27/10/2006

MAIS QUERO CAVALEIRO QUE ME DECAPITE DO QUE MULA SEM CABEÇA



Cena de "The Legend of Sleepy Hollow", o desenho animado da Disney de 1949 inspirado num conto do Washington Irwin. Todo o desenho é narrado pelo Bing Crosby e ele canta todas as músicas (que são incríveis). Era um dos meus desenhos favoritos quando eu era uma criança gótica, o que me tornou uma criança colonizada que queria implantar o Halloween no Brasil. Na época, ninguém sabia o que era. Me lembro de andar com um amigo pela nossa vizinhança no Jardim América (ui, ui), vestidos com máscaras, tocando campainhas, pedindo doces, e o povo simplesmente batia a porta na nossa cara. Hoje em dia o Halloween está mais do que implantado, pelo menos aqui em São Paulo. Sempre digo que as crianças de hoje são mais felizes... as crianças ricas ao menos. É só dar um pulo numa loja de brinquedos hoje em dia e se vê o por quê.

Sim, esse desenho aí inspirou o (terrível) filme "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" do Tim Burton. Acredite se quiser, o desenho é bem mais fiel ao conto original, e há vários indícios de que a inspiração principal do filme foi mesmo o desenho. Tim Burton praticamente copia alguns planos. E não podemos esquecer de que ele começou sua carreira como animador da Disney. Tudo explicado.

(Sou fã do Tim Burton sim, por isso mesmo posso reconhecer as merdas que ele faz, como "Sleepy Hollow".)

E já que hoje em dia podemos comemorar o Halloween, fiz um programa especial do "Le Kitsch C’est Chic", para o dia 31. Para começar, a presença da "bruxa" Cristiane Lisbôa, lendo feitiços, receitas e poções mágicas. Depois, coloquei coisas ultra especiais, como o próprio Bing Crosby cantando a música do desenho, Jô Soares cantando a música do "Vampiro", o tema do Halloween, do Ed Wood, e muito mais. Imperdível. Vocês sabem, no Mix Brasil, terça 18h com reprise às 23h.

E por ironia pura, vou passar este Haloween no Rio, lançando "Mastigando Humanos" numa Universidade, num seminário sobre "Realismo".

Se ainda não sabem:
Debate na Puc-Rio: Terça, 31 de outubro, 15:45.
Seguido de coquetel e lançamento: 18h.

É aberto ao público, por favor, venham, depois vocês me levam a um baile de Halloween aí pelo Rio, ok?

A Mostra está a toda aqui em SP, mas não estou conseguindo acompanhar. Ao menos vi o novo do Tsai Ming-Liang, "Não Quero Dormir Sozinho". É impressionante como me identifico com esse china. Essa vida vertical degradada, individualismos forçados no coletivo, paredes rachadas. Bem, todo mundo que tem vazamento no apartamento poderia se identificar com ele...

Hoje vi também "The Night Listener", adaptação do romance de Armistead Maupin, publicado aqui no Brasil como "O Ouvinte Noturno"(isso eu acabei de descobrir pesquisando na net, porque pensava em sugerir o romance para a Nova Fronteira, para eu traduzir). A adaptação para o cinema não é das mais caprichosas, as relações entre os personagens se estabelecem muito rapidamente e parecem falsas. De qualquer forma, a história é genial, lembra muito, muito a "Verdadeira História de JT Leroy", ou seja, uma velha escritora que inventa e se passa por um personagem adolescente que foi vítima de abusos. O filme é isso, um escritor/radialista (vivido por Robin Willians, vejam só) que tenta descobrir a verdade sobre esse personagem, se é apenas invenção dessa mulher ou se existe de fato. E fica a dúvida se Laura Albert (a verdadeira autora por trás de JT) se inspirou no romance de Maupin ou não.

Apesar de eu também ser escritor, também ter um programa de rádio e de ter sido pessoalmente enganado pelo "JT LeRoy", não me identifiquei muito com o Robin Willians não... haha

Feliz Halloween pra vocês e boa viagem pra mim.

23/10/2006

SUCESSO É PARA OS FRACOS!



