Comecei bem.
Voltando de uma viagem delicinha de 5 dias pelo litoral sul de SP. O querido amigo, grande escritor, Alessandro Thomé mora em Cananeia, tem um “rancho” em Ilha Comprida e sempre me chamava. Aproveitei a ida do escritor-editor Thales Guaracy e fomos passar o réveillon.
Na estrada com Thales. |
Confesso que fico sempre receoso em passar uns dias na casa
dos outros. Para mim, o modelo ideal de viagem é quando eu vou sozinho, fico
sozinho, mas encontro amigos no destino – por isso acabo sempre voltando para
Florianópolis. Mas é bom de vez em quando testar a sociabilidade em novos
cenários, capacidade de adaptação, não fazer os mesmos roteiros de sempre ou programados
por nós mesmos.
Nana Gouveia no furacão. |
E desta vez não poderia ter sido melhor. Alessandro é um
grande anfitrião, deixa todo mundo à vontade e se desdobra como guia turístico
(apesar de não ter conseguido me apresentar aos golfinhos...). Dividindo os
dias entre Cananeia e Ilha Comprida, pegamos trilhas e caminhos não tão óbvios
aos turistas, e que eu não conseguiria e nem teria graça de fazer sozinho.
Mas não podia faltar as comidinhas de praia. |
Além do Alê e do Thales, também tive a companhia do enteado
do Alê, o Kaio, um moleque incrível, super parceiro, destemido, que 5 minutos
depois de me conhecer já estava subindo nas minhas costas, grudou em mim, não parava quieto e me
deu a experiência de ter um sobrinho menino de dez anos.
Os quatro rapazes (ou “os três véios e um menino”) estavam
na mesma sintonia, e isso é raro. Bacana sair com gente assim, sem frescura,
que topa trilha, que topa caminhar, se o carro atola a gente segue a pé, faz
fogueira na praia, pisa em espinho e toma banho de rio. (E tudo isso citando
Proust!... ou quase.)
Três véios e um menino. |
O “rancho” do Alessandro é um chalé que ele construiu com as
próprias mãos (chupa, Rodrigo Hilbert), com forno a lenha, luz elétrica e água
de poço. Foi nossa base para a virada e o churrasco do dia primeiro. As
mulheres cozinharam, então nem revelei meus dotes culinários. Mas estava tudo
delicinha.
No rancho fundo. |
Na estrada, nas praias, nas longas filas da balsa, pude bater longos papos com o Alê, com o Thales, discutir sobre a carreira, dividir impressões do meio editorial... Fiquei com o apelido de Wikipedia e Spotify humano, pelo meu repertório... E extensão do repertório é coisa que a gente só percebe quando sai do nosso cercadinho. A gente só entende nossas maiores qualidades e limitações em contato com o outro.
Num riozinho. |
Foi uma grande viagem curta. Abriu bem o ano. E me dá
perspectivas de tentar ser mais aberto, mais sociável, não passar mais um ano
inteiro trancado no meu apartamento... Começar um trabalho para enfim, em 2026, de
repente em 2027... ser feliz por cinco minutos. Então morrer de vez.
A virada na praia (eu não tô, porque tirei a foto) |