31/05/2013

E A VIDA LÁ FORA


E finalmente chegou aqui, edição espanhola de Masticando Humanos, lançada pela Ambulantes, de Madrid. Bem na hora. Semana que vem estou lá, lançando na Feira do Livro. 

A carreira internacional tem sido lenta e restrita, mas tenho de agradecer só por ter uma carreira internacional, porque a batalha é sangrenta. Mais comum tem sido os convites para feiras e congressos, principalmente na América Latina (Colômbia, Argentina, Peru e Venezuela) e alguns na Europa (Espanha e Alemanha).  É estranho, eu vou para um país onde ainda não fui publicado, onde ninguém me conhece, e falo sobre minha literatura, a literatura do meu pais, a literatura em geral... e ainda há gente interessada em me ouvir. Hum. 



Congresso de Nuevos Narradores Iberoamericanos em Madrid (2010). 

PUBLICAR já é bem, bem mais difícil. Para começar, são poucas pessoas que podem LER o livro em português nas editoras lá fora. E essas pessoas estão avaliando os bestselllers, os premiados, os temas que são mais reconhecidamente "brasileiros". Um "jovem" autor "alternativo", como eu, com uma temática um pouco diferente, na maioria das vezes é colocado de lado de antemão.  

Uma forma de começar a penetrar são as antologias. No Brasil, que tenho meus próprios livros, eu não costumo participar. Mas lá fora já perdi a conta de em quantas antologias e línguas estou. Meus contos "Espinha de Peixe", "Apocalipse Silencioso", "Eu Sou a Menina Deste Navio", "Você È Meu Cristo Redentor", "Seis Dedos para Contar", "Conto de Lobisomem" e "Piranhitas", estão traduzidos e publicados diversamente em Espanhol, Inglês, Alemão, Italiano e Húngaro. 


Nicole, minha agente, é responsável pelo meu sucesso lá fora. Pelo fracasso, sou responsável eu. (Frankfurt, 2011)


De lançamento solo tive A Morte Sem Nome em Portugal, e só (e eu nem cheguei a ir para lá). Agora tenho Mastigando Humanos na Espanha e Itália, e Feriado de Mim Mesmo também deve sair na Itália em breve. 
Bogotá 39 (2007). 

Mastigando foi vendido há aaaaanos para a Itália, nunca saiu, o contrato aspirou e este ano assinamos com outra editora italiana. Também chegou a ser vendido para o Peru, mas nunca saiu. É a maldição de ser um autor "underground"

Mas vamos lá, que é uma longa carreira a se aspirar.. no bom sentido. Já é uma delícia poder sempre viajar. E desta vez darei uma esticadinha em Portugal, que será o 24º país a conhecer.

Abaixo, minha programação na Espanha. Apareça!



22/05/2013

A VIDA AQUI DENTRO


Agora é oficial, contrato assinado, publicação prevista para o segundo semestre: Mastigando Humanos e Feriado de Mim Mesmo, que estavam esgotados há um tempinho, foram para Record, que tem me publicado desde 2009.

Bacana. Com isso, todos meus livros disponíveis ficam numa casa só - Feriado de Mim Mesmo; Mastigando Humanos; O Prédio, o Tédio e o Menino Cego; Pornofantasma e Garotos Malditos. Por enquanto, os dois primeiros (Olívio e A Morte Sem Nome) ainda ficarão esgotados. É questão de VOCÊ comprar HORRORES dos outros...

Mastigando Humanos será relançado primeiro. Uma versão revisada. Foi bem doloroso pegar o livro novamente, reler - eu pensava "fui eu mesmo que escrevi essa bagaça?" Ainda que os leitores em geral gostem mais da primeira metade, do que do final desse livro, eu achei o contrário. Ou demorei para entender a proposta do livro. É um fluxo de consciência alucinado e verborrágico, no qual eu não me reconheço mais. Por isso mesmo limitei a reescrita a uma revisão e corte de vícios de linguagem - acrescentei uma piadinha a mais aqui ou ali, nenhuma mudança substancial. Espero que apenas melhorias.

Peguei agora Feriado de Mim Mesmo, que tenho achado um livro muito mais estruturado e "maduro" (embora tenha sido escrito antes, e essa palavra não tenha apenas uma conotação positiva). Tem sido mais fácil de ler. Talvez seja meu melhor livro. Ainda assim, estou alterando coisinhas, dando uns pontos a mais, reforçando o bordado.

As capas dos dois ficarão a cargo do (meu eterno colaborador) Alexandre Matos. Sem ilustrações. Já dei distrações demais a você, agora é hora de reafirmar o texto.

