30/04/2012

E O QUE EU ANDO LENDO

Terminei esses dias a leitura do último livro que havia comprado em Helsinque. Ou melhor, comecei e terminei em dois dias. She´s Never Coming Back, do sueco Hans Koppel (que dizem ser um pseudônimo do sueco Petter Lidbeck) é um "page turner", um thriller desses que você não consegue largar até chegar ao fim. A premissa: uma mãe de família é sequestrada e mantida num porão na casa em frente à sua, conseguindo ver seu marido e filha apenas por um televisor que transmite 24 horas por dia o que se passa na fachada de sua casa. Desde o começo sabemos que a mulher não é lá tão inocente, mas aos poucos vamos conhecendo a história que a leva a passar por todo tipo de tortura, incluindo, é claro, estupros sistemáticos.

Lembra muito aquelas histórias cabulosas dos telejornais, de meninas que ficaram mantidas em cativeiro por anos, que tiveram filhos com seus sequestradores e tudo mais; coisa louca desses países frios. Quando terminei, não sei se me senti aliviado por ter fugido da Escandinávia ou frustrado por não ter tido emoções mais fortes por lá... Haha.

She's Never Coming Back dará um ótimo thriller cinematográfico. É aguardar para ver que editora publicará em português, por aqui. Eu li a tradução para o inglês.

Antonio Xerxenesky. Enfim, um novo autor novo.


Quase mudando de assunto...

Eu tive sorte de surgir numa geração de escritores que teve grande visibilidade. No começo dos 2000, os "jovens autores" eram a bola da vez na mídia. Moleques de vinte e poucos anos tiveram um espaço que há muito (ou nunca?) não se via para escritores iniciantes. Clarah Averbuck, Daniel Galera, João Paulo Cuenca, André Takeda e eu conquistamos um espaço inédito, em grande parte pela força das novas mídias, a Internet e o barateamento da auto-publicação. Três meses depois de publicar meu primeiro livro (em 2003) eu era chamado para a mesa de abertura da Flip, para dar um exemplo da dimensão da coisa. Mas depois de um tempo, o furor passou, ficaram os autores que tiveram persistência, paciência e, quem sabe, talento; e o hype em cima de novos autores passou.

Hoje não se vê mais tanto alarde em cima de novos nomes como a gente teve, infelizmente. E eu me pergunto tanto onde estão os moleques de vinte e poucos anos, de talento, que estão publicando hoje. Encontro muito poucos. Mas acabei de encontrar mais um.

O gaúcho Antonio Xerxenesky tem 27 anos e publicou dois livros: um de contos e o romance, Areia nos Dentes, que acabei de ler.

É bem, bem, bacana. Um faroeste metalinguístico com zumbis, para resumir. Não sou lá muito de faroeste, mas Xerxenesky joga muito bem com os estereótipos (ou "regras") do gênero, e usa isso para discutir o fazer literário. O narrador/autor do livro (que é um personagem) surge entre os capítulos para reavaliar sua história, valer-se da autocrítica e livrar-se do pastiche. Eu mesmo já morei em Porto Alegre e sempre achei que aquele lugar era o perfeito cenário de faroeste, então Xerxenesky está em casa.

Não conheço o menino, nunca vi, nem sei se ele já me leu. Mas o romance dele estava num pacote que recebi da Rocco, junto de vários outros títulos, e quando li a orelha (escrita pelo Galera) dizendo que o livro tinha zumbis, decidi levar para ler no avião à caminho de Bogotá.

Bom ver que eu não estou só em levar os zumbis à literatura brasileira. Bom ver que novas gerações (bem, se é que se pode dizer que os sete anos de diferença que me separam dele formam uma nova geração....) continuam acreditando na escrita. Eu continuo firme acreditando que o que a literatura brasileira mais precisa é de juventude, novidade, frescor.


25/04/2012


O QUE TEM LIDO?

Com TábitaMaurenValentini, cabeleireira

Tábita, minha cabeleireira pin-up de Florianópolis. 


Nazarian: E aí, Tabitinha, qual foi o último livro que leu?

Valentini: “A Vida como Ela É”, de Nelson Rodrigues.


