30/01/2011
Alexandre Aja tem apenas 32 anos, francês, e já dirigiu alguns dos filmes mais bacanas da nova safra de horror. Verdade que os filmes não trazem lá muito de novo – são basicamente releituras (e refilmagens) de clássicos dos anos 70, mas com dose massivas de sangue e joselitagem.
“Viagem Maldita” é sua versão para “Quadrilha dos Sádicos” (de Wes Craven) que ficou melhor do que a original. “Alta Tensão”, segue essa linha de filmes sádicos, de rapto e tortura, mas com um final surpreendente e também sem noção. “Espelhos do Medo” já é bem mais padrãozinho, e eu não gostei, mas tinha boas expectativas com “Piranha”; queria ter visto no cinema, em 3D, mas estreou quando eu estava fora. Ficou agora para o vídeo...
Beeeeem bacana, sem noção total, assumidamente joselito, sangrento e paspalho. Enredo: Um tremor abre uma fenda subterrânea num lago e milhares de piranhas pré-históricas e famintas saem para atacar em meio a um festival da primavera – uma espécie de carnaval para americanos bangolés, cheio de meninas em topless e alcoólatras tarados. E é isso. Você vai ver muitos petinhos de fora arrancados a dentadas, mortes criativas e violentas, e até um pau que é mordido, engolido e cuspido pelas piranhas! (No 3D ele provavelmente voa para o expectador, haha.)
O elenco é ótimo também, além de um punhado de atrizes pornô cult, tem Elisabeth Shue como a chefe de polícia do local; Ving Rhames fazendo uma espécie de Samuel Jackson (só faltou ele dizer: “I´ve had it with this motherfucking piranas in this motherfucking lake!”); Richardy Dreyfus numa pontinha de abertura, como uma referência ao “Tubarão” (ele até está cantando a música que canta no filme do Spielberg, “Show me the Way to Go Home”); Christopher Loyd fazendo... um cientista louco, claro; e uma mini ponta (com uma mega morte) de Eli Roth (que não apenas é ator de “Bastardos Inglórios”, mas também diretor de outros dos filmes de terror mais badass da nova safra, como “O Albergue” e “A Cabana do Inferno”). O ator principal é um piteuzinho (Steven McQueen), que basicamente representa o próprio expectador do filme na tela: um adolescente que só quer ver peitinhos e dançar o pam-pam-pam-pam-pam-pã!
Enfim, o filme mais divertido que vi em 2011.
Eu sei, eu sei, o ano está apenas começando. Mas já loquei uma porrada de trasheira na locadora aqui da esquina – Pânico no Lago 3, Pânico na Neve, Pânico em Alto Mar – Ei, aqui na Barra da Lagoa não tem 2001, não dá para esperar Tsai Ming Liang – mas também, pelo que eu me lembro, da última vez que aluguei na 2001 eles cobraram DEZ REAIS por uma diária. Para quanto foi isso agora? Aqui, eles cobram DOIS E CINQUENTA o catálogo, QUATRO REAIS o lançamento, sendo que ao alugar três filmes, ganha o quarto de graça. Só assim mesmo, porque a cidade inteira de Florianópolis tem o quê? Dez cinemas? Em São Paulo, só na região da Paulista tem uns 40? E a maior parte de cinemas "cult". Ver uma tosqueira como "Piranha" é até difícil por lá. Eu sei bem quantas vezes tive de ir pro Shopping Metro Santa Cruz, Shopping Tatuapé, pra ver coisas como "Abismo do Medo", "Morte Súbita"...
Desculpa mas não dou a mínima mesmo para o fechamento do Belas Artes.
21/01/2011
Na praia, correndo das nuvens, das calorias, da maturidade...
Sexta-feira chuvosa, nublada; ao menos esfriou um pouco aqui na Ilha.
É meu primeiro final de semana em mais de um mês sem hóspedes em casa. Fiquei mal acostumado. Tenho uma garrafa de vodca fechada no congelador, essa varanda imensa, e ninguém para convidar. Meus (pouquíssimos) amigos daqui moram longe, no centro, é praticamente outra cidade.