(Karine Alexandrino - a Mulher Tombada - e Eu)

É dela a ótima frase título do meu post. E ela foi minha entrevistada desta semana no ‘Le Kitsch C’est Chic". Eu também fui o entrevistado do programa de TV dela, "Liqüidificador", que vai ao ar no Norte e Nordeste. Para quem chegou hoje, Karine Alexandrino é uma cantora kitsch-chique com dois álbuns lançados. E quem quiser saber mais, escute a entrevista no meu programa. Falamos bobagens, futilidades, música, literatura e colocamos coisinhas legais para tocar. Yoko Ono, Jane Birkin, Roxy Music, Robertinho do Recife e David Bowie (fazendo "Volare"), além do próprio som da Karine.

Serviço: Le Kitsch C’est Chic – Terça 18h, reprise 23h no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

Olha o que a Ivana (Arruda Leite) falou sobre o programa:

Acabei de ouvir o programa do Santiago Nazarian na Rádio Mix e não agüentei esperar até amanhã pra contar ao mundo o quanto o programa é legal. Acho que nem ele sabe que é tão legal. Uma das coisas mais delicadas e deliciosas que já ouvi na internet.

Semana que vem estou no Rio. Domingo agora, para ser mais exato. Vou participar de um seminário na Puc e aproveitar para lançar "Mastigando Humanos". Então peguem aí caderninho para anotar o lançamento:

Dia 31/10 – Terça, no Auditório de RDC da Puc Rio:
Debate 15:45: - Karim Ainouz (cineasta) - Renato Cordeiro Gomes (professor da Puc)
- Santiago Nazarian (jacaré) - Mediados por Maria Fernanda Abreu.
Depois vem o coquetel de encerramento e lançamento do livro: 18:30.


Não é uma grande ironia eu lançar "Mastigando Humanos" no Rio de Janeiro dentro de uma Universidade, no Halloween, num debate sobre "Realismo"?

Participei final de semana passado do "Balada Literária", evento de lançamentos e debates literários espalhados pela zona "Oeste" de São Paulo. Conclusões? As mesmas de sempre. Um bando de frustrados. Sim, UM BANDO DE FRUSTRADOS, e eu bem que gostaria de dizer que não sou. Digo, participei de uma mesa de respeito, com Sérgio Sant’Anna e Nelson de Oliveira, mediados por Xico Sá, e o que mais se ouviu foi como escritor é fodido, como a literatura não tem espaço, como tudo é difícil... Fiquei aqui pensando que há poucas classes tão frustradas como a de escritores. UM BANDO DE FRUSTRADOS! Literatos

Fazer o quê, se Godzilla insiste em tombar nossos prédios?

Ainda assim, tem gente querendo mexer no nosso queijo, não é? Nossas míseras resenhas e cadernos literários provocam. Como disse sabiamente Sergio Sant’Anna, há muita gente ainda mais frustrada por aí, escritores de feriado prolongado, jornalistas que nunca conseguiram publicar seu primeiro livrinho, ou publicaram mas não conseguiram ascender à condição de resenhistas anônimos. Para esses, os escritores em destaque (isso é um paradoxo?) incomodam.

É isso, isso, mais do que o amor à literatura, é a inveja alheia que não nos faz desistir...

Mas as resenhas lindinhas continuam saindo. Recebi uma do Rascunho, escrita pelo Suênio Campos de Lucena (que vem acompanhando, mastigando e digerindo todos os meus livros). Trecho:

Nazarian vem melhorando mais e mais, depurando sua linguagem e temas. E o que poderia parecer menos ousado ocorre justamente o contrário – em Mastigando humanos, sobretudo, pelo aparente absurdo e inverossimilhança de sua empreitada ao criar este jacaré. (...) Cremos que esse livro flagra o "amadurecimento" do autor, quando ele alcança seu melhor momento.

Também estou no primeiro número da Revista Joyce Pascowich e na Rolling Stones. Mas só deixo de ser frustrado quando for capa da Caras.

20/10/2006

OU NÃO SER?


Know how to make a knot?
"I know a few"
I only need one. Hangman’s.
"I know the sailor’s hitch. Do you want to see it?"
No, my child. I want to see you make the hangman’s, very pretty, well done, tight. Otherwise, I will ask your brother.
Seraphim picked up the rope and silently started to make a serious knot. It took longer than I thought it should. Nine years old, small hands, fooling me. He could not satisfy me. I took the rope from his hands and thanked him, throwing away my cigarette butt.