Nazarian: Hum, e foi como a vida é mesmo?


Valentini: Bem, é a vida que muitos têm, mas q nunca confessariam ter...


Nazarian: Confessa que é a sua? Haha


Valentini: Aiaiai... Não me comprometa que agora sou uma mulher séria, mãe e tudo mais...


Nazarian: Haha, ok. Então digamos que você pode viver no livro uma outra realidade... Hehe. O que mais gostou no livro?


Valentini: Claro que sim... E o que mais gostei foi como o narrador trata as coisas com profunda naturalidade, como se tudo fosse absolutamente normal, possível e aceitável...


Nazarian: O livro é uma coletânea das colunas de jornal do Nelson...


Valentini: Isso mesmo. São 100 contos. Dá para se divertir bem...


Nazarian: "Diversão" não é uma palavra que as pessoas hoje em dia associam com leitura...


Valentini: Mas eu associo porque em alguns momentos não consigo conter as minhas gargalhadas, por mais estranha que a história seja...ou pareça... Devo ser louca…


Nazarian: Não foi o Presidente Lula que falou que ler era "como correr na esteira" da academia, chato, cansativo, mas importante…?


Valentini: Bem, se ele disse isso, faz jus a tudo que penso dele... Quer saber qual o conto de que menos gostei?


Nazarian: Sim.


Valentini: O conto que menos gostei foi “Cemitério de Bonecas”... Porque é tenebroso demais, o final é horrível...


Nazarian: Hum, não é algo aconselhável para uma mulher grávida...


Valentini: Não por isso... Mas é que o velho personagem da trama é um nojento, um falso bom samaritano... Acharia horrível em qualquer circunstância...


Nazarian: Mas você menos gostou por não ser tão bem escrito ou por ser bem escrito "para o mal"?


Valentini: Por ser algo para o mal...


Nazarian: Hum, melhor assim, não? Eu mesmo acho que a literatura mal escrita em si é para o mal, mesmo que fale de anjos, amor e "a chave para a felicidade".

“A Vida Como Ela É”, de Nelson Rodrigues, é uma coletânea de crônicas que ele publicou no jornal Última Hora, durante a década de 50. Sua edição mais recente é da Agir (2006). 


E falando em leituras...


Com o verdadeiro JT LeRoy, a autora Laura Albert. Gravei entrevista com ela. Aguarde...

22/04/2012

PRA LÁ DE BOGOTÁ



De volta a Colômbia (foto de Rodrigo Lacerda).


Em 2007 estive pela primeira vez na Colômbia no mega festival Bogotá 39 (que elegeu os 39 autores com menos de 39 mais importantes da América Latina). Uma experiência incrível  que me deixou com uma ótima impressão do país.



A foto de 2007 (da Verônica Stigger). 

Agora voltei como convidado da Feira do Livro de Bogotá, que este ano tem o Brasil como convidado de honra. Até 1 de maio há uma programação intensiva de mesas, debates e lançamentos com autores brasileiros.


Com Daniel Galera e João Paulo Cuenca, mediados por Mauro Ventura.

Minha mesa foi na sexta, um debate sobre nossa identidade como "escritores brasileiros"  e "escritores universais", nossas experiências fora do Brasil (como autores, turistas e imigrantes) e aceitação (ou não) da nossa obra lá fora. A conversa dava muita discussão, pena que foi uma mesa tão rapidinha, apenas uma hora, sem nem tempo de abrir para participação do público. 



Com o grande Ferrez. Gente boníssima. 

Além das discussões "oficiais", é sempre muito bacana participar desses festivais onde você encontra muita gente do meio, escritores, jornalistas, ilustradores, agentes. Sempre surgem discussões proveitosas nos bares, na noite. Tomei café com o Ferrez, o Ziraldo e o Zuenir Ventura. Tive um ótimo almoço com o Rodrigo Lacerda. Fui ver um show da Anna Cañas e Paulinho Mosca com a Ana Maria Santeiro, o Daniel Galera e mais uma galera (hohoho). Você percebe que muitos dos seus questionamentos são partilhados pelos colegas, tem uma visão mais ampla sobre sua própria carreira. 



Ana Cañas e Paulinho Mosca fizeram shows para a programação paralela da Feira.