E a vilinha aqui é literalmente outra, no verão. Praia cheia, argentinos por todos os lados, alguns europeus, mas ninguém para chamar de meu – Oh! Sem visitas perde um pouco o sentido ficar morgando na areia, sozinho. E agora ainda está chovendo...
Minha mãe (que tem uma visão extremamente pessimista da velhice – ou talvez da vida em geral) diz que com o passar do tempo fica cada vez mais difícil conhecer pessoas, fazer amigos e tudo mais... É verdade. Eu já fui feliz... Oh! Já fui bem feliz. E passa o tempo a gente vai ficando mais chato, mais seletivo, os hormônios adestrados... Já fui feliz. Já tive os melhores namorados (e namoradas) da praça, então agora fica difícil. A gente já conhece o gosto de tudo...
(Minha mãe também disse: “Agora você está bem, não está tão magro,” o que me fez redobrar a corrida na praia, todos os dias, na hora do almoço. Mas ainda não abri mão das caipirinhas e dos churros... Como diria The Clash: “Churros Stay or Churros Go?”)
Enfim, estou precisando mesmo de um final de semana chuvoso e sozinho – estou precisando, estou precisando – ainda preciso terminar de reler a prova do PORNOFANTASMA, tenho três traduções na fila, um livro para fazer o parecer, fora os dois livros novos que estou escrevendo.
E ainda me peguei essa madrugada em horas e horas no (Nintendo) DS – joguei Simon's Quest (emulado do Nintendinho) de cabo a rabo (também, jogo isso há mais de VINTE ANOS!) e ainda recaí no meu vício de Tetris. Alguém já terminou Tetris? Tem final? Geralmente eu perco porque minha mão fica anestesiada, com mais de uma hora jogando seguida; talvez eu devesse dar um Pause... Mas tem algo viciante naquela coisa de encaixar as pecinhas, de fazer as linhas desaparecerem...
Oh, what a horrible night to have a curse...
Ah, mas o horário que eu perco no DS é o que você perde assistindo Futebol, Big Brother, novela, sei lá...
Fazendo linhas desaparecerem mais rápido do que Fábio Assunção.
Bem, também me peguei assistindo essa novela nova. Para ver Florianópolis. Mega divertido os comentários no site do Diário Catarinense, dos manézinhos reclamando que “ainda não mostraram quase nada da nossa Ilha” ou “não tem de mostrar mesmo, já tem gente demais aqui neste verão” ou “os cariocas têm é inveja e competem com a gente pelo turismo.” Verdade é que cansa aquele universo carioca da novelas da Globo, mas não é uma rápida ambientação em outra capital que vai dar jeito. A produção cultural brasileira ainda é essencialmente carioca – vide os “caraca” e “maneiro” com forte sotaque que se ouve até em desenhos e filmes dublados. Eu sou o paulistano mais paulistano que conheço. Aprendi a andar de bicicleta no Ibirapuera. Tenho certidão de nascimento do Jardim América - oh! Embora agora já tenha anos de vivência no sul...
Mas o que eu estou divagando...?
Acho que vou gastar as divagações num romance novo que estou escrevendo (sem pressa, nem previsão de publicar). Fique aqui com o que tenho mais ouvido, das minhas bandas favoritas, que só eu gosto.
18/01/2011
Só vi esta agora. Foi gravada em meados do ano passado - na minha visita a Cachoeiro do Itapemirim. Achei bacaninha.
17/01/2011
Ok, esta NÃO é a capa do livro...
