"Get Out" |
Cedo demais para listas de melhores do ano? AH!
Mas é Halloween e não tenho nada melhor a postar. Resolvi adiantar um mês e já
dar meu veredito, até porque 2017 foi um ano fértil para o terror (e para o
pós-terror). Tanto que geralmente minha lista é recheada de filmes obscuros,
amadores e alternativos, porque são os que trazem algo de novo para o gênero.
Mas este ano está surpreendentemente mainstream – ótimo sinal desse novo
fôlego.
As maiores decepções foram as novas sequências de “Leatherface”
e “O Chamado”, mas tem ótimas sequências na lista. Vai aí, em ordem mais ou
menos aleatória:
A AUTOPSIA DE JANE DOE
Num necrotério, pai e filho fazem a autópsia do
corpo de uma mulher encontrada numa cena do crime. Aos poucos vão percebendo
que ela pode ser mais assassina do que vítima. Ótimos atores e bom clima de
terror, com um “monstro” que passa o filme inteiro morto.
THE EYES OF MY MOTHER
Dos mais alternativos da lista, é um filme
minimalista em preto e branco, que acompanha uma mulher portuguesa que vive
sozinha numa casa no campo e tem estranhas formas de socializar... É terror, pós-terror e filme de arte com pitadas de torture porn.
BETTER WATCH OUT
Às
vésperas do Natal, uma babysitter cuida de um garoto de doze anos, quando percebe que a casa foi invadida. Começa como um filme padrão de invasão e se desdobra em muitas surpresas. Divertidíssimo.
GET OUT
Um dos grandes responsáveis por toda essa onda de “pós-terror.”
Um rapaz negro vai passar o fim de semana com a família da namorada branca.
Inicialmente desconfortável com um racismo velado, ele descobre que há ameaças
bem mais explícitas. Dos melhores do ano, apesar do terceiro ato meio
bagaceiro.
A MORTE TE DÁ PARABÉNS
Um slasher adolescente, mistura improvável de “Pânico”
com “Feitiço do Tempo”. Uma garota é assassinada no dia do seu aniversário,
apenas para acordar no mesmo dia e ser assassinada de novo e de novo, até
conseguir quebrar a maldição. Divertidíssimo.
RAW
Ao entrar na faculdade de veterinária, uma menina
vegetariana é obrigada a comer carne. A partir daí, desenvolve um apetite macabro
por sangue. Foi promovido como sendo um filme mais pesado do que é – na verdade
é um terror bem adolescente, com algumas cenas nojentas e uma interessante
alegoria do despertar da sexualidade.
Outra adaptação de Stephen King, direto para a
Netflix. Durante um jogo sexual, o marido morre de infarto e deixa a esposa
acorrentada na cama. Enquanto ela pensa em maneiras de escapar, relembra um
passado de abusos pelos homens de sua vida. Podia ter sido melhor executado,
mas vale a pena pelo argumento e o minimalismo.
CULT OF CHUCKY
Já esperava algo bagaceiro – e não deixa de ser.
Mas também me surpreendi muito com o novo filme do Chucky, que tem uma pegada
meio surrealista no primeiro ato, e uma nova direção fantástica para o
Brinquedo Assassino.
MOTHER!
Melhor terror do ano? Provavelmente. Tá certo que Aronofsky pesa a
mão no terceiro ato, e fica um pouco mais tosco-cômico do que eu esperava. Mas
não dá para negar a força do filme mais discutido do ano. Eu prefiro esquecer o
final cafona e ver como um filme de invasão à lá Funny Games.
E as “menções honrosas”... ou melhor, os que
entrariam para o TOP20 (porque tem umas belas podreiras aí):
PREVENGE: Uma grávida assassina.
VIDA: Um genérico de Alien, melhor do que
Covenant.
THE DEVIL´S CANDY: Filme de invasão com satanismo
no meio.
HOUNDS OF LOVE: Soft Torture porn.
PITCHFORK: Slasher bagaceiro, com um bom
psicopata.
DON´T KNOCK TWICE: Genérico de “O Chamado”, melhor
do que a sequência deste ano.
THE LURE: Músical de terror com sereias
assassinas.
SUPER DARK TIMES: Um roteiro meio padrão de "adolescentes fazem uma cagada e tem de esconder um corpo", mas muito bem executado.
IT STAINS THE SAND RED: Uma vagaba caminha pelo
deserto com um zumbi sempre a poucos passos atrás.
(E não, nem “Ao Cair da Noite”, nem “Anabelle”,
nem “Fragmentado” entrariam no meu TOP 20.)