CARREIRA
Com Betty Faria, a diva do episódio de hoje.
Já estão divulgando por aí, então posso falar. Estamos nas gravações da série de TV Passionais, que tem roteiros meus e da Paula Szutan.
É uma série de ficção, livremente inspirada em casos reais, sobre crimes passionais - casais que se matam. Cada episódio traz uma história completa, mas há o núcleo de um bar, que desenvolve uma história paralela durante a temporada.
Esta semana fui assistir às gravações e já vi dois episódios prontos. Está bem bacana. O diretor, Henrique Goldman (de Jean Charles) tem um humor negro inglês que trouxe um tempero bem interessante ao projeto. Tenho certeza de que meus leitores vão achar que várias soluções e sugestões trazidas por ele foram de minha autoria. Para quem escreve livros, escrever uma série de TV pode muitas vezes ser frustrante, por ter sua visão alterada por limitações de produção, de direção, do canal. Mas ainda há muito de mim lá, e acho que vai ficar bacana.
Passei quase um ano escrevendo, em parceria com a Paulinha, que já havia escrito várias séries (Mothern, Sítio do Pica-pau Amarelo, Até que a Morte nos Separe) e me ensinou muito sobre estrutura de TV. Foi realmente um prazer trabalhar com ela - a gente é muito diferente, mas para mim isso só somou.
A série vai ao ar em outubro, no GNT.
Fora isso, agora engrenado num novo romance, finalmente. Espero terminar até o final do ano para publicar no primeiro semestre de 2014. Consegui recuperar o prazer de escrever, depois de tantos projetos interrompidos, engavetados.
Para o jovem autor de hoje, eu digo: escrever é mesmo a melhor parte. Claro que é inevitável querer publicar. Mas a expectativa pela repercussão de algo que é tão importante para você mesmo, que tem tanto de você, sempre é frustrante. Me peguei neste momento de epifania pensando com certo horror em todo o processo de publicação - na recepção da crítica, que seja positiva ou negativa, com intensidade ou desprezo, sempre é uma decepção. Nos próprios amigos, que não leem ou nem comparecem na noite de autógrafos. No papel limitado que a literatura tem - enquanto se comenta tão entusiasmadamente sobre o BBB...
Lembro de quando uma amiga estava publicando o primeiro livro, cheia de medos do que "a crítica" iria dizer/pensar sobre certas passagens, e eu tive de dizer: "Querida, infelizmente você terá de se dar por satisfeita se ao menos sentir que LERAM o livro, não copiaram simplesmente o release."
Mas faz parte do jogo. É minha carreira, é disso que eu vivo e dependo disso para pagar as contas. Digo, para além da VENDA de livros, estar publicando garante que eu ganhe cachê em eventos literários, receba encomenda de textos para jornais e revistas, roteiros, até traduções. Além das viagens, a venda dos livros anteriores.
Embora eu tenha lançado nos últimos anos o juvenil, e um livro de contos, o meio literário só valoriza mesmo romances. E faz quatro anos que não lanço um romance adulto - tenho vivido das glórias do passado... que nem foram tão gloriosas assim. Minha agente já me deu várias comidas... no mau sentido.
Aproveitando, daqui um mês e pouco deve sair a nova edição de Mastigando Humanos, pela Record. O texto foi revisto (e levemente alterado) por mim. A capa é do Alexandre Matos e a orelha é assinada por... Em breve eu conto.
No set, com a Paulinha.