates. Eu posso sobreviver. Vasculho os não-perecíveis. Tiro uma aranha de dentro da caixa de macarrão. Abro uma lata de molho de tomate. Colho manjericão direto do jardim.

Ainda faço uma caipirinha com limões nativos, e não preciso de mais nada. Tudo certo. Não trouxe cd, mas na casa tem Frank Sinatra. Cozinho ouvindo “Fly me to the Moon”, não preciso de mais nada. Não preciso de mais ninguém, nem de amor, nem de chocolate.


Penso nos esquimós, que comem comida putre-congelada. Carne de urso apodrecida, amacia. Eu comeria um urso polar. Mas aqui é quente e as moscas viriam, as larvas. Penso afinal que uma lagarta é só um bebê de borboleta...


Meu celular não dá área. O computador está quebrado. Para não dizer que é um reduto totalmente anti-tecnológico, há mais de uma centena de canais à cabo, satélite, que passam os mesmos filmes e seriados que tenho em casa, em DVD. Assisto tudo de novo. Para não dizer que não trouxe nada, o Nintendo DS coube na minha mala. E dois livro que eu tinha de ler. Só dois livros, mais nada. Nada da obrigação constante de reler, revisar, traduzir, ou avaliar. E, mais importante, nada da culpa de não poder trabalhar.

A culpa sempre me acompanha. Deve ser minhas raízes cristãs. Quem tem a si mesmo como patrão tem como empregado um escravo – é meu lema profissional. Mesmo que eu não faça nada, mesmo que eu consiga me jogar pela casa, por mais que faça meu próprio ritmo, e possa acordar sempre tarde, também sempre é hora e dia – domingos e feriados – de trabalhar. E se não leio seu email, se não reescrevo seu roteiro, se não acrescento uma linha ao meu livro, me sinto culpado. A culpa é minha fraqueza cristã.

...passam dois dias e estou todo picado de insetos. Em dois dias, a falta de chocolate começa realmente a fazer falta. Estou dando colheradas no mel. Não troquei ainda de roupa e meu desodorante está vencido. Estou fedendo. Tomo banho numa jacuzzi ao ar livre, mas é só para vestir depois as mesmas roupas, sujas de barro. Meus lençóis no varal ainda flutuam úmidos. Só disse uma ou duas frases – talvez mais – só vocalizei minhas frases aos cachorros. Nem sei se eles me escutam. São cachorros do campo, com uma independência com a qual não estou acostumado. Cachorros da família que nunca perguntam por mim. Ainda estou ouvindo Frank Sinatra, mas quando ele canta “when I was 17, it was a very good year...” sinto que estou de vez melancólico.

Estou de vez melancólico. E com os lençóis molhados, ainda mais pesados nas costas, pego a estrada de volta a São Paulo, ao trabalho, a você. Agora preciso de amor e chocolate. Agora não posso fingir que não preciso de mais nada. Não preciso de mais nada. It was a very good year...

13/01/2009

O RAPAZ DOS HIPOPÓTAMOS


(Ilustração: Jozz)


Faz tempo que espio esse blog, mas ainda não tinha colocado aqui: http://hipopotamozine.blogspot.com/

É simplesmente um blog de desenhos de hipopótamos. O autor é um jovem estudante paulistano que roda por aí pedindo os desenhos para os ilustres mais diversos. Tem hipopótamo do Jorge Mautner, Paulo Maluf, João Gilberto Noll, Guto Lacaz, Wim Wenders, David Lynch, Nando Reis e muitos e muitos outros. Idéia simples, curiosa e divertidíssima.

Aproveito e deixo a minha contribuição (ao menos é melhor do que o hipopótamo do Chico Anysio):

10/01/2009

SAMBA, SOMBRA E ÁGUA FRESCA

As andorinhas voltaaaram, e eu também voltei...




Eu e Alê Matos voltamos ao Sesc Pinheiros para uma nova (e longa instalação). Em outubro, participamos da Mostra Sesc de Artes, com sombras de personagens subindo e descendo as escadas (eu faço a criação dos personagens e o texto, Alê faz a arte). Agora nos chamaram de volta, para fazer interferência na área das piscinas, solarium e um elevador. A ídéia é mais ou menos a mesma, sombras com pensamentos, mas desta vez com um conceito mais voltado à piscina, verão e "mensagens positivas".