Já estou com a prova revisada do livro novo - PORNOFANTASMA. Veio bem limpinho. Tinha mandado este rascunho de capa, mas infelizmente não conseguimos localizar o copyright da foto (se você souber, ainda dá tempo...). Estou pesquisando outras opções. O livro sai nos próximos meses, lá pra abril/maio, novamente pela Record. Como eu já disse, é meu primeiro livro de contos, são catorze, a grande maioria ainda inédita, mas alguns já saíram em antologias por aqui, outros em espanhol. Vai a lista:
CATORZE ANOS DE FOME
CONTO DE LOBISOMEM
APOCALIPSE SILENCIOSO
EU SOU A MENINA DESTE NAVIO
AS VIDAS DE MAX
NATRIX NATRIX
MARSHMALLOW QUEIMADO
PIRANHITAS
O VELHO E O MATO
TREPADEIRA
VOCÊ É MEU CRISTO REDENTOR
PORNÔ FANTASMA
A MULHER BARBADA
"TODAS AS CABEÇAS NO CHÃO, MENOS A MINHA!"
11/01/2011
Verão aqui no quintal.
Os amiguinhos de férias agora aportam por aqui. Final de semana recebi a visita querida de Cris Lisbôa e André Coelho, velhos amigos que são sempre benvindos.
Infelizmente, eu mesmo não estou de férias... e tem sido um sufoco conciliar o verão com os trabalhos, literalmente. Semana passada estava tão quente que eu pingava com o calor do laptop no colo. Fico vendo aqui da varanda os surfistas vindo, os surfistas voltando, e eu ainda às voltas com traduções, traduções, literatura, literatura!!!
Fora os pagodes que agora rolam na frente de casa, as filas no mercado, o preço de tudo que subiu... Dá quase saudades do inverno...
Coelho prova dos meus drinques.
A hóspede de hoje é minha mãe, que está de aniversário. Fiz um belo bolo de chocolate, amêndoa, nozes e CACHAÇA, com cobertura de Nutella. O povo me pediu a receita no Facebook, mas a receita é... um bolo de chocolate com amêndoa, nozes e CACHAÇA, com cobertura de Nutella, ué? Só peguei a receita de um bolo de chocolate básico e fui acrescentando coisinhas gostosas... Vocês não têm imaginação?
05/01/2011
Marcelo Garcia (em primeiro plano) com a patota, em algum domingo distante no Grind.
Hoje se foi o grande Marcelo Garcia, que estava internado há 26 dias, vítima de um acidente de moto. Eu o conheço há mais de dez anos, e com ele vivi algumas das histórias mais hard rock da minha vida, no melhor sentido. Passamos uma noite com Marilyn Manson e banda, em 98; levamos o baixista do Einsturzende Neubauten, Alex Hacke, para beber antes do show em SP... e atrasamos o show por causa disso; fomos juntos ao show do Suede, em Londres - onde morei alguns meses na casa dele - além de várias noites divertidas (e também desavenças) que tivemos por aí. Agora estou lembrando de tanta coisa...
Acho que o último encontro que tivemos já faz mais de um ano, quando ele gravou o video-release do meu romance O Prédio, o Tédio e o Menino Cego, mas fui visitar e dar uma força para sua querida esposa, Fábia, no hospital, agora no final do ano.
Fica aí minha homenagem para essa figuraça, que vai fazer parte para sempre dos meus grandes momentos. E para a linda Fábia, que ficou firme e forte ao lado dele.
Os amigos continuam com você.
04/01/2011
Comecei 2011 de péssimo humor e numa lassidão só, então não me aporrinhe.
Aproveito para colocar a resposta de Nelson de Oliveira à crítica da Folha sobre sua proposta de antologia (já que a antologia em si ainda não chegou a ser lançada e lida).
Zona de confronto versus zona de conforto da crítica
NELSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Li com bastante atenção o artigo do editor da Ilustríssima, Paulo Werneck, sobre a antologia "Geração Zero Zero" (Ilustrada, 18/12). Mas confesso que, terminada a leitura, precisei verificar o cabeçalho do jornal. Fiquei em dúvida se estamos mesmo em 2010.
O problema central do artigo não são as falácias de comunicação ou a piada inocente, mas o descompasso entre texto e contexto. Sinal disso é certa visão luddista do marketing.
Os argumentos com falhas lógicas, de difícil comprovação ou refutação (as falácias), são muito comuns em debates e artigos de opinião.
