A série que escrevi para o +Globosat, Passionais, agora está disponível inteira "on demand" no site, aqui: http://globosatplay.globo.com/globosat/passionais/
Apesar de não ter sido exatamente autoral - foi uma encomenda - gostei bem do resultado. A produtora Pródigo me procurou em meados de 2012, depois de terem lido meu Pornofantasma, e me convidou para desenvolver esse projeto de histórias de crimes passionais, livremente inspiradas em casos reais. Eu já havia trabalhado em alguns projetos de longa, colaborado em alguns roteiros, mas nada que tivesse dado muito resultado, então tinha pouca experiência. Me colocaram em dupla com a Paula Szutan, uma roteirista experiente que eu não conhecia, mas que acabou se revelando a melhor parceira. Criamos todas as tramas juntos. Ela deu muito da estrutura, do andamento, eu contribuí com o universo trevoso e o humor negro dos diálogos. No meio do processo entrou também a queridíssima Mirna Nogueira, que arredondou as versões finais dos roteiros. Os episódios foram dirigidos por Henrique Goldman (de "Jean Charles") e Marcela Lordy.
Com a Paula, no set do episódio da Betty Faria (2).
A série tem núcleo central com uma história que segue em paralelo (o bar), mas os episódios podem ser vistos de forma independente. (Meus favoritos são o 4, 5 e o 10.) É muito louco você ver frases da sua vida, personagens imaginados por você ganharem vida na tela, às vezes de forma surpreendentemente positiva.
Micro-resenha na coluna da Patricia Kogut no Globo - "roteiros inteligentes", sabe como é. |
- O título original da série era "Amor Mata", mas o produtor achava que criava um cacófago com "a marmota". Após várias discussões ("Entre Quatro Paredes", "Amor e Morte", "Cale-se Para Sempre"), eu sugeri o básico por se tratar de uma série de crimes passionais: "Passionais"; ganhou meu título.
- Procuramos variar o máximo no perfil de casais, novos, velhos, lésbicas, e nas formas de se matar. Havia também um roteiro centrado num casal gay masculino, mas ficou um pouco pesado para o canal e tivemos de adaptá-lo. Acabou se tornando um casal sadomasoquista (episódio 5, dos que mais gosto).
- Aliás, as obras de arte da dominatrix desse episódio (lindamente interpretada pela Rachel Ripani Rachi) são do meu irmãozinho Alexandre Matos, por indicação minha.
- Com uma judia no roteiro (a Paula) e outro na direção (o Henrique), tínhamos de ter um episódio da "colônia". Acabou sendo o do casal de lésbicas, que tem até uma rápida aparição do rabino Henry Sobel.
- Apesar de carregado no humor negro e no tom kitsch do roteiro, muito disso veio da direção, como as máscaras de bicho do primeiro episódio.
- Outro dos episódios de que mais gosto é o da lua de mel no navio (4). Por questões de produção, foi complicado definir o cenário, que passou de navio para resort, de resort para hotelzinho na serra e voltou para navio quando se saiu do realismo e se apostou num ar mais onírico e minimalista.
- Uma das histórias que criamos girava em torno de um casal incestuoso de pai e filha; mas também exageramos um pouco na dose e foi vetado.
- Eu só não participei efetivamente dos últimos dois roteiros, porque já tinha viagem marcada para Espanha para a turnê de lançamento de Masticando Humanos por lá.
Agora já comecei o trabalho no roteiro de BIOFOBIA (que será escrito por mim com supervisão do Marçal Aquino) e tenho outros dois projetos de série aguardando aprovação. Assim vai se abrindo uