17/11/2020

A NATUREZA ME MASTURBA

Galheta. 

 Sempre falo isso, quem não me conhece acha que sou o mais urbano dos animais - e na verdade sou; não fui criança de apartamento, porque sempre morei em casa, mas fui criança total paulistana trancada na frente da tv-videogame, brincando com bonequinhos (ou "action figures", as bonecas dos meninos), nunca tive isso de brincar na rua, nunca quis, na real, fui uma criança terrivelmente asfaltada...

Lagoa da Conceição. 

Talvez seja por isso que hoje tenho essa fascinação pela natureza, a vida em cidade pequena, o contato com o mato. A cidade já vive em mim. Para mim, de férias, praia, trilha, bicicleta, pé descalço é sempre muito mais interessante do que metrópole-museu-compras-cultura.

Um bicho mimoso que vi nesse domingo. 

E por isso que Florianópolis é meu lugar favorito no mundo.

Chegando à Barra da Lagoa. 

Dia desses via um amigo postando fotos nas Ilhas Maldivas, aquele "paraíso" de águas cristalinas, mar azulejado, um cenário absurdamente imaculado.  Achei lindo. Mas ao voltar a Florianópolis percebi bem a diferença, como me sinto muito mais em casa num cenário bruto... Acho que preciso colocar fotos para explicar: 

Isso é Maldivas (numa foto que achei no Google)


Isso é a Barra da Lagoa, onde já morei, numa foto que tirei agora. 



Olhando as duas, para mim não há dúvida em que lugar eu preferia morar-morrer, e eu tentei (viver, digo). Infelizmente não tinha como eu ser produtivo em Florianópolis, mas ainda sinto como minha segunda casa. E acho que muito disso de "lugar favorito no mundo" passa por aí, um lugar não só que você gosta muito, mas que se sente em casa, e para isso é preciso ser um lugar que dê para voltar sempre (que fale a mesma língua...), que te aceite...

No Canal da Barra. 



Eu morei na Barra da Lagoa há dez anos, durante um ano, mas já frequentava havia muito anos, e continuei muito depois. E se agora fiquei um bom tempo sem voltar por causa da pandemia-crise-casamento-separação, sempre é lindo voltar e ver que pouco mudou... pelo menos o que há de bom. 

Ida e sua filha Trishya. 


Ainda arrumei tempo para ficar de babá do Igor (neto da Ida), na piscina.

Formei uma família lá na Pousada Marujo, da Ida Andersen, mulher negra-dinamarquesa (isso existe), que renderia uma baita biografia, e sempre me recebe como (mais) um filho (desgarrado). Na verdade me recebe bem até demais - e sempre tenho de dar um jeito de fugir no almoço e jantar, para conseguir também comer da culinária local. O turismo gastronômico faz parte. Desta vez comi muito bem, bebi muito bem (fim de semana poooode); sou taurino, todos os prazeres são orais...

Ida me recebeu com um jantar manézinho-oriental de primeira. 

Moqueca de Lagosta. 

Comidinha de praia (lula). 


E a sequência de camarão foi de primeira.

Para queimar, muita trilha, longas pedaladas pelo Parque Florestal do Rio Vermelho, caminhadas pela praia, Barra, Mole, Galheta... que é uma praia de naturismo opcional. Não tenho mais pudor em nadar pelado, o problema é que não dá para deixar minha bunda pálida exposta ao sol, ou nunca mais consigo sentar...

Galheta

Mesmo com muito protetor deu para queimar. 

Não estou na mesma forma de quando morava na Ilha, é claro, mas estou bem melhor do que um ano atrás. Então foi ótimo ver que ainda aguento o tranco de atividade intensa sem problemas. Ainda tenho uns quilinhos para perder do final de quarentena, mas sem neuras. Tá dando bem para ser feliz...

E pensar que subia essa lomba todo dia quando morava aqui...

Foram só 4 dias, mas o suficiente para um belo respiro dessa vida enclausurada, deu até para viver um amor de (pré)verão. Espero poder voltar logo. Espero que voltemos todos a viver. Ainda não sei o que será da minha virada (de ano), ainda não sei se sobreviverei a 2020, mas já dá para morrer feliz..


Delicinha. 



MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...