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High na Cachu. |
Das minhas lembranças mais bucólicas de infância estão os
córregos da Serra da Mantiqueira, as cachoeiras, os cogumelos explosivos dos
bosques de araucárias...
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Um esquilo fotogênico. |
E recorri a essas lembranças para escrever um novo romance.
Mais um. Apenas porque não posso evitar (e ainda tenho tanto prazer no
processo...). Um romance sobre as dores e as delícias da infância...
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Inspiração é isso. |
Aproveitei a semana do dia das mães, meu aniversário e uma
folga nos trabalhos para revisitar esses cenários que eu não via desde a
pré-adolescência. Muita coisa mudou, mas nem tanto. Se não sou exatamente o
mesmo, aquela criança continua aprisionada aqui dentro, ocupando um terço da
minha coxa esquerda, ou o testículo direito...
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Praças psicodélicas... |
Comecei por uma cidade que não ouso colocar o nome, porque
dizem que é a cidade mais segura do Brasil, lindinha-lindinha e, se vocês
descobrirem, estraga. Mas é uma cidadezinha de 6 mil habitantes em que penso
em terminar a vida... (a questão é saber quando vai terminar; talvez eu devesse me
apressar...)
Santo Antônio do Pinhal (ops!) está cheia de restaurantezinhos
gostosos, lojinhas, tem até livraria, córregos, os bosques, a mata. Daria para eu ser
feliz... por seis meses. Caminhei uma hora e meia para encontrar uma cachoeira,
estava FECHADA. Não sabia que cachoeira tem horário de funcionamento, mas
aparentemente, atualmente, tem. Inconformado de caminhar 3 horas (ida e volta)
para dar com um portão trancado, TIVE de encontrar uma
forma... Caminhando um pouco mais de volta, vi uma cerquinha, com acesso ao
córrego, nenhuma placa de proibido... Caminhei de volta pela água até encontrar umas quedas d’água. Vontade de banho de cachoeira saciada. Foi o ponto alto da
minha viagem.
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Quando Santiago caminhou pelas águas.
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Não resisto a uma piscininha. |
Também deu para trabalhar bem no livro, teve pousadas com
piscina, ótimos cafés da manhã, longas caminhadas... Numa noite, caminhava em Santo
Antônio, a cidade mais segura do Brasil, com uma menina adolescente logo à
frente, voltando para casa. Fiquei pensando se acontecesse alguma coisa com
ela, se ela sumisse, se ela morresse, se fosse encontrada morta. Provavelmente
o maior suspeito seria eu! (“Vi ela lá pelas 9 da noite, na estrada do Lajeado;
tinha um senhor estranho, cabeludo, caminhando logo atrás...”).
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Cachoeiras com dona Elisa. |
Antes de ser preso, fui para Campos do Jordão no fim de
semana. Dizem que é a Suíça brasileira, porque é tudo muito burguês, mas, com
vontade, dá para se embrenhar um pouco no mato. Lá reencontrei os cogumelos que
soltam fumaça. Minha mãe veio no sábado passar aniversário e dia das mães
comigo. Aos 75 anos, e com o pulmão debilitado, aguentou bem as longas
caminhadas. Devo partir antes.
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Brindando com dona Elisa. |
De especial, meu aniversário no domingo teve novos cenários,
belos cenários, os passeios e os pratos caros dos restaurantes, servidos por twinks
a serviço. Não tive presentes ou bolinho, mas estou naquela idade em que já não
posso mais esperar ser feliz. E até que fui. Por 6 dias.
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Dona Elisa ainda encontra motivos para sorrir. |