Depois de tanto tempo sozinho sabia que estivera o tempo todo sozinho – e sempre estará. Cada amor, cada relação sexual em que participar terá a participação dele mesmo, inevitável. Impossível conseguir, e ter prazer, com a intrusão de si mesmo em suas fantasias sexuais. Ele não devia estar lá. Não foi isso que lhe fora propagandeado. Ele, nas revistas com as mulheres peladas. Ele, nos vídeos pornôs na Internet. Ele nunca fizera parte de suas próprias fantasias, mas teria de estar para que elas se concretizassem – o longo animal áspero, ácido, rançoso, em sua cama. Cada vez que se deitasse para o amor encontraria a si mesmo deitado, impotente, inevitável. E isso seria algo impossível de amar.