Assinei resenha este fim de semana na Folha:
A MULHER ENTRE NÓS
· Preço R$ 34,90 (352 págs.)
· Autor Greer Hendricks e Sarah Pekkanen
· Editora Paralela
· Tradução Alexandre Boide
Largada pelo marido por uma mulher mais nova, alcoólatra de meia idade revê sua responsabilidade no fim do relacionamento e avalia o caráter abusivo do ex. Se a sinopse de "A Mulher Entre Nós" soa familiar, não é apenas por seu caráter genérico: é idêntica à do best-seller "A Garota no Trem", de Paula Hawkins.
Na obra de Sarah Pekkanen e Greer Hendricks, segue-se a onda do romance de sororidade, atualização com pitadas feministas de novelões à la Sidney Sheldon, nos quais mulheres pobres vencem na vida e se vingam dos homens que as maltrataram no passado.
Aqui, a mulher é Vanessa, professora da Flórida que foi casada com Richard, um príncipe do mercado financeiro de Nova York, que tem muito de controlador e manipulador.
O texto traz suas surpresas —a primeira no terço inicial, levando o leitor a rever o que tinha lido—, que seguem até o epílogo. Mas, apesar dos truques, a trama não traz nada de muito impactante, pois em seu cerne o livro trata dos dramas de uma menina rica.
Se um bom romance expande nosso universo, oferecendo um vislumbre de outras profissões e culturas, neste só deslizamos por nomes de grifes, de restaurantes e rótulos de vinho —mesmo as poucas observações sobre música clássica, para demonstrar a erudição do marido, são rasas. É um universo de dondoquice tremenda.
De positivo, o texto é bastante coeso, mesmo se escrito a quatro mãos, e oferece uma leitura instigante, principalmente pelos ganchos deixados no final de cada capítulo:
“Ela não faz ideia do que vai acontecer” ;
“estou energizada pela perspectiva do que vou fazer”; “só havia um jeito de me
livrar de meu marido”.
No fim, pode ser um bom passatempo para donas de casa entediadas, mas a frase na quarta capa não ajuda: "Prepare-se para a leitura de sua vida." Menos, né? Bem menos.