(de "Nameless Death", uma "sample traduction" de "A Morte Sem Nome", meu romance traduzido para o inglês por Lidia Luther. Agora só falta vender e publicar...)

Lorena avança e se afoga além mar. Esta semana recebi meu primeiro email de um leitor português. Parece que o livro acaba de sair por lá. Eu ainda não vi. Recebi contrato e grana da editora portuguesa há ANOS (dois, para ser mais preciso), mas o bichinho mesmo só saiu agora. Ainda me orgulha tanto... E na realidade é o primeiro romance que escrevi, há quase seis anos...

Falando em "não-ser", recebi esta semana (e já li) o novo livro de contos do Noll - "A Máquina de Ser". Tudo perfeito. O título, o texto, a capa... Olha a capa aí.



Putz, eu podia ficar um post inteiro só falando dessa capa (de Victor Burton). Diz tanto... E é ainda melhor ao vivo (bem, na verdade, na tela, é um pouco confusa). Minha única ressalva é esse logo deslocado da editora, devia estar nessa lombada da capa. De qualquer forma, essa capa... é de se falar: "seus putos, vocês trabalham com literatura há anos por que nunca pensaram nisso?" Tem tanto escritor aí que trabalha com isso, e que faz uma porcarias de capa... (eu bem que me esforço, embora não tenha talento gráfico nenhum, mas, acredito, bom gosto. Por isso cuspo em "Olívio").

Antes que me acusem de superficial, vamos para o miolo. Gosto tanto do Noll. gosto tanto dos contos do Noll. "O Cego e a Dançarina" é (ainda) meu livro brasileiro de contos favorito, de todos os tempos! Num patamar tão alto que seria pedir demais que "A Máquina de Ser" o superasse. Mas não que esteja numa prateleira abaixo, justamente o contrário. Talvez um pouco distante de imaturidades deliciosas que eu tanto prezo na escrita, nos autores e nos homens (hahaha).

"A Máquina de Ser" é uma seqüência de romances inférteis. Pois as narrativas vêm carregadas da densidade, do universo e das promessas que, já nas primeiras linhas, são frustradas. É sempre o começo do fim, o "não-ser", ou o ser apenas automatizado, arrastando-se nos créditos finais. E se em seus romances mais recentes Noll parece carregar um personagem que segue apenas esperando parar, nesses presentes textos ele pontua antes, transformando-os em contos. Uma seqüência de novos romances, novas possibilidades, que ele sabe que nunca trariam a salvação...

Nada, eu sabia que nada mais podia acontecer. Não tinha mais fôlego para fazer parte daqueles céleres animais.

(do conto "Alma Naval")

Ah, é triste mesmo, mas num tom bem melhor do que eu consigo explicar, hohoho. Uma coisa que dói nos ossos. Uma verdade assim, de não ser, sabe? Assim:

"Vivi tanto aquele dia que de mim escorreu sangue ao deitar."

(do conto dele, nesse livro, "Nado Livre")

Tem como eu não gostar?

Bem, hoje é tarde, amanhã o dia é cheio e meu iguana não me ama.

16/10/2006

PICOLÉ DE SANGUE FRIO


(Araki, meu filhote, by Luciancencov)

Ah, inércia, inércia, quanto mais nos movimentamos mais temos energia para prosseguir. Meus dias tem sido bem produtivos criativamente, vários projetinhos paralelos e um romance novo, que acabei de começar.

Não vou falar nada dele, não, porque se começar a soltar teasers agora vocês vão ter de agüentar isso por dois anos, haha. Então é melhor eu me conter. Até porque não quero lançar livro ano que vem, quero descansar dessa tensão e responsabilidade, que no final se somam principalmente em expectativas frustradas...