Está sendo bem legal de fazer (e trabalhoso). A colocação começou neste sábado, e vamos voltar algumas vezes para afixar tudo. O pobre Alê é quem está tendo mais trabalho, tendo de dar vida a todas as insanidades que eu proponho (tem até um diálogo de Carmen Miranda com Medusa); mas enfim, eu já tenho cabelos brancos e ele não...





Para quem quiser ver, fica a dica também de se matricular nas piscinas do Sesc Pinheiros. São bem grandes, tem uma área bem bonita. Você só não corre o risco de me ver de sunguinha lá porque já estou matriculado há anos em outra academia...




Verão também é tempo de Hebe Camargo. Ao menos na revista da Joyce. Tem uma crônica minha lá (inclusive com chamada e meu nome na capa - uh-hu!). Vai aí um trechinho:


Este sofá pertenceu à Hebe Camargo,” me avisou a vendedora nos fundos da loja de móveis usados.



Não levei muito a serio. Ela já tinha me mostrado um fogão que pertencera à Palmirinha, uma bancada do William Bonner e a cama da Monique Evans.



“Compramos muita coisa de um cenógrafo aposentado. Os móveis na TV são usados pouco tempo, logo o pessoal muda o cenário e tem de se livrar de peças novinhas. O sofá foi tão pouco usado no programa que nem a Alcione chegou a sentar nele.”



O resto você lê na revista. A edição de janeiro da Joyce Pascowitch já está nas bancas.


E o ano já começou com três livros para traduzir, uma pauta para a Júnior e a VOLTA DE FERIADO DE MIM MESMO.


Pois é, retornei ao roteiro para cinema (desta vez, com outro diretor). Ainda não vou dar detalhes, essas coisas são arrastadas, demoram aaaaaaanos, e depois tenho de ficar respondendo dezenas de leitores que perguntam "a quantas andam o filme do Feriado". Agora só posso dizer que "anda", está seguindo. E sempre é bom valorizar meu peixe...


Falando nisso, esse ano tem meu livro novo também, viu? Não esqueceu, né? Tenha fé. Deve sair no final deste semestre ainda. Aguarde.

09/01/2009

DRACULA MEETS DOGVILLE


Passei anos e anos sufocando meu lado geek com vodca, pílulas, anfetamina, heroína... (não, heroína não, era só pra shock value e ritmo poético) então ano passado chega um rapazinho aqui em casa com cartuchos de Super Nes, Playstation e culmina me dando um Nintendo DS de presente de Natal...

Devo dizer que meu lado geek aflorou mais do que nunca.

Meio vergonha de admitir, mas acho que o prazer de jogar videogame é tipicamente masculino, e um prazer bem peculiar. Engraçado revivenciar isso agora, depois de passar por outros vícios, outros prazeres: sexo, literatura, conquistas profissionais e financeiras. O videogame aperta botões específicos do cérebro, e eu nem lembrava que os botões ainda estavam lá. Tem a questão do reflexo, da imersão numa realidade alternativa. Aliás, o videogame é um ótimo demonstrativo de como ainda é possível fisgar comprometimento do público hoje em dia. Digo, questiona-se que a literatura atualmente não tem espaço por conta da pressa da população, da hiperatividade, com jovens vendo TV, teclando na net e ouvindo música, tudo ao mesmo tempo. O videogame suga esse público de maneira integral, por horas e horas a fio, e eles estão fazendo apenas isso. Por que consegue absorver de uma forma que um livro não consegue?

Ok, além de autor sou um ser humano, e sei que a resposta óbvia é que um videogame provavelmente é bem mais divertido do que um livro. Ao menos, no que o povo entende como diversão. Talvez o que o povo entenda como diversão seja algo mais interativo, menos passivo – até hoje lembro dos livros que surgiram na minha infância, que prometiam interação, com você escolhendo o caminho a seguir e pulando direto para as páginas que davam o resultado; lembram disso? Pois bem, acho que o videogame atua com mais força do que a literatura por causa disso, por ser interativo, extremamente interativo. Vejo até que o mesmo jovenzinho que trouxe todos esses jogos para minha casa, e que joga comigo, aperta o START e salta para frente toda vez que entra na parte narrativa de um jogo.

(Isso me lembra de quando eu via filmes de caratê com meu primo. Ele avançava o vídeo para ver só as cenas de luta. Mas eu sempre ficava aborrecido por querer saber a história.)