Poucos articulistas conseguem evitá-los. Mas a disfunção principal do artigo de Paulo é mesmo de cronologia. Vivemos numa época em que as verdades são provisórias, mas o artigo, cheio de certezas perenes, não aceita isso.
Enquanto a Geração Zero Zero dialoga com a ambiguidade, ele cobra mais nitidez.
Porém nitidez objetiva é assunto da matemática e da ciência, não da arte e da literatura, sempre subjetivas.
Aliás, é bom lembrar que certas áreas das ciências exatas já aceitaram a ambiguidade inevitável.
É com elas que a Geração Zero Zero interage.
Nossa antologia relaciona-se, por exemplo, com o princípio da incerteza de Heisenberg e o gato morto-vivo de Schrodinger.
Com a nanomedicina e as próteses neurológicas. Com a bizarra matéria escura que compõe noventa por cento do universo, mas ninguém sabe o que é.
Por pertencer ao passado, o artigo de Paulo Werneck defende as leis de Newton para a criação poética.
Também reforça, com desmedida bronca, a ojeriza à ideia de geração-com-recorte-temporal, procedimento comum nas artes plásticas.
Isso já aconteceu antes, com a Geração 90. Mas só agora eu noto essa "gerafobia" quase consensual, esse medo exagerado de geração.
A intenção primeira da nova antologia é divulgar a obra dos ótimos ficcionistas que estrearam na primeira década deste século.
A intenção segunda é trabalhar na zona de confronto, fora da zona de conforto do leitor e da crítica newtonianos. A terceira intenção? Não há.
Não existe qualquer intenção demoníaca oculta, de tomada do poder estabelecido, de revolução cultural etc.
O escritor Santiago Nazarian escreveu em seu blog: "Não há nenhum grande plano nefasto por trás, não há nenhuma intenção perniciosa. É só (mais) uma antologia".
Concordo totalmente. "Geração Zero Zero" é só (mais) uma antologia de ótimos ficcionistas brasileiros.
NELSON DE OLIVEIRA é autor de "Poeira: Demônios e Maldições" (Língua Geral) e organizador da antologia "Geração Zero Zero", que será lançada no primeiro semestre de 2011 pela Língua Geral, com 21 autores de ficção nacionais.
01/01/2011
Virando todas aqui em casa.
Ufa, viramos. Reveillon gostozinho aqui em casa, com amigos, champagne e peru. Na verdade, nem lembro de muita coisa... haha, mas estou revendo aqui com as fotos...
O dia começou cedo; eu temperando o peru, enquanto o povo dormia. Aqui tem o recheio de farofa de pão - que é segredo, mas fica a dica da laranja.
Quando o pessoal acordou, fomos pra Mole. Aqui, Simone e Strausser contemplam a lagoa.
Já começamos na caipirinha.
Simone na aguinha de coco.
Com aquele som do demo tocando na Mole, fomos pra Galheta. E Hau voltou a dormir.
...enquanto praticávamos estrelas.
Hau acordou só pra humilhar.
Simone vai ao mar. (Reparam que é véspera de ano novo, Florianópolis, uma praia do ladinho da minha casa e... NÃO TEM NINGUÉM. Por isso é que esta ilha não afunda.)
Galheta é praia de nudismo opcional, então vai uma prévia. O resto, na G Magazine de março.
Na volta, mergulho no canal da Barra.
Ida, minha mãezinha verde, puxa minha orelha.
Enquanto esperávamos o peru ficar pronto. Demos dancinhas na varanda. Não lembro o que estávamos escutando - talvez "Poeiraaaaaaaaaa..." - só sei que perto da meia noite Strausser falou: "Coloca Cauby!" É por isso que ele é meu irmãozinho.
Acho que consegui arruinar de vez minha reputação na Barra.
Não lembro direito como a noite terminou. Mas terminei bem bonzinho, sozinho, na minha cama, ok? Acordei hoje lá pelas onze e aproveitei para rever as fotos, postar aqui, enquanto o povo dorme. Foi lindo ver toda a louça lavadinha, tudo guardadinho. Bons hóspedes.
ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?
Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...