Então vamos ao teatro. Neste final de semana fui ver uma ótima montagem de "Toda Nudez Será Castigada", com a Armazém Companhia de Teatro, no Centro Cultural Vergueiro. Assisti também à pré-estréia da nova peça dos Satyros – "Inocência", que estréia nesta quinta. Estupenda. Eles inclusive foram meus convidados no programa Le Kitsch C’est Chic desta semana, Ivam Cabral e Laerte Késsimos. Além da entrevista, eles cantaram, pintaram e bordaram, levando coisas bem divertidas para tocar. Eu toquei, entre outras coisas, Rufus Wainwright (fazendo "My Funny Valentine"), Ney Matogrosso, Rocio Jurado, Doris Day e Sinéad O’Connor (fazendo "Chiquitita", do Abba). Eles levaram pérolas kitsch que não vou revelar aqui...

Vocês podem ouvir o programa amanhã, terça: 18h com reprise às 23h, no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

Eu também escrevi um texto para o programa dessa peça nova deles. Reproduzo abaixo:

A vida continua na praça Roosevelt. Mesmo depois de morta – talvez suicídio, talvez assassinato – ela permanece vibrante nos sonhos e corpos (e que corpos – ulalá – haha!) da trupe dos Satyros. Não, não é como zumbis que se arrastam, pois não há nada de arrastado. Não é como fantasmas sem carne, ainda que assombre. É uma alma viajante, persistente, que não se apaga tão facilmente no final de um ato, numa saída de cena.

"Inocência" dá prosseguimento à parceria da dramaturga alemã Dea Loher com o grupo brasileiro. Se em "A Vida na Praça Roosevelt" ela fabulava as histórias que conheceu com o grupo, em "Inocência" parece ser o grupo que fabula as histórias de Loher. A mãe do assassino, os suicidas voadores, a stripper cega, o necrófilo autista, o imigrante ilegal, são arquétipos de que praça? Passageiros de qual meio? Vindos de qual mundo? É isso, uma fusão de mundos, gerando esse universo, expandindo os horizontes do Satyros, chegando até o oceano... E afundando.

Pois como todo universo complexo, há a densidade, o exagero, num tom que combina o kitsch e o macabro. Kitsch para rir das desgraças. Desgraça para levar o drama a sério. Ou talvez apenas uma poltrona estampada para tornar a viagem mais confortável. Feijoada servida durante o vôo. Eu gosto. Me acomodo. E ainda assim me perturbo, saio com os piores jetlags, algo inevitável ao viajar nessa companhia. (Oh, mas quem mandou eu me empanturrar? Aqui não se serve comida de avião.)

Sim, somos conduzidos, dirigidos, mesmo quando não flagrantemente interativos. Indo além do texto, além dos atores, além do som e da psicodelia visual, é a platéia que faz do Satyros os Satyros, mais do que em qualquer outro teatro. Nós somos dirigidos por eles. E assim eles nos deixam onde querem.

No final do percurso, fica essa constatação de um novo cenário (afinal, apenas a companhia aérea é a mesma). Para um grupo que sempre se aprofundou em questões da alma humana, "Inocência" revela: há um oceano na Praça Roosevelt. É lindo e é bravo.

(o elenco completo da peça)



Para saber mais: http://www.satyros.com.br

Mas não esqueci do meu jacaré não. A divulgação de "Mastigando Humanos" continua. Quarta, 22h, faço uma participação relâmpago no programa Saia Justa, na GNT. Acho que ficou bem divertido. Passa também em várias reprises, mas delas não sei o horário...

E neste final de semana participo da Balada Literária, sexta, 17h, na Livraria da Vila. Boa oportunidade de você aparecer, levar o livrinho para eu assinar ou mesmo comprar lá. Veja a programa completa do evento:

www.baladaliteraria.blogspot.com

Depois eu falo do lançamento no Rio (dia 31 de outubro) e em Porto Alegre (dia 11 de novembro).

10/10/2006

TOMEI UM CALMANTE, UM EXCITANTE, UM BOCADO DE GIM...



Eu, vestido de Cauby, por Luciancencov.

(ATENÇÃO, mudou horário) Hoje estréia meu programa semanal na web-rádio do Mix Brasil. LE KITSCH C’EST CHIC.

É um programa chique, cultural, com um convidado diferente toda semana, falando de literatura, música, teatro, etc. Entre a conversa, colocamos musiquinhas kitsch, boleros, samba-canção, tango, mambo e chachachás por aí...

