25/07/2012


   O QUE ANDA LENDO?                 



Com Mayra Dias Gomes. (Publicado na revista Metáfora de julho.)


Nazarian: Querida, o que anda lendo?
  
Dias Gomes: Estava lendo O Iluminado do Stephen King
Nazarian: Ah, bacana. Esse eu nunca li. E como é comparado com o filme e tal.

Dias Gomes: O filme é um dos meus preferidos, mas o livro é melhor ainda porque você pode entrar na cabeça dos personagens. Do pai, da mãe, do filho. Você descobre o histórico e os segredos daquela família, do que acontecia quando o pai bebia, dos medos da mãe e da criança, e segue a lógica no raciocínio de cada um depois que se mudam para o Overlook Hotel e o pai começa a ficar louco. Basicamente você tem todos os pontos de vista...

Nazarian: É bem raro um filme que seja melhor do que o livro, não? It, foi um livro importante na minha adolescência. Mas tenho a impressão de que Stephen King entrou numa coisa meio fantástica meio metafísica, não? Tem lido as coisas mais recentes dele?

Dias Gomes: Sim, com certeza. O livro é sempre melhor do que o filme. Ainda não li nada mais recente dele. Para ser sincera, não faz muito tempo que comecei a ler os livros dele – por enquanto foram Carrie, O Iluminado e Cemitério Maldito. Queria comparar os filmes aos livros.

Nazarian: Tudo o que ele faz vira filme, né? É mais ou menos como o Mutarelli no Brasil. Mutarelli é o Stephen King brasileiro. Haha.

Dias Gomes: Também quero ser assim!

Nazarian: Pô, seus romances dão ótimos filmes. Se o cinema no Brasil fosse um pouquinho mais… produtivo.

Dias Gomes :Fugalaça [primeiro romance de Mayra] está virando filme… Meu próximo livro é um thriller. Minha primeira tentativa nesse gênero. Minha meta é transformá-lo num filme.

Nazarian: Mas o Brasil ainda é muito fechado para o terror, o thriller, é a praga do realismo, tudo é calcado no realismo aqui. Fora que não há muita abertura no mercado lá fora também. As editoras estrangeiras quando procuram um autor brasileiro querem algo brasileiro-coco-samba-favela, não algo mais fantástico, sobrenatural ou sinistro.

Dias Gomes: Esse meu próximo livro é ficção, mas baseado em um assassinato que presenciei em Hollywood, no antigo prédio onde eu morava na Calçada da Fama, de qual Charlie Chaplin era um dos donos. A personagem principal é uma atriz de Hollywood que foi famosa, mas teve sua carreira destruída por problemas judiciais. É sobre o lado negro de Hollywood - motivado pela ganância, inveja, obsessão por fama. Então tenho lido só terror e sobre casos judiciais.

No Brasil, a editora Ponto de Leitura lançou O Iluminado e outros romances de Stephen King, como Carrie, no formato de bolso, em Português.

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...