Da cidade mesmo eu não aproveitei tanto. Já conhecia aqui, e depois de tantas viagens que fiz recentemente, não estava no menor pique para o turismo. Mas ontem a noite quebrei todas...


Com a queridíssima Paola.

Uma leitora colombiana me escreveu no Facebook, foi assistir minha mesa e me convidou para as noitadas. Fomos ao "Teatron", que eu já conhecia de 2007, mas que não deixou de me impressionar. É uma boate gay imensa, IMENSA, mas com uma proposta bem mais bacana do que essas mega boates paulistanas. São incontáveis pistas (sério, perdi a conta), cada uma tocando um som - eletrônico, drag hits, salsa, rock alternativo - são vários ambientes, dá para se perder fácil-fácil. Você paga mais ou menos uns 25 reais, ganha um copo de plástico duro e tem open bar de cerveja e vodca vagabunda. Não deu nem 5 minutos lá dentro e já vieram meninos me tirar para dançar - isso, tirar para dançar, agarradinho, uma coisa "chorando se foi". Eu não levo jeito para isso, me senti meio o Scharzenegger naquele vídeo antológico do carnaval do Rio nos anos 80, mas deu para ser bem feliz. 

Fico aqui até amanhã, daí volto a SP. Espero que agora que estou de volta ao Brasil, a São Paulo (pelo menos por um tempo) se intensifiquem os convites para eventos literários, porque os últimos anos foram uma lástima. Pelo menos fora do Brasil a coisa está rolando. 


18/04/2012

O QUE TEM LIDO?

Michel Laub.


Comecei este mês uma coluna mensal na revista de literatura Metáfora (http://www.revistametafora.com.br/). É um bate-papo soltinho, coloquial, sobre o que as pessoas estão lendo. Para a revista, o bate-papo deverá ser primordialmente com escritores, mas a coluna se desdobrará semanalmente (todas as quartas-feiras) aqui no meu blog, com todo tipo de gente. A intenção é não apenas saber o que as pessoas estão lendo, e dar dicas de leitura, mas seguir com discussões paralelas ao tema do livro, da leitura ou da literatura em geral.

Comecei esse projeto com o grande e querido Michel Laub (http://michellaub.wordpress.com/). Já foi publicado na revista. Reproduzo abaixo.

Quarta que vem tem outro. E assim eu movimento um pouco mais esta bagaça.


Nazarian: E aí, Laub, o tem lido?

Laub: O último foi “Viagem ao Fim da Noite”, do Céline acabei semana passada, estava para ler há anos.

Nazarian: E valeu a pena toda essa espera?

Laub: Sim, muito; além de tudo, é um livro engraçado, coisa que eu não esperava

Nazarian:Por que levou tanto tempo para ler?

Laub: Não tinha tempo ou não lembrava. E leio cada vez menos esses clássicos, acabo lendo muito lançamento e coisas de trabalho

Nazarian:Ah, essa é a praga dos escritores contemporâneos...

Laub: É difícil parar tudo e ter concentração para pegar um clássico e ficar lendo só isso durante um mês; é uma praga mesmo. Fora o tempo para escrever, coisa que às vezes não combina com leitura, em especial a leitura de clássicos.

Nazarian: Hum, você acha? Para mim isso não compete. Tipo, ler só ajuda para escrever, nas épocas que mais leio, é quando mais escrevo...

Laub: Eu também; mas em geral com um outro tipo de texto, uns pedaços de livros aqui e ali, muita coisa ruim, inclusive, mas que por algum motivo me ajuda

Nazarian: E o livro do Céline, entrou na categoria "livros da minha vida"?

Laub: Sim, é muito bom mesmo e muito moderno; ou contemporâneo (poderia ter sido escrito agora) o que é raro em clássicos.

Nazarian: E raro também a gente encontrar hoje em dia "livros da vida", não? Parece que eles ficaram todos na adolescência ou começo da nossa vida adulta...

Laub: Sim, de ficção mesmo, é um a cada dois, três anos.

Nazarian: Uau. Você tem mais sorte do que eu. Haha

Laub: Não-ficção é mais fácil, depende mais do tema, nem precisa ser bem escrito, basta ter informação.

