29/11/2011
25/11/2011
23/11/2011
Eu mesmo não assistia ao CSS ao vivo há muito, muito tempo. E a recém saída do baixista/baterista/guitarrista/produtor e principal compositor, Adriano Cintra, me fazia questionar em qual clima encontraria o grupo. O que eu assisti aqui na Escandinávia foi uma banda de punk rock divertidíssima, energética e muito profissional, que cobriu a saída dele com músicos de apoio.
Nas entrevistas atuais, Lovefoxxx parece ressentir o nome original “Cansei de Ser Sexy”, mais panfletário e menos internacional do que a abreviação “CSS.” Ainda assim, poucas bandas têm um nome tão pertinente a seu conceito. A proposta do CSS parece ser essa celebração do “tô nem aí”, com figurinos mal-ajambrados, gritando o mote de “fuck everything.” A plateia segue o clima. E quando a banda sai do palco, o público pede bis gritando “C-S-S SUX! C-S-S SUX!”
Verdade que a casa estava com menos da metade da lotação, e longe da animação com que os brasileiros estão acostumados. “Achei o povo daqui meio frio,” diz a guitarrista Luiza Sá. “Ontem na Suécia foi uma loucura.” Mas ainda que os noruegueses não sejam lá o povo mais empolgado, pareciam conhecer cada uma das músicas e berravam pedindo “Alcohol” (faixa do primeiro álbum, que não foi tocada). Um rapaz havia dirigido cinco horas da Suécia só para ver o grupo(e ia voltar dirigindo em seguida). E conforme o show foi avançando, os meninos e meninas mais próximos de mim foram se abraçando, cantando junto, e quando eu vi estava pulando abraçado com eles, parando só entre as músicas para anotar o set list.
A divulgação da saída de Adriano foi feita há pouco mais de uma semana, mas ele já não vinha se apresentando com a banda desde setembro, e as meninas já estavam preparadas para isso há muito tempo. O clima tenso que pode ter se estabelecido há princípio não pode ser percebido agora, nem no palco nem conversando com elas depois do show.
Dizer que o futuro do CSS – com a saída de seu principal compositor – é incerto seria um pleonasmo. Todo futuro é incerto. O que importa é que, como nenhuma banda brasileira, o CSS pode dizer que chegou lá, se tornaram cidadãos do mundo, e parecem estar aproveitando cada segundo disso.
Com a Luiza.
Setlist
Rythm to the Rebels
Off the Hook
Hits me Like a Rock
Music Is My Hot Hot Sex
Red Alert
Let’s Make Love
Jager Yoga
Echo of Love
Move
We Could Have it All
Let’s Reggae All Night
Fuck Everything
Alala
City Grrrl
Art Bitch
Rap de agradecimento à plateia
Beautiful Song
20/11/2011
14/11/2011
12/11/2011
Helsinque.
Comecei a tentar criar o que será minha vida em Helsinque. Não é preciso muito. Já estou frequentando uma academia, aluguei uma bicicleta e com meu Macbook e internet posso seguir com os trabalhos do Brasil. Esse não é o esquema ideal; já me mudei algumas vezes para cidades onde conhecia pouca gente ou nenhuma - Porto Alegre, Londres, Florianópolis – e sei que é muito mais difícil se integrar à cidade sem fazer parte da rotina dela (com um trabalho ou estudo diário, em que você conviva com outras pessoas). Mas ainda estou pensando e aberto as possibilidades – embora eu ache (ou eu saiba) que as oportunidades não costumam aparecer gratuitamente na minha vida, eu tenho sempre de correr atrás e investir, inclusive financeiramente.
Um curso intensivo de finlandês é algo que quero muito fazer. Você não precisa saber realmente finlandês para morar aqui, todos falam inglês com boa vontade e simpatia, mas ajuda para se integrar mais, entender melhor a cultura. Eu ainda só entendo o básico do básico, mas tem sido útil.
Os parques de Helsinque.
Os parques de noite...
Toda vez que eu mudo para uma nova cidade também percebo uma curiosidade e uma desconfiança de que há algum amor por trás. Não há. Nunca há. Não há amor na minha vida. Mas talvez haja essa procura... Talvez algo para me fazer sentir em casa, formar uma casa, talvez o mais próximo que posso de uma família.
Tenho um relacionamento bem distante com a minha. Quatro irmãos que vejo duas vezes por ano. Pai uma vez a cada dois anos. Mãe uma vez por mês, quando muito. Também tenho uma rede de amigos bem dispersa, que eu jamais poderia chamar de turma de amigos. Nunca tive isso. Eles não são amigos entre si. E embora a maioria deles seja realmente especial para mim, eu acredito que nenhum deles me considere como seu “melhor amigo.”
Puxa isso está ficando triste...
Nah, não é motivo para drama. É só a compreensão do contexto que me faz sentir tão solto e sempre pronto a procurar algo mais. Um reverso de Feriado de Mim Mesmo, quem sabe. (By the way, pouca gente sabe que quando escrevi aquele livro, eu na verdade não morava sozinho, não era ainda tradutor e tinha recém publicado meu primeiro livro. Foi mais uma expectativa ou uma possibilidade do que uma análise da minha vida.)
Aqui em Helsinque essa vida continua. Terei meu apartamento, minhas traduções, começo a trabalhar num novo romance... Por enquanto ainda estou em hotel – talvez uma realidade mais Mastigando Humanos.
