27/07/2006

JACAREZINHOS DE PAREDE, LAGARTIXINHAS DE CHÃO.



Ei, essa não é ilustração do livro não. É meu filho Araki, em foto de Luciancencov.

Continuo preso neste apartamento. Me sinto num filme do Tsai Ming-Liang - ou em "Jogos Mortais", dependendo do seu repertório. Os vazamentos continuam. Meu banheiro está todo quebrado e a água já se infiltrou na caixa de telefone, e minha linha está afogada, e os vizinhos do apartamento debaixo reclamam. Culpa do proprietário que não arruma direito. Me deixem sair daqui. Se conseguisse fechar o aluguel de um apartamento novo, eles que quebrassem tudo deste. Por isso mesmo, para mim faz muito mais sentido alugar. Não quero ter de me comprometer agora, escolher o cenário no qual vou passar o resto da vida. Vocês conseguem? Como eu poderia antes dos trinta anos decidir uma coisa dessas? Queria eu poder mudar todos os anos, mas sem stress de procuras e fiadores...

Quem parece que já está bem aclimatado aqui é o Araki, principalmente por toda a umidade.

As feministas que cuspam em mim, mas acho que um homem não sobrevive muito tempo morando sem uma mulher. A louça vai se acumulando no escorredor, o chão sempre está sujo, a roupa que a gente precisa nunca está limpa quando a gente precisa. Ah, acham que preciso de uma empregada? Mas ela não daria conta também de jogar fora as meias furadas, comprar cuecas novas, comprar o shampoo certo para o meu cabelo. Haha. Bem, bem, também precisaria de um homem para dar um jeito nesse encanamento, para trocar a luz do meu quarto, o chuveiro que queima. Só agora, depois de anos e anos morando sozinho, é que percebi que não dou conta...

Saindo um pouco de casa, hoje tem mais uma sessão de "Audition" no CCBB (SP), 19h. Eu que vou estar legendando (mas a tradução não é minha). Aproveitem, porque o filme é raro e provavelmente nunca mais vai passar em película.

E na coluna da Chris Mello, no Estadão, saiu uma pequena entrevista comigo, feita pela Ana Fialho. Eles dão um pequeno teaser do livro novo:

Em setembro ele tira do forno seu quarto romance, Mastigando Humanos, em que trata da adolescência usando animais como alegoria. Tem o rato autoritário, o sapo boêmio o corvo que ama Doris Day e o jacaré que sempre tenta comer alguém.

Tem uma caricatura interessante. E eles ainda apontam como minhas influências Moacyr Scliar, Dennis Cooper e Condessa de Ségur, ehehe. Não nego.

QUAIS SÂO OS LIMITES DA FICÇÃO?

  Vi esses dias uma discussão interessante, perigosa, num canal sobre livros. Uma autora australiana de literatura “hot” foi presa por aut...