Mas não espero viver só do meu "passado glorioso". Ano que vem deverá haver romance novo, adulto  (ou quase...). Eu na verdade comecei vários, abandonei vários, agora estou com um semi-delineado. A carga de trabalho aqui está pesada - traduções, a série de TV que escrevi e que já está na pré-produção - então a masturbação acaba ficando em segundo plano. Mas quando há prazer, há derramamento. Se todos os prazeres são orais, uma hora sai. ;)


12/05/2013

CHEGANDO AOS... 30. 


Dia das mãe o caralho, é meu aniversário!

Ok. São 36. Melhor assumir. Engraçado que muitos amigos mais velhos do que eu - alguns da minha idade -agora estão ficando mais novos na idade que consta no Facebook, na Wikipedia...

A idade está na cabeça. Você pode ter 40 com mentalidade de 20... se for um retardado mental. Não entendo essas pessoas que dizem que "não sentiram o tempo passar", se sentem jovens. Eu sinto cada segundo dos 36 anos. Manter a forma é um esforço, a cabeça já está mais do que lesada, o ânimo, a empolgação, a paciência já não são os mesmos... Tanta coisa muda. E a maioria para pior.

Mas nem tudo. Talvez ainda haja motivos para comemorar. Por isso comemorei ontem. 

Meu grande amigo Carlos Fortes ofereceu não apenas o apartamento dele em Higienópolis, mas comidinhas, bebidinhas, tudo impecável. Eu não queria abusar, e chamei só os mais chegados. Levei meu famoso sanduíche de pacotinho e fiz brigadeiros psicodélicos com sabores inusitados. Olha aí. 



O de "cristais de sal" é uma tendência europeia - sério, por lá se vê cada vez mais. No brigadeiro a dica é só colocar alguns grãozinhos pequenos de sal grosso junto ao granulado. O de wasabi foi invenção minha (inspirado no Kit Kat de wasabi que comi no Japão) e foi o  melhor de todos. 



Carlos e Gabriel. 

Festa animada. 



Carlos, o anfitrião, é amigo recente, mas para sempre. 


Meninos lindos. 

Meninas lindas. 



Laerte e Bruno. 

Gabriel e Juliana. 



Viu? Os brigadeiros foram sucesso. E fiz cinco latas de leite moça. 


A ideia era fazer "cara de Santiago", mas eu mesmo saí com cara de idiota. 

Núcleo do reveillon de Floripa.


É ele. 



Fim de festa.


10/05/2013

RUFUS! RUFUS!




Você é um cara simpático, bem apessoado, toca piano muito bem, domina o violão, compõe lindamente, escreve letras riquíssimas, sabe cantar como poucos e tem um belo alcance vocal. Ainda assim, as pessoas não estão interessadas no que você tem a dizer. As pessoas acham você meio chato. Elas se empolgam mais pelo novo single da Lady Gaga ou por uma nova banda com um som genérico. E os grandes prêmios - tipo Grammy - passam longe de você, claro. Você nunca vai estar nas paradas da Billboard.

Essa foi minha conclusão ao ver hoje o show do Rufus Wainwright em São Paulo, num HSBC praticamente vazio. Eu mesmo não iria ao show - confesso - já tinha visto o show de 2008, não queria gastar e não me empolgava em ver mais um show dele só de voz e piano. Mas me surpreendi.

Fabbie me ligou ontem dizendo que tinha ingressos, então me empolguei rapidamente. Fomos numa turma grande para o HSBC, sentamos todos juntos perto do palco (porque TODO MUNDO sentou perto do palco), pedimos garrafas de vinho e comemoramos.

O show foi perfeito. Mesmo.Apesar de ser no mesmo esquema de 2008 - voz e piano/violão - e de não ter o apoio da irmã e da mãe dele, como no anterior, o show foi superior, musicalmente impecável. Ele falou menos, tocou mais, foi o show de um artista mais maduro, e ainda assim simpático e flexível. No bis, ele distribuiu pandeiros e maracas para a plateia acompanhá-lo, e foi tudo lindo.

Quando ele tocou "Zebulon", sozinho no piano, perto do fim, confesso que deixei umas lágrimas escorrerem. Quase borrei minha maquiagem...

No show. 

Na metade do show, eu comentava com a Fabbie sobre como ele fazia tudo bem, cantava, tocava, compunha. Ainda assim... por que ele não é um sucesso?  Bem, comentava também como ele era "mais bom" do que "legal" e isso faz toda a diferença. E onde está a diferença, quando você sabe que um artista é ótimo, faz tudo bem, e até tem bastante carisma e simpatia, mas não é tão legal ou divertido como as pessoas gostariam. Bom, talvez o problema esteja aí. Por que o tão "bom" não é tão "legal"?