Anni e a mudança que será minha.
Conheci a Anni - a querida que está me alugando um apartamento em Kallio, bairro "boêmio" de Helsinque - em Tóquio, ano passado, num piquenique no Yoyogi Parki. Houve uma simpatia imediata, por ela ser finlandêsa e eu ser finlandófilo, e conversando pelo FB descobri que ela estava alugando agora em novembro o apartamento recém comprado dela aqui.
Ontem ajudei com a mudança – que afinal de contas também é em parte minha – carregando máquina de lavar, cama, mesa, coisas que farão parte dessa minha nova casa. O apartamento é lindinho-lindinho, um ótimo tamanho, todo montadinho e mobiliado (por ela) e só falta um loirinho dentro para me fazer feliz. Haha.
Depois da mudança, comemoramos com os pais da Anni, que são de Nokia (a cidade que deu origem ao celular).
Anni ficará as próximas duas semanas lá, depois volta para Tóquio e o apartamento será meu. Ainda não sei quando volto ao Brasil, depende da grana, dos convites e das oportunidades. Passarei o inverno (verão de vocês) por aqui, isso é certo. Sei que não será fácil, mas a graça é essa. E se a coisa for terrível, será lindo voltar ao Brasil.
Ontem um menino daqui me perguntou: “Inverno na Finlândia, mas você não podia ter escolhido um lugar melhor?” E eu respondi: “Já escolhi. Agora é hora de viver isso.” E é verdade. Já tive outras escolhas. E depois de viver um longo verão em Florianópolis, eu não consigo pensar em outro lugar do mundo onde eu deveria estar...
08/11/2011
06/11/2011
As cores de outono em Munique.
E Munique também foi bem carinhosa comigo. Cidade lindinha-lindinha, talvez minha favorita da Alemanha, cheia de árvores e rios e patos e ciclovias. Deu para dar um longo passeio na sexta, antes de apresentar minha obra de noite. O inverno ainda não chegou na Europa. Os dias estão bonitos, temperatura em torno de dez graus (aqui mais pro norte) e as árvores estão com aquela cor linda de outono que não existe no Brasil.
O evento em Munique foi bem mais low-profile do que em Frankfurt, num lugar bem menor, mas isso também garantiu que ficasse lotado (com umas quarenta pessoas). Wanda Jakob, que organizou tudo e me recebeu, foi uma querida, e a minha intérprete Luisa também. Conheci vários brasileiros bacanas (praticamente o público que foi era todo de brasileiros) e deu para dar uma esticadinha depois.
Wanda, minha anfitriã, e Luisa, minha intérprete.
Legal que, tanto neste evento quanto em Frankfurt, se discutiu mais minha obra em si, minha temática, o estilo de escrita, as influências (na sexta pude discorrer longamente sobre as fotografias de Sally Mann – que foram a referência de base para o conto Piranhitas). Muitas vezes os eventos literários (não só no Brasil) se centram mais na biografia do autor e na relação dele com o mercado, o que se torna aburrido e repetitivo. Para saber minha biografia, é só consultar a Wikipedia.
Com a Wanda, provando da Weißwurst, especialidade da Baviera.
E assim se encerrou a turnezinha que me trouxe para a Europa em primeiro lugar. Talvez aproveitemos que vou ficar por aqui mais alguns meses para marcar outras datas - ficou faltando confirmar Berlim, e será imperdoável se eu não conseguir marcar nada em Helsinque.
A Alemanha desta vez foi suave, conheci muita gente bacana e espero que a coisa repercuta por aqui, com novos convites e traduções. Por algum motivo, eu acabo sempre voltando, e já posso dizer que conheço razoavelmente o país: Berlim, Hamburgo, Bremen, Bremerhaven, Frankfurt e Munique.
Agora estou no reino da Dinamarca, onde não há nada de podre, é um dos países do meu coração. Enquanto escrevo, o Grindr apita sem parar, mas também não há nada de novo. O padrãozinho gay é o mesmo em todo mundo - aquela coisa falsamente masculina: "sou macho e procuro machos", que nojo - onde foram parar os alternativos, os alterados, os transviados?
Fora que você seja numa cidade como Copenhague - como São Petersburgo - e quer sair, conhecer gente, ver a cena; mas o povo do Grindr quer mesmo é levar você para o apartamento, trancados entre quatro paredes. Estou descobrindo que não é a melhor forma de fazer turismo e conhecer amigos...
A verdadeira pequena sereia.
Copenhague continua linda, mas meu quarto de hotel é um horror. Peguei um hotel que eu já conhecia, consegui um quarto bem barato, mas quando entrei percebi por quê. Minha cama é praticamente um sofá, o quarto tem um cheiro de mofo, e eu estou me segurando, me segurando para não sair daqui e fazer um check-in em mais um Scandic. Me segurando porque vou ficar quatro meses na Europa, então é bom puxar o freio de mão nos gastos...
Eu sei, eu sei, eu sou esnobe e mal acostumado... Ou bem acostumado, talvez.
Ah, você que é jovem aproveite enquanto ainda pode mochilar, ficar em albergues, dividir banheiro. Eu não tenho mais saúde nem paciência. Não dá mais para dividir quarto com moleques de vinte anos... Hum... pensando bem... dividir quarto com moleques de vinte anos? Alguém conhece um bom albergue aqui em Copenhague?