(Com filmes pornôs eu nunca passei por isso....)

Enfim, na verdade isso é tudo uma forma de justificar que eu sou um geek da porra e troquei minhas noites de farra, minhas baladas e parte das minhas férias pelo videogame. E na verdade ao dizer “videogame” estou sendo genérico, porque há meses, meses, meses que só jogo CASTLEVANIA.


Die monster! You don't belong in this world!


Agora chegamos ao tema do post.

Castlevania é uma série de jogos que começou em meados dos anos oitenta, para o nintendinho, e segue até hoje. A premissa é sempre a mesma: matar o Conde Drácula. Mas ao longos das dezenas de jogos que a série já tem, todas as formas já foram testadas. E para um geek com raízes góticas, como eu, continua sendo divertido.

Cenário da minha infância.

No primeiro Castlevania, você era uma espécie de bárbaro que entrava num castelo assombrado, combatia monstros clássicos (Frankenstein, Medusa, múmias, a própria morte) e terminava matando o Drácula. Seguiram-se seqüências e mais seqüências até hoje. A fórmula continua a mesma, mas foram acrescentando mais detalhes à história, mais história, mais armas, mais inimigos, um castelo maior, aliados para o protagonista... e o escambau.



Um dos epítomes (oh!) da série é “Castlevania: Symphony of the Night”, lançando em 1997 pra Playstation, até hoje considerado o melhor da série. Nele você joga como o filho do Drácula, também um vampiro, e tem de vasculhar o castelo e achar armas para matar o próprio pai. Como você joga como um vampiro, pode se transformar em morcego, em neblina, em lobo (que o Fábio diz que é “se transformar em burro”, porque realmente parece um burrico) e todas essas delícias. E como os jogos são feitos pelos japas, você pode imaginar que todos os personagens masculinos são meio mocinhas, andróginos, dândis e afetados, coisa que a mim apetece. A série também é conhecida pela trilha sonora excelente. Tem um misto de barroco e gótico, com batidas eletrônicas que só os japas sabem fazer – no virtuosismo ninguém ganha.



Joguei HORRORES de Symphony of the Night ano passado. E segui em frente com a série. Além dos primeiros, para NES e SNES, joguei os de Gameboy Advance, e agora para o Nintendo DS.



O lançamento mais recente é “Castlevania: Order of Ecclesia”. Eu já terminei! Devo admitir que matei o Drácula no dia 2 de janeiro, no Rio, num quarto de hotel, de madrugada.



O novo.


É um dos melhores da série, porque é difícil, enooooooooorme, você joga no papel de uma góticona trevosa e interage com vários outros personagens durante o jogo. Eu até diria que é uma espécie de “Castlevania meets Dogville”. Sério. Porque enquanto você avança no jogo, em direção ao Drácula, vai salvando uma cambada de coió. E esse povo, ao invés de ficar agradecido de ter sido salvo, vai abusando da pitéia com pedidos do tipo: “traz meu gato perdido pra mim?”, “mata uns corvos lá na plantação?”, “tira umas fotos (!) dos monstros pra eu vender pros jornais?” E completando essas sub-missões logicamente você ganha presentinhos e o povo pede mais favores e o jogo não tem fim.



Mas é legal para ver como esses jogos ainda têm humor, ainda têm auto-paródia e podem ter sua inteligência própria. Em sábados que virei madrugada jogando, me senti um pouco culpado. Eu deveria estar lendo. Eu deveria estar bebendo. Eu deveria estar me jogando na noite e em seus prazeres perdidos, ao invés de torrar o cérebro na frente de uma tela... Ou não?
Me fez pensar no que um jogo desses pode trazer de positivo, digo, de raciocínio, reflexo. Será que se eu ainda dirigisse, estaria melhor nas manobras, ou atropelaria cuspidores de fogo no semáforo?




Falando do DS em si, o atual console portátil da Nintendo, é quase perfeito. Minúsculo, do tamanho de uma carteira. Como você joga bem mais próximo da tela, acaba compensando o tamanho mínimo dos gráficos (mas para quem está acostumado a só jogar na TV, dá um estranhamento inicial). Os auto-falantes são péssimos-péssimos, mas a idéia é funcionar como um Ipod, de fone de ouvido, ninguém vai ficar jogando com som aberto enchendo o saco de quem está ao redor (e de fone é estupendo). A bateria recarregável dura pouco, umas 5 horas (e pra quem joga videogame, isso não é nada), mas dá pro gasto.





