Cena de "The Legend of Sleepy Hollow", o desenho animado da Disney de 1949 inspirado num conto do Washington Irwin. Todo o desenho é narrado pelo Bing Crosby e ele canta todas as músicas (que são incríveis). Era um dos meus desenhos favoritos quando eu era uma criança gótica, o que me tornou uma criança colonizada que queria implantar o Halloween no Brasil. Na época, ninguém sabia o que era. Me lembro de andar com um amigo pela nossa vizinhança no Jardim América (ui, ui), vestidos com máscaras, tocando campainhas, pedindo doces, e o povo simplesmente batia a porta na nossa cara. Hoje em dia o Halloween está mais do que implantado, pelo menos aqui em São Paulo. Sempre digo que as crianças de hoje são mais felizes... as crianças ricas ao menos. É só dar um pulo numa loja de brinquedos hoje em dia e se vê o por quê.
Sim, esse desenho aí inspirou o (terrível) filme "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" do Tim Burton. Acredite se quiser, o desenho é bem mais fiel ao conto original, e há vários indícios de que a inspiração principal do filme foi mesmo o desenho. Tim Burton praticamente copia alguns planos. E não podemos esquecer de que ele começou sua carreira como animador da Disney. Tudo explicado.
(Sou fã do Tim Burton sim, por isso mesmo posso reconhecer as merdas que ele faz, como "Sleepy Hollow".)
E já que hoje em dia podemos comemorar o Halloween, fiz um programa especial do "Le Kitsch C’est Chic", para o dia 31. Para começar, a presença da "bruxa" Cristiane Lisbôa, lendo feitiços, receitas e poções mágicas. Depois, coloquei coisas ultra especiais, como o próprio Bing Crosby cantando a música do desenho, Jô Soares cantando a música do "Vampiro", o tema do Halloween, do Ed Wood, e muito mais. Imperdível. Vocês sabem, no Mix Brasil, terça 18h com reprise às 23h.
E por ironia pura, vou passar este Haloween no Rio, lançando "Mastigando Humanos" numa Universidade, num seminário sobre "Realismo".
Se ainda não sabem:
Debate na Puc-Rio: Terça, 31 de outubro, 15:45.
Seguido de coquetel e lançamento: 18h.
É aberto ao público, por favor, venham, depois vocês me levam a um baile de Halloween aí pelo Rio, ok?
A Mostra está a toda aqui em SP, mas não estou conseguindo acompanhar. Ao menos vi o novo do Tsai Ming-Liang, "Não Quero Dormir Sozinho". É impressionante como me identifico com esse china. Essa vida vertical degradada, individualismos forçados no coletivo, paredes rachadas. Bem, todo mundo que tem vazamento no apartamento poderia se identificar com ele...
Hoje vi também "The Night Listener", adaptação do romance de Armistead Maupin, publicado aqui no Brasil como "O Ouvinte Noturno"(isso eu acabei de descobrir pesquisando na net, porque pensava em sugerir o romance para a Nova Fronteira, para eu traduzir). A adaptação para o cinema não é das mais caprichosas, as relações entre os personagens se estabelecem muito rapidamente e parecem falsas. De qualquer forma, a história é genial, lembra muito, muito a "Verdadeira História de JT Leroy", ou seja, uma velha escritora que inventa e se passa por um personagem adolescente que foi vítima de abusos. O filme é isso, um escritor/radialista (vivido por Robin Willians, vejam só) que tenta descobrir a verdade sobre esse personagem, se é apenas invenção dessa mulher ou se existe de fato. E fica a dúvida se Laura Albert (a verdadeira autora por trás de JT) se inspirou no romance de Maupin ou não.
Apesar de eu também ser escritor, também ter um programa de rádio e de ter sido pessoalmente enganado pelo "JT LeRoy", não me identifiquei muito com o Robin Willians não... haha
Feliz Halloween pra vocês e boa viagem pra mim.