Nazarian: Bacana.

Laub: Mas talvez não seja a categoria “livro da minha vida”, talvez nem o Céline esteja nela. É só aquela coisa de dizer, pqp, que foda é este cara, o que é muito raro. Mas este ano eu até que estou com sorte.

“Viagem ao Fim da Noite” , do francês Louis-Ferdinand Céline, foi publicado originalmente em 1933, como uma crítica à sua época, e foi considerado um romance maldito. A Cia das Letras lançou no Brasil uma edição de bolso da obra.


12/04/2012

A VOLTA DA CARECA LOUCA

Novo single da Sinéad O´Connor.

Em 1994, aos 16 anos, eu já era fã de Blondie, Eurythmics, Pretenders. Estava fazendo intercâmbio na Inglaterra, e um dia entrando num Pizza Hut para almoçar, ouvi o "Nothing Compares 2U" da Sinéad O'Connor. Eu já conhecia a música, mas foi só naquele momento que a ficha caiu , e eu descobri que Sinéad era mais uma cantora que eu poderia chamar de minha.

Sou fã desde então. Nunca vi ao vivo, mas acompanho a carreira e tenho todos os álbuns (e alguns singles). Mesmo mega surtada, Sinéad conseguiu manter um certo padrão de qualidade. Há discos melhores, piores, mas todos têm grandes momentos, algumas músicas de chorar, como nesse novo que acaba de ser lançado: How About I Be Me (And You Be Me) (ok, que merda de título).

Sinéad já ameaçou largar a carreira várias vezes. Chegou a postar uma carta em seu site dizendo que não queria nem que fãs viessem falar com ela na rua, que se a vissem que atravessassem para o outro lado. Mas acho que é essa crise e essa insanidade que mantém a personalidade e a força do trabalho.

Fire on Babylon, de 1994. Um quase hit.

O ponto alto de sua carreira foi mesmo o "Nothing Compares 2u" (que é um cover do Prince), em 1990. Depois disso, não teve nenhum grande hit, mas seu trabalho sempre foi intimista, e não ajudou em nada ela rasgar uma foto do Papa João Paulo II, ao vivo no Saturday Night Live, em 92.


Em 2000 ela tentou ser pop, mas não deu certo.

Para mim, ela sempre foi compositora de algumas das pérolas mais lindas da música pop. Um talento e uma voz absurdas. No disco novo (o primeiro em cinco anos) ela volta em grande forma (ainda que chubbyzinha). Está longe de ser o seu melhor trabalho, mas todas as faixas são boas, com destaque para o primeiro single (o vídeo acima) "The Wolf is Getting Married", o cover de "Queen of Denmark" e "Old Lady". É um disco folk-pop, com arranjos mais pop do que seus últimos discos, que não deve fazer grande sucesso, mas mantém sua base de fãs cativa.

É bem bonitinho acompanhar a carreira e perceber, por exemplo, que no disco de 1994 seu filho participava cantando numa faixa, ainda pequeno. No álbum novo ela canta "Back to Where You Belong" (para mim, a melhor faixa do disco), com uma letra que leva a gente a fazer as contas, e imaginar que hoje o filho dela já tem seus vinte anos, e saiu de casa porque não aguentou a mãe surtada:

Oh it's hard to
be a boy
when
all the men have
lost their joy
and they can't find the ones they left behind .

Harder still to think
of being a man
in this world of
no lessons or love ,
it's only war that men be thinking of .

Should you stay
or should you come down with me ?
Is that the question
you are asking of me ?
And do you think that you can
take the answer ?
As it turns ,
you have to wear life well .

Come down with me ,
come down
when you need me
but for now I want you
to be happy .

Sometimes life does
things to you
that will hurt you
and confuse you ,
but when you're left behind
you're sure to find .

I am with you though I can't
come with you .
I am in you and I'm
always part of you ,
and all you ever have to do
to bring me to you
is ...

Come down with me ,
come down
when you need me ,
but for now I want you
to be happy .

So you must go back home ,
that's where you belong.
You must go back home .

You must go back home ,
that's where you belong .

You must go back home ,
and I can't come along ...

