TERROR AO TEATRO
Eu sei, muita gente tem. Terror ao teatro. Teatro é aquela coisa chata, insuportável, igual a ler. A diferença é que um livro é fácil largar no meio. Numa peça, você tem de ficar até o fim.
Mas se você insiste um pouquinho, se é de boa família, se tem boa educação, acaba lendo em quantidade e, uma hora, encontra o (primeiro) livro da sua vida. Daí te dá esperanças. Quem não sabe não há mais um? Quem sabe você não reencontra esse prazer de novo. E aos poucos você vai se acostumando a ler - não dá sempre o mesmo prazer, claro que não, mas se torna menos um estorvo. E com o tempo você já aprende a escolher melhor, já sabe o que pode te valer a pena, o que basta simplesmente evitar.
É a mesmíssima coisa com o teatro, embora a maioria das pessoas não passe do primeiro passo. Eu vou bastante, e já aprendi a gostar. Busco sempre um meio termo delicado - não tenho paciência com pecinha alternativa-amadora, mas também não suporto peçona televisiva. O que existe entre elas é arte. E de vez em quando se encontram umas pérolas.
Como a deliciosa peça da minha querida amiga Cléo de Páris, que fui hoje, na estreia, A Nossa Gata Preta e Branca, no Parlapatões. É uma peça divertidíssima, despretensiosa, delicada, feminina e muito engraçada. Grande mérito do texto (que também é da Cléo, da atriz Maria Casadevali e do diretor Tiago Leal) é brincar com esse mundinho teatral, a vida e os valores do ator. Tem muito de auto-crítica e auto-parodia. Adorei.
Vale lembrar que no Parlapatões também voltou em cartaz The Pillowman, que entra facilmente nas dez melhores peças que vi NA VIDA. Mas já falei bem sobre ela aqui: http://www.santiagonazarian.blogspot.com.br/2012/10/o-homem-travesseiro-t-pillowman-e.html
The Pillowman agora está sábado às 20h, domingo às 19h, no Parlapatões. E gosto bem desse teatro, um tamanho razoável, confortável, bom ar-condicionado, e lá na Praça Roosevelt.
E ainda outra grande dica é Sonata a Kreutzer, do Tolstoy, que tem meu cunhado Ernani Sanchez no elenco. O maior mérito do Ernani é ser pai da Valentina, claro, mas ele ainda é um ótimo ator. (Não aceitaríamos qualquer coisa na família, né?) E a peça é um drama passional louquíssimo, lá no Sesc Pinheiro. Vai que está acabando.