A função principal do DS (e que dá nome a ele) é a tela dupla. São duas telas, uma delas touch screen. Isso, na verdade, ao meu ver, até agora, me parece apenas uma frescura tecnológica. Não me justifica em nada ser touch screen. Nos 3 Castlevania que existem para DS, por exemplo, a touch screen não serve para nada, nada mesmo, você não toca a tela uma única vez. Eu joguei (e terminei) jogos como Iron Man, onde a touch screen é essencial e continuo achando que daria para adaptar o jogo para uma tela só, a ser operada com botões.

As duas telas existem para mostrar informações diferentes. Uma mostra informações a serem manipuladas ao toque, outra para ser operada com botões (ou como resposta dos toques da tela “touch”). Ganhei o DS a pouco tempo e não sou especialista, mas por enquanto digo que ainda não descobriram a forma ideal de usar o touch screen. Sem dúvida é um novo jeito de jogar – no novo “Ninja Gaiden” por exemplo, você maneja a espada com movimentos na tela – mas parece mais um requinte tecnológico do que uma jogabilidade intuitiva.

(Ah, sim, a touch screen vem com uma canetinha. Como a tela é pequena, e precisa estar limpa, recomenda-se que, ao invés de usar o próprio dedo, use-se a caneta. Até para ter uma precisão mais definida da onde tocar. Ela funciona muito bem, reconhecendo toque, movimento, velocidade e vigor. Mas whatever...)
Meio inútil também é o microfone, mas até que é divertido. Em Ninja Gaiden, por exemplo, encontrei um velhinho dormindo numa ponte e tentei de todos os jeitos acordá-lo, saltando, batendo, jogando fogo nele. Só então me toquei do microfone. E o jeito de acordá-lo era simplesmente gritando.

O DS também têm funções wireless (infelizmente, o que impede de jogar durante o vôo) que eu não usei e não sei muito bem como funciona. Só sei que, como tem microfone, áudio e video, tem um esquema de chat próprio e de jogar em parceria com quem está próximo, que me dá certo medo.

No último vôo que peguei, tinha uma menina com um DS rosa, jogando Super Mario. Eu jogava Iron Man. Juro que fiquei com medo de que o Mario dela entrasse no meu jogo e atacasse meu homi-ti-ferro. Eu ia meter bomba nela.
Mario mesmo eu gostava quando era criança. Hoje acho um pouco chato. Um pouco engraçadinho demais.

Enfim, essa é a atual geração da insanidade. E fico feliz por ainda fazer parte. Mas queria é que os japoneses não seguissem em consoles tão pequenos. E que eu pudesse crescer entre seus dedos...

04/01/2009

2009 FOI UM ANO INTENSO

Consegue ver a nuvem negra sobre mim?


Sinto como se já estivéssemos em março. Só posso descrever o reveillon no Rio asim, como intenso. Além de porres, ressacas, gripe, muvuca e correria, conseguimos ficar parados em pleno viaduto perimetral, na linha vermelha, à meia-noite do dia 1, com dois pneus do carro furados. Já comecei 2009 trocando pneu, passando apuros, mas no final de tudo certo. Ficam as lembranças, os bons amigos e as fotos, que descrevem bem melhor do que eu poderia...


Strausser, Simone, Wesley, eu e Fábio. Bontinhos e esperançosos por um novo ano...


O champagne já tava fazendo efeito... Ainda mais em copo plástico.



Enquanto estava tudo bem na foto.





Minha alma, já descolando.

Gente bonita e malemolente.

Lubrificando a pista.

Ressaaaaaaaaaaaca...

Alê Matos, Strausser e eu. Começamos o ano trocando pneu.

Na linha vermelha, de madrugada, esperando um táxi, um guincho um segundo estepe, qualquer coisa.

Depois, só nos restou afundar no cabrito.

O grande Dussek garantiu o melhor espetáculo de 2009.


Fábio procura, procura, mas não encontra meus livros na Travessa...


Nazarian desafia os cânones.

Com Pedrinho Neves, sassaricando na Colombo.



No final, decidi que o mais seguro era ficar na piscina do hotel, jogando Nintendo DS.

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...