23/05/2024

LEMBRANÇAS DE PORTO ALEGRE

 


Saudades de Porto Alegre...

Tenho acompanhado as notícias como todo mundo, compartilhado, doado, ajudado como dá, com medo de falar algo mais e me transformar na Juliana Didone no chuveiro. Não tem como todo mundo ter algo a acrescentar. Não tem como todo mundo ter a solução. Mas fico pensando naqueles cenários, como foram, como estavam, como ficarão...

Foi em Porto Alegre que comecei minha vida adulta, na virada do milênio. Morei dois anos, fiz grandes amigos (bem, AMIGAS, principalmente, que as gaúchas sempre foram bem melhores). Apesar de todo o inegável bairrismo, me receberam muito bem, me levaram para conhecer a cidade, as praias, Gramado. Tornou-se uma parte do que eu sou.

Lembro como era uma cidade boa para caminhar. Com uma vida ao ar livre muito mais forte do que São Paulo, por causa do rio, dos parques. A gente saía domingo na Redenção e encontrava todo mundo...

Para além da minha vida pessoal, é inegável a influência, a consistência e a força da produção gaúcha na nossa música, na literatura, vários de nosso maiores nomes, muitos dos meus favoritos.

Eu não vou a Porto Alegre há um bom tempo (talvez uns DEZ anos?!), estava planejando uma visita. Agora nem sei o que iria reconhecer. Queria só ver se os amigos estão bem.

Uma grande amiga, que mora perto de onde eu morei, no Floresta, disse que saiu assim que a casa começou a alagar. Foi para a praia. Não sabia como ficou a casa. Os amigos todos parecem estar em segurança, se é que se pode chamar assim. Mas como fica uma cidade em trauma? Como evitar que aconteça de novo?

Tava agora revendo um álbum inteiro de fotos que fiz por lá; tantas lembranças. Eu tinha isso, de fazer álbum de fotos (físicas, impressas). Sempre achei a forma mais segura de preservar: as fotos digitais se perdem, HDs se vão, redes sociais são desativadas. Mas imagino agora todas as fotos e as lembranças que ficaram debaixo d’água...

#tbt #portoalegre

14/05/2024

SEMANA NA SERRA



High na Cachu. 


Das minhas lembranças mais bucólicas de infância estão os córregos da Serra da Mantiqueira, as cachoeiras, os cogumelos explosivos dos bosques de araucárias...

Um esquilo fotogênico. 

E recorri a essas lembranças para escrever um novo romance. Mais um. Apenas porque não posso evitar (e ainda tenho tanto prazer no processo...). Um romance sobre as dores e as delícias da infância...


Inspiração é isso. 

Aproveitei a semana do dia das mães, meu aniversário e uma folga nos trabalhos para revisitar esses cenários que eu não via desde a pré-adolescência. Muita coisa mudou, mas nem tanto. Se não sou exatamente o mesmo, aquela criança continua aprisionada aqui dentro, ocupando um terço da minha coxa esquerda, ou o testículo direito...


Praças psicodélicas...

Comecei por uma cidade que não ouso colocar o nome, porque dizem que é a cidade mais segura do Brasil, lindinha-lindinha e, se vocês descobrirem, estraga. Mas é uma cidadezinha de 6 mil habitantes em que penso em terminar a vida... (a questão é saber quando vai terminar; talvez eu devesse me apressar...)


Santo Antônio do Pinhal (ops!) está cheia de restaurantezinhos gostosos, lojinhas, tem até livraria, córregos, os bosques, a mata. Daria para eu ser feliz... por seis meses. Caminhei uma hora e meia para encontrar uma cachoeira, estava FECHADA. Não sabia que cachoeira tem horário de funcionamento, mas aparentemente, atualmente, tem. Inconformado de caminhar 3 horas (ida e volta) para dar com um portão trancado, TIVE de encontrar uma forma... Caminhando um pouco mais de volta, vi uma cerquinha, com acesso ao córrego, nenhuma placa de proibido... Caminhei de volta pela água até encontrar umas quedas d’água. Vontade de banho de cachoeira saciada. Foi o ponto alto da minha viagem.  

Quando Santiago caminhou pelas águas. 

Não resisto a uma piscininha.

   

Também deu para trabalhar bem no livro, teve pousadas com piscina, ótimos cafés da manhã, longas caminhadas... Numa noite, caminhava em Santo Antônio, a cidade mais segura do Brasil, com uma menina adolescente logo à frente, voltando para casa. Fiquei pensando se acontecesse alguma coisa com ela, se ela sumisse, se ela morresse, se fosse encontrada morta. Provavelmente o maior suspeito seria eu! (“Vi ela lá pelas 9 da noite, na estrada do Lajeado; tinha um senhor estranho, cabeludo, caminhando logo atrás...”).


Cachoeiras com dona Elisa. 

Antes de ser preso, fui para Campos do Jordão no fim de semana. Dizem que é a Suíça brasileira, porque é tudo muito burguês, mas, com vontade, dá para se embrenhar um pouco no mato. Lá reencontrei os cogumelos que soltam fumaça. Minha mãe veio no sábado passar aniversário e dia das mães comigo. Aos 75 anos, e com o pulmão debilitado, aguentou bem as longas caminhadas. Devo partir antes.


Brindando com dona Elisa. 

De especial, meu aniversário no domingo teve novos cenários, belos cenários, os passeios e os pratos caros dos restaurantes, servidos por twinks a serviço. Não tive presentes ou bolinho, mas estou naquela idade em que já não posso mais esperar ser feliz. E até que fui. Por 6 dias.


Dona Elisa ainda encontra motivos para sorrir. 

NESTE SÁBADO!