Essa é daquelas, de chorar. Sinéad sabe cantar como ninguém, e sabe dosar muito bem a potência de sua voz, começando algumas estrofes lá em cima e terminando quase num sussurro.

Enfim, com "How About I Be Me" Sinéad O´Connor volta aonde ela pertence, ao topo dos meus artistas favoritos.



Sinéad em sua melhor forma, em 1990.


04/04/2012

SÃO PAULO SELVAGEM

Sim, estou de volta a São Paulo (a um mês, na verdade, apesar de ter passado alguns dias em Floripa). Algumas pessoas me perguntaram sobre as atualizações mais esporádicas do blog, a falta de ânimo, de fotos, de neve... Você quer mesmo ver fotos de eu pedalando na Avenida Paulista? Subindo a Augusta? Indo e vindo no minhocão? (Não responda!)

Eu criei este blog para divulgar meu trabalho – embora eu saiba bem que isso é o que menos interessa a grande parte do povo que vem aqui. Com o tempo, fui pegando gosto também por essa função de diário, registro de momentos importantes para mim mesmo, e uma forma de dividir com os amigos. “Como está na Finlândia?” muita gente me perguntava. E eu podia simplesmente responder: “Leia no blog. Lá tem fotos e tudo mais.”

Além disso, sempre posso divulgar coisas bacanas que ouvi, assisti, li. Divulguei incontáveis peças, filmes, livros, discos – de amigos e desconhecidos. E mais do que um universo noir (ou trevoso), que caracteriza mesmo meu gosto e interesse principais, acho que a linha constante aqui foi sempre fazer a diferença, trazer algo diferente, deixar de lado o que está todo mundo comentando. Embora o que se espera hoje dos escritores seja um olhar diferenciado sobre o mundo em que vivemos, minha busca é sempre trazer um olhar diferenciado sobre um mundo diferente. Um mundo próprio, talvez. Ou um mundo alienado, se preferir.

Essa é a integridade que procuro manter tanto no Jardim Bizarro quanto no meu trabalho. E isso para deixar claro, Jardim Bizarro não é meu trabalho. Eu não ganho um tostão para escrever aqui. Já recebi convites para mudar de hospedagem, para colocar link de patrocínio, mas nunca tive pretensões de bombar de acessos, preferi sempre me manter independente, para manter minhas postagens pessoais e bizarras. Por esse motivo também nunca fechei uma coluna fixa em veículo algum – nunca me acertei com o que queriam de mim e o que eu queria fazer.

Enfim, isso não é uma despedida. Não estou terminando com o blog, não. E não estou me suicidando (ainda). É só para reforçar que este é um blog pessoal, que escrevo quando quero escrever, quando tenho o que dizer, quando quero guardar o momento para mim mesmo, e quando a vida me inspira...

Eu poderia dizer que São Paulo não me inspira, mas a verdade é que tenho escrito um livro novo bastante paulistano, no pior sentido. São Paulo me inspira terror. Sábado passado eu voltava para casa de uma peça de teatro, lá pelas duas da manhã, e fiquei chocado com todo aquele povo verde no baixo-augusta, lotando a rua, bebendo, cheirando; aquela rua suja. Eu NUNCA gostei de boteco, e hoje sinto que não tenho nem mais idade nem mais saúde para isso, embora todos meus amigos continuem lá, bebendo, cheirando, fazendo sexo antes do casamento... (haha, ok, ok, menos, menos).

Acho isso uma miséria de final de semana.

Não estou imune, claro, não estou acima. Mas sempre tento escapar... Claro que São Paulo tem coisas imbatíveis. A diversidade de pessoas, talvez de vidas. A cena cultural. Acho fenomenal isso de ter centenas de peças para assistir todos os dias da semana. Sábado passado fui assistir à meia noite, no Espaço Parlapatões, a estreia de “A Máquina de Dar Certo”, do Roberto Áudio. É um espetáculo experimental, quase um espetáculo de dança, que de certa forma lida muito com a “máquina” dessa cidade. Recomendo bem.


Aqui, por enquanto, não tenho muito mais a contar. Vou levando o cotidiano como sempre, e cada vez mais faz menos sentido.

NESTE SÁBADO!