No programa de estréia, o convidado foi o grande escritor MARCELINO FREIRE, Prêmio Jabuti deste ano com seu livro "Contos Negreiros. Marcelino colocou cantores como Bola de Nieve, Lula Penna e eu ainda acrescentei Grace Chang, Angela Rô Rô, Nina Simone, Bete Davis em "O que Terá Acontecido a Baby Jane"...

Vocês podem ouvir hoje, terça, no Mix, em dois horários.

Toda terça das 18h às 19h, reprise das 23h às 24h.
Para ouvir: www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

O que você pode esperar ouvir por lá:

Cauby Peixoto, Maysa, Eduardo Dussek, Rocio Jurado, Sinéad O'Connor, Nelson Ned, Les Rita Mitsouko, Carmen Miranda, Ney Matogrosso, Antony and the Johnsons, Rufus Wainwright, Edith Veiga, Jane & Herondy, Klaus Nomi, Nelson Gonçalves, Julio Iglesias, Brian Ferry, Luis Miguel, Karine Alexandrino, Nubia Lafayete, Grace Jones, Billy Mckenzie, Real Madrid, Cindy Lauper, Edith Piaf, Nora Ney, Amanda Lear, Jacques Brel e coisas bem mais absurdas...

08/10/2006

CACHORRO-QUENTE PARA OS OLHOS É LINGUIÇA



Foto: Santiago Nazarian por Luciancencov...

Hahaha, se acha, se acha, zoeira... Esse aí é o Lee Williams, "a cara do britpop". Lembrei dele outro dia, vendo um clip do Pulp - "Babies" - ele é o kid called David do clipe. Daí fiz a relação e lembrei de que ele também está num clip do Suede - "Trash" - e na capa do cd "Coming Up". Além de modelo, fez alguns filmes, sendo o mais notório o PÉSSIMO "Wolves of Kromer", na qual ele faz uma espécie de lobisomen gay... Bonitinho, mas ordinário.

E daí? Coloquei aqui só para encher linguiça, enchendo os olhos.

Bem, tem alguns eventos surgindo aí. O primeiro deles é o "Balada Literária", organizado pelo Marcelino, no qual eu participarei dia 20 de outubro, 17h, na Livraria da Vila, num debate com André e Sérgio Sant'anna, Reinaldo Moraes e Nelson de Oliveira. Será que cabe todo mundo na mesma mesa? Eu sou magrinho...

Para saber a programação completa do evento: baladaliteraria.blogspot.com

Eu também estarei no Rio, no final do mês, entre o dia 29 e o dia 1. Vou a convite de uma universidade, participar de um seminário, mas devo aproveitar a estadia para lançar "Mastigando Humanos" por lá. Ainda não sabemos onde e como. Então, se você tem alguma proposta ou convite (de lançamento, querido), fale agora ou cale-se para sempre.

Assim que tivermos isso definido, aviso aqui e na comunidade.

E o lançamento em Porto Alegre será dia 11 de novembro, sábado, na Feira do Livro. Participarei às 17h de um debate com a grande Cíntia Moscovich, em seguida será o lançamento (lá pelas 19h).

Outras cidades? Nada marcado. Mas ainda estou caçando eventos, na esperança de chegar até ti...

De resto, fazendo umas traduções para a Bienal, um projetinho bem legal de algo que ainda não posso dizer, e caçando freelas como sempre. Não, não vivo de resenhas publicadas sobre meus livros.

02/10/2006

AS MINA, PÁ!

Antes que eu me esqueça, ninguém vai me arrumar ingressos para ver a estréia do Diogo Vilela fazendo Cauby! Cauby!??? Puxa, se tem alguém em São Paulo que merece ir sou eu!

Sábado fui no lançamento da Coleção Literatura Inclusa do Ateliê Casa Madalena, com textos de Cristiane Lisbôa, nas roupas e livretos.

Cristiane Lisbôa é a grande criadora da Fina Flor, uma micro editora fina, que faz livros com tiragens limitadíssimas, interferências a mão e mimos mil. Não, não se tratam apenas de livros de mesa de centro, são livros poemas lindíssimos, que ainda por cima têm a inteligência de virem com um plus.

