Neste final de semana Marina Lima lança seu disco novo - CLÍMAX - no Sesc Vila Mariana, aqui em SP; eu vou na sexta.
O disco consegue ser ainda mais sombrio do que o anterior - LÁ NOS PRIMÓRDIOS (que continha "Três", provavelmente minha música favorita da Marina) - com uma produção bem concisa, um clima noturno e "desencantado."
Antônio Cícero, irmão e parceiro de letras de Marina, não participa do disco; sua ausência é sentida, sua poesia faz falta, mas a falta também confere certa diferença e identidade ao disco. Marina assina sozinha a maior parte das composições e isso gera faixas mais enxutas, em que melodia instrumental e vocal coincidem.
"Não me Venha Mais com o Amor", a faixa de abertura, parece reduntante em si, com os vocais como mera tradução do que dizem as guitarras. Ela já fez isso lindamente em "Pierrot" (faixa do disco Pierrot do Brasil, que ela assinava sozinha), e aqui a letra de parceria com Adriana Calcanhotto parece mais desnecessária ao que a bela melodia tem a dizer. Mas o povo quer Marina cantora, então tá. Para mim, seria uma faixa perfeita apenas instrumental.
Mas Marina subverte essa obviedade lindamente em faixas como "A Parte que me Cabe" (de longe a minha favorita) em dueto com Vanessa da Mata. Com uma programaçãozinha mequetrefe por trás, as duas parecem duelar num karaokê udi-gudri e dar várias possibilidades de interpretação de uma mesma melodia vocal. Lindo-lindo.
Mesmo as faixas pretensamente mais "fofinhas", como "Call me" (cover daquela: "call me, don´t be afraid you can call me...") ficam trevosas com a produção e a interpretação de Marina. Karina Buhr participa do vocal e composição de "Desencantados", mas seu sotaque nordestino, longe de iluminar, confere um tom de naufrágio no oceano petrolífero de Marina... e isso é bom.
Marina termina de afundar na faixa seguinte "Doce de Nós", a mais seca do disco: As vezes eu choro, pra lembrar de mim, ela canta. A faixa começa só com violão; quando ela cresce com percussão e samples, lembra muito Portishead em Third, e talvez se torne uma nova favorita minha.
Só Samuel Rosa estraga tudo na faixa final "Pra Sempre", que não tem nada a ver com o disco e nada a ver com nada, como o Skank, que afinal, é uma banda necessária para as cervejadas universitárias. Mas Marina é vodca, vodca, gin, dry martini, enfim...
Mas falando em cervejadas...
Panic of Girls!
Debbie! Isso que é diva!
Blondie também lançou disco novo. E embora eu não tenha conseguido me aproximar/entrevistar/criar laços, como fiz com Marina, Debbie Harry continua das minhas maiores divas. Diz aí, diva BEEEEM melhor do que Madonna, Lady Gaga, Britney....
Debbie! Isso que é diva!
Encomendei o novo disco do Blondie na Amazon.Uk e recomendo muito. Já encomendei muita coisa na Amazon USA, mas a amazona americana costuma dar prazos absurdos ou preços abusivos. Ou você espera dois meses, ou paga duzentos dólares. Na Amazon Uk você recebe em duas semanas, pagando o padrão (no caso desse disco, eu paguei 16 libras pelo collector's pac - já digo o que é - que dá uns 40 reais, preço bem razoável para um disco britânico cheio de extras.)
Claro que você poderia baixar o CD de graça na Internet; mas, colocando de lado a legalidade da coisa, as gravadoras expertas vêm criando produtos com preços atrativos que são bons rivais para a pirataria. Diz aí, eu poderia ficar buscando o disco para baixar, mas por 40 reais (aqui em SP) recebo esse Collector's Pack oficial com o disco num digipack bem bonitinho, faixas extras, encarte, revista com entrevista com a Debbie e o caralho, pôster, bottoms, vibrador... (tá, vibrador é mentira, mas você precisa?); para mim é um bom rival da pirataria...
E O DISCO?!!!
É beeeeeeem legal. Eu sou mega fã do Blondie, desde a adolescência; desde que vi a Debbie cantando "Well Did You Evah" com o Iggy Pop, lá por 92, 93... (Ok, eu sou velho, eu sei, eu sei). E acho mesmo que o Blondie foi banda que fez o melhor retorno de todas - não vou nem comentar o retorno dos Sex Pistols; a volta dos Eurythmics (outra das minhas favoritas) em 1999 foi "desculpável" e dos Bauhaus em 2008 foi "Ok". Mas a volta do Blondie com No Exit foi absurda. Vai dizer que "Maria" não é das melhores músicas da banda em todos os tempos?
Pois bem, depois disso, o quê? Eles lançaram The Curse of Blondie em 2003, que é bem legal. É bem legal mesmo, diz aí, tem "Good Boys", "The Tingler", "Shakedown"; bom eu sou suspeito, porque gosto até da carreira solo da Debbie Harry, mas sempre prefiro o Blondie. E acho The Curse of Blondie ainda melhor do que os últimos discos da primeira fase - Autoamerican e The Hunter.
PANIC OF GIRLS é bem legal, muito legal, mas abaixo de No Exit ou The Curse of Blondie, eu teria de dizer. Talvez funcione melhor como um todo do que os anteriores - o disco todo é legal - mas não tem nenhuma faixa ABSURDA como "Screaming Scream", "Maria" ou "Good Boys".
O primeiro single "Mother" é bem divertido, e só. Tem aquele clipe bizonho com zumbis, que ainda consegue ficar dentro do registro Blondie (vide "Atomic"). E o álbum todo vai nesse tom. O álbum todo vai nesse registro despretencioso tosco divertido, com vários reggaezinhos (que, claro, eles já tinham feito), Debbie cantando em espanhol, Debbie cantando em francês, Debbie encarnando a Shakira... Talvez faltem os rockers mesmo. "What I Heard" é minha favorita, "Sunday Smile" cover do Beiruth, parece uma versão melhorada de "Island of Lost Souls" e "Horizontal Twist" (que só está no disco com extras - hihi) lembra as melhores coisas de Debbie solo. Eu gostei bem e estou ouvindo sem parar... mas também me fez rever The Curse of Blondie, o anterior, que estou achando melhor.
E é isso. Agora é esperar pela minha encomenda dos CINCO álbuns do Suede, reeditados com extras, DVDS e o caralho, que prometem me deixar monocentrado em Suede até o final do ano.