Talvez seja como eu falei naquele outro post, do tradutor/editor, talvez você precise ser um pouco pior para ser mais legal. Ou não necessariamente, mas talvez você possa ser reconhecidamente muito bom, e ainda assim não tocar tanto as pessoas, porque elas não se identificam tanto com você. Taí uma lição a ser aprendida. O artista alienígena - genial ou não - que tem um universo muito próprio e que não se comunica muito com o que as pessoas estão vivendo, sentindo, fazendo, acaba meio abandonado. Como Rufus Wainwright no HSBC Hall.

As pessoas que falam como Lady Gaga é revolucionária, blablablá, obviamente estão falando dela numa realidade muito restrita - estão falando como ela é revolucionária para quem escuta Madonna, para quem escuta lambada - se alguém escuta opera, música pop, MPB, Lady Gaga não tem nada de novo. Mas ainda pode ser boa por juntar uma ou duas coisas que não estavam combinadas...

Não acho que o Rufus seja "bom demais para ser apreciado", o som dele não é difícil assim. Mas acho que ele seguiu por uma direção elitista que poucas pessoas apreciam. É um som pop para quem já pode absorver o erudito, taí o dilema. Não basta fazer muito bem o que você sabe. Você também tem que mostrar muito bem o que AS PESSOAS QUEREM (ouvir/ver/ler), ao menos para fazer sucesso. Obviamente, eu estou fazendo minhas anotações pessoais.

Em tempo, o último disco dele "Out of the Game", eu acho dos mais fracos. Porque ele busca arranjos pop para o som sofisticado dele, mas acaba se contendo. Resultou num CD meio pasteurizado. Meus favoritos ainda são "Want One" e "Release the Stars", que talvez sejam de fato os mais pop.

Set list:

The Art Teacher

This Love Affair

Matinee Idol

Vibrate

Out of the Game

Jericho

Who Are You New York?

Martha

Memphis Skyline

Hallelujah

California

11:11

Going to a Town

Montauk

Zebulon

Cigarettes and Chocolate Milk


Millbrook

Candles

Poses




04/05/2013

ANIVERSARIANTE DO DIA


Minha sobrinha, Valentina.

Hoje foi a comemoração de aniversário de 1 ano da minha sobrinha. Minha irmã e cunhado reuniram amigos no Parque Vila Lobos para um piquenique. E tivemos comidinhas, vinho e sol - muito sol. Levei bexigas, bolhinhas de sabão, chapeuzinhos e sanduíches de pacotinho. Como não é motivo para grandes devaneios, reflexões e ficções, fico com as fotos. 



A pequena. 

O pequeno. (Levei meu estagíário para encher bexigas...)



Vó Elisa. 


Pai-cunhado e mãe-irmã. 

Tio vampiro.



Vampiro tem de morder. 


Os amigos. 


 Meus famosos sanduíches de pacotinho. Resolvi tirar a foto antes que acabassem. (Fiz 30, foram todos). A receita é segredo, mas vai frango, maionese, suco de laranja, curry, picles, cebola, maçã, cenoura, mostarda, gengibre e mais não digo. 


O parabéns.

Ele e eu.  

03/05/2013

TROLL FAIL


Como eu não tive infância - você sabe, enquanto você brincava de gato mia eu estava na labuta como Maroto, separando as carrerinhas a serem aspiradas pela chefa durante a exibição de "Cavalo de Fogo" -  tento resgatar o espírito lúdico no meu árido dia-a-dia.

Levei esse besourinho de borracha para a academia. Tenho uma colega, senhora mais velha, que sempre deixa sua garrafinha d'água marcando lugar na bicicleta ergométrica. Entrei na sala sorrateiramente, antes da aula, abri a garrafinha e coloquei o besouro dentro.

Enquanto esperávamos a aula começar, conversávamos:

ELA: Onde se meteu essa professora?

EU: Parece que está conversando com a fiscalização sanitária. O pessoal tem encontrado baratas, besouros aqui na academia.

ELA: Credo. Ainda bem que trago minha aguinha de casa.

E ela bebia sua garrafinha roxa-transparente, sem notar o besouro lá dentro.

A aula começou, avançou, e ela virava a garrafinha sem perceber o bicho lá dentro.

EU: Dá um gole dessa água?

ELA: Não, essa daqui é aditivada, não é pra criança.

EU: Mas tô com seeeede...

ELA: Azar o seu.

EU: Quero descobrir o que tem nessa água aí..

A aula foi passando, a água acabando, e nada de ela gritar por causa do besouro.

Na hora de ir embora, comecei a me preocupar dela jogar o bicho fora sem notar, de ter um ataque cardíaco. Se não deu certo o troll, pelo menos queria meu besouro de volta.

EU: Er... Preciso te dizer... Tentei te tollar mas não deu muito certo...

E sacudi a garrafinha contra a luz, mostrando a ela o conteúdo.

ELA: Acha que não vi, seu retardado? E não adianta que não vou devolver essa porcaria, não.

QUAC!

NESTE SÁBADO!