Cristiane é assim, uma dessas pessoas que entendem e vivem a literatura, por isso conseguem expandi-la para além das páginas. Eu inclusive contei com sua valorosa colaboração na divulgação de "Mastigando Humanos". Foi dela a idéia (e a execução) dos braceletes numerados imitando couro de jacaré, e ela também que arrumou parte do meu figurino de réptil. Há quem torça o nariz e ache que os escritores devem se ater apenas ao papel. Então esses que mofem por aí, enquanto a gente desfila com nossa literatura pelas passarelas... haha.

Meu único pesar é ela ser tão boa escritora, porque gostaria de poder continuar contando com ela como editora:

"Por dentro ela gritava. Mas com ele falava baixo e calmo. No exato tom que inconscientemente todas as pessoas usam quando estão a segundos de começar o maior escândalo de suas vidas."

(do livro dela, "Deles e Quase o Resto". Sim, sim, ela é minha amiga. Tá pensando o quê? Escolho bem minhas amizade...)

E falando em meninas más, assisti duas vezes ao filme "Hard Candy" (que foi horrivelmente traduzido como "Menina Má.Com"). O tema, a estrutura e os atores já bastariam para me interessar. Mas o filme superou minhas expectativas, embora eu acho que deslize diversas vezes para o didatismo e a lição de moral.

É um thriller de dois personagens num ambiente fechado. Um fotógrafo de 32 anos que conhece uma menina de 14 num chat e a leva para casa. Ele é um pedófilo, ela é uma psicótica. O que temos então é uma mistura de "A Morte e a Donzela" com "Audition". A semelhança com "A Morte e a Donzela" inclusive é espetada de maneira ousada em determinada passagem do filme, quando a menina relembra o caso de pedofilia em que Polanski se envolveu. Há cenas agoniantes, a tensão se mantém durante o filme inteiro, mas as vezes parece um pouco mais longo do que o necessário. Além disso, frases como "eu sou todas as meninas que você já olhou" não precisavam ter entrado. De qualquer forma, o roteiro é extremamente bem escrito e os diálogos são incríveis, principalmente no começo, em que há aquele clima falso de pessoas que estão se conhecendo e querem impressionar uma à outra com sorrisos e frases de efeito. A menina, Ellen Paige (que fez a "Lince Negra" no último X-men) dá um show. Isso sim é interpretação para Oscar (passará longe, claro). Me lembrou um pouco Lou Taylor Pucci, de "The Thumbsucker", nessa coisa de adolescentes encenando adolescentes com um misto de prepotência e impotência. Aliás, o filme puxa mais para o cinema independente americano – "The Thumbsucker", "Bubble" - do que para o cinema de horror (ou de suspense). O diretor David Slade, já foi diretor de videoclipes (e fotógrafo? Provavelmente...), o filme tem sim alguns momentos clipados e uma preocupação excessiva com a fotografia que poderiam comprometer, mas as atuações são tão boas e os diálogos tão inteligentes, que no final tudo fica na medida certa.

Enfim, um excelente thriller, com o deslize de se preocupar muito em deixar uma "mensagem moral".

E já que estamos falando das minas, sexta passada gravei uma pequena participação... no programa "Saia Justa". Não me perguntem. Assim que eu souber quando vai ao ar coloco aqui.

Hoje tive chat-entrevista no IG e no Uol. Você esteve lá?

E, vejam que bonitinho, o Portal Literal fez uma enquete (e promoção) com seus leitores perguntando "qual é o jovem escritor de maior destaque dos últimos anos?" Ganhou o Marcelino Freire, claro, que não apenas tem livros incríveis, mas movimenta a cena e ajuda a divulgar vários novos escritores. Só que ele não é tão jovem não, tem até uns pés de galinha, velhaco, não achei justo. Já roubou a posteridade do Mirisola agora quer roubar minha juventude?!! Hehe, bem, eu fiquei em segundo. E o mais legal foi ler algumas das mensagens fofinhas de leitores que votaram em mim. Agora cadê minha medalha? Será que não tem prêmio em dinheiro? Tô precisando fazer um botox... Haha.



pic by Mix Brasil.

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...