12/11/2011

THERE’S NO PLACE LIKE HOME

Helsinque.

Comecei a tentar criar o que será minha vida em Helsinque. Não é preciso muito. Já estou frequentando uma academia, aluguei uma bicicleta e com meu Macbook e internet posso seguir com os trabalhos do Brasil. Esse não é o esquema ideal; já me mudei algumas vezes para cidades onde conhecia pouca gente ou nenhuma - Porto Alegre, Londres, Florianópolis – e sei que é muito mais difícil se integrar à cidade sem fazer parte da rotina dela (com um trabalho ou estudo diário, em que você conviva com outras pessoas). Mas ainda estou pensando e aberto as possibilidades – embora eu ache (ou eu saiba) que as oportunidades não costumam aparecer gratuitamente na minha vida, eu tenho sempre de correr atrás e investir, inclusive financeiramente.


Correndo de bike.

Um curso intensivo de finlandês é algo que quero muito fazer. Você não precisa saber realmente finlandês para morar aqui, todos falam inglês com boa vontade e simpatia, mas ajuda para se integrar mais, entender melhor a cultura. Eu ainda só entendo o básico do básico, mas tem sido útil.

Os parques de Helsinque.

Os parques de noite...


Toda vez que eu mudo para uma nova cidade também percebo uma curiosidade e uma desconfiança de que há algum amor por trás. Não há. Nunca há. Não há amor na minha vida. Mas talvez haja essa procura... Talvez algo para me fazer sentir em casa, formar uma casa, talvez o mais próximo que posso de uma família.

Tenho um relacionamento bem distante com a minha. Quatro irmãos que vejo duas vezes por ano. Pai uma vez a cada dois anos. Mãe uma vez por mês, quando muito. Também tenho uma rede de amigos bem dispersa, que eu jamais poderia chamar de turma de amigos. Nunca tive isso. Eles não são amigos entre si. E embora a maioria deles seja realmente especial para mim, eu acredito que nenhum deles me considere como seu “melhor amigo.”

Puxa isso está ficando triste...


Nah, não é motivo para drama. É só a compreensão do contexto que me faz sentir tão solto e sempre pronto a procurar algo mais. Um reverso de Feriado de Mim Mesmo, quem sabe. (By the way, pouca gente sabe que quando escrevi aquele livro, eu na verdade não morava sozinho, não era ainda tradutor e tinha recém publicado meu primeiro livro. Foi mais uma expectativa ou uma possibilidade do que uma análise da minha vida.)

Aqui em Helsinque essa vida continua. Terei meu apartamento, minhas traduções, começo a trabalhar num novo romance... Por enquanto ainda estou em hotel – talvez uma realidade mais Mastigando Humanos.

Anni e a mudança que será minha.

Conheci a Anni - a querida que está me alugando um apartamento em Kallio, bairro "boêmio" de Helsinque - em Tóquio, ano passado, num piquenique no Yoyogi Parki. Houve uma simpatia imediata, por ela ser finlandêsa e eu ser finlandófilo, e conversando pelo FB descobri que ela estava alugando agora em novembro o apartamento recém comprado dela aqui.

Ontem ajudei com a mudança – que afinal de contas também é em parte minha – carregando máquina de lavar, cama, mesa, coisas que farão parte dessa minha nova casa. O apartamento é lindinho-lindinho, um ótimo tamanho, todo montadinho e mobiliado (por ela) e só falta um loirinho dentro para me fazer feliz. Haha.

Depois da mudança, comemoramos com os pais da Anni, que são de Nokia (a cidade que deu origem ao celular).


Anni ficará as próximas duas semanas lá, depois volta para Tóquio e o apartamento será meu. Ainda não sei quando volto ao Brasil, depende da grana, dos convites e das oportunidades. Passarei o inverno (verão de vocês) por aqui, isso é certo. Sei que não será fácil, mas a graça é essa. E se a coisa for terrível, será lindo voltar ao Brasil.

Ontem um menino daqui me perguntou: “Inverno na Finlândia, mas você não podia ter escolhido um lugar melhor?” E eu respondi: “Já escolhi. Agora é hora de viver isso.” E é verdade. Já tive outras escolhas. E depois de viver um longo verão em Florianópolis, eu não consigo pensar em outro lugar do mundo onde eu deveria estar...



NESTE SÁBADO!