15/07/2021

CORONGADO

 



Fui mais um pego pela covid. 

O meu caso foi curioso e acho que vale de alerta/observação. 

Estou longe de ter sido dos mais paranoicos/precavidos. Nesses meses todos de pandemia viajei algumas vezes, conheci pessoas, comecei mais de um namoro... Mas também não cometi grandes abusos - não peguei transporte público, não frequentei nenhuma aglomeração (nem festinha, nem protesto), os poucos restaurantes que frequentei foram só durante as viagens. Sempre usando máscara...

Dito tudo isso, nas últimas semanas em si, os riscos que corri foram os cotidianos: academia, mercado e... UBS.

Me vacinei na terça-feira (dia 29/06), com astrazeneca. Não tive efeito colateral nenhum. Mas quatro dias depois comecei a sentir uma dor de cabeça, um enjoo. Achei que devia ser efeito colateral retardado (até porque tinha postado de pirraça que não tinha sentido nada). Avisei meu namorado, que estava vindo pra cá, ele também achou que não era nada de mais. Passou o fim de semana aqui, eu tive uma febre fraca (quase 38C) e domingo ele foi embora. Na terça (5) eu ainda estava com sintomas leves - tosse, uns 37,5C - e ele começou a sentir a mesma coisa na casa dele. Só daí tive certeza que não era mesmo efeito colateral. 

Feito o teste, foi confirmada a covid. 

Não tive nada muito grave. Cansaço, tosse, perdi o olfato por uma semana (mas não o paladar), teve uma noite em que senti um peso na respiração, mas foi só uma noite. 

Não fui hospitalizado, mas obviamente assim que comecei a passar mal não saí mais de casa. Minha irmã trouxe uma sopinha. O (meu vizinho, amigo, escritor, editor) Staut comprou verduras para minha coelha. Consegui trabalhar normalmente - tive de entregar uma tradução enoooorme, e foi bom para focar. Meu namorado ficou na casa dele, porque ele mora longe e tinha todo o problema da locomoção. Mas penso no que posso ter propagado nos dias em que achei que era efeito colateral. Meu namorado mesmo, é mais provável que tenha pego de mim, já que senti os sintomas antes. 

Então é preciso falar mais sobre efeitos colaterais; não entendo esse povo que esconde que vacina tomou, quais foram os efeitos. Isso tudo tem de ficar bem claro. Eu mesmo ainda não sei se a vacina que eu tomei vai valer de alguma coisa, visto que logo após me infectei - ou já estava infectado, vai saber. Minha segunda dose é só daqui a dois meses. 

Sou total a favor do SUS, da vacinação, mas para combater o obscurantismo o povo tem vindo com essas lógicas de não discutir muito, de não falar que vacina tomou, quais foram os efeitos, o que é um contrassenso. 

É possível que eu tenha me contaminado na própria UBS - tive de ficar mais de 90 minutos na fila, num dia de chuva, que tivemos de nos aglomerar num toldinho. Isso porque busquei uma segunda opção, já que o primeiro posto em que fui estava ainda mais cheio. Era o ÚNICO dia em que minha faixa etária poderia se vacinar e isso favoreceu a aglomeração. Não tive escolha 

(E se eu não me contaminei nessa UBS lotada... provavelmente eu já estava com covid e e posso ter contaminado alguém por lá.) 

Quase quinze dias depois, aparentemente o pior já passou para mim. Não tenho comorbidades (meus problemas são mais de caráter), tenho uma rotina privilegiada trabalhando em casa. Posso esperar tranquilamente negativar para voltar à vida normal.
 
Meu namorado teve exatamente os mesmos sintomas e também já está bem. (Ele é novinho, e só toma primeira dose lá para setembro). Mas nunca poderei dizer se não fui responsável pela morte de alguém. Então vamos se vacinar. Vamos discutir as vacinas e os efeitos. Vamos brigar sim para tomarmos a melhor vacina possível, com as melhores condições, e não aceitar o que vier.

E vamos continuar nos cuidando.

(Obviamente repudio a cloroquina, mas acho que faltam estudos para comprovar a eficácia da vodca no combate ao coronga.)

01/07/2021

SOBRE O TEMPO



- Adoro o frio. 

- Não à toa escrevi um romance sobre o "raro fenômeno" da neve no Brasil.

- (Por sinal, só vi neve no Brasil uma vez, em 2000, em Caxias do Sul.)
 
- (No ano em que eu lançava "Neve Negra", fizeram na Serra Catarinense a festa literária "Flineve" - e os filhos da puta não me convidaram. Mágoa eterna.)

- A primeira vez que vi neve foi aos 9 anos, em Bariloche. (Quer dizer, antes já tinha visto no congelador...)
Na neve, de pochete (esses foram os anos 80...)



- A última vez que vi neve foi em 2015, na Armênia.
 
- Nos meses que passei na Finlândia, a neve chegou tarde. Só nevou de fato a partir de janeiro. Antes fazia uma geada, uma chuvinha, alguns graus acima de zero...

- É bem melhor 10 graus negativos com neve do que 3 positivos com chuva. Inclusive porque a neve deixa mais claro, menos cinza.
 

 
- O mais frio que já peguei foi -23C, em Helsinque. (Mas já fui bem mais alto na Finlândia, até Karigasniemi, 8 horas de ônibus acima do Circulo Polar Ártico).
 
- (Ainda quero ir lá pra baixo, Terra do Fogo, Ushuia e tal.)

- -23C é diferente de-10C, sim. Com -10C ainda se vê muita gente nas ruas. -23 já é pesado...

- Nunca esquiei, mas quando fiz intercâmbio na Inglaterra aprendi a patinar no gelo até que direitinho.
 
- Não entendo o povo que diz que não toma banho no frio. Melhor coisa é um banho quente. Tomo vários por dia no frio. (Mas eu bem que queria ter uma banheira...)

- (Quando tomo banho muito quente no frio, ao sair, tenho por alguns segundos uma coceira na pele toda, parece alergia. Alguém mais tem isso?)

- Por sinal, a ideia de que "se sente mais frio no Brasil do que na Europa, porque lá as casas estão preparadas para o frio" veio do meu antigo professor de finlandês.
 
- Aproveitem o frio, agasalhem-se e... cuidado com o Trevoso.

O mar congelado no Golfo de Bótnia. 



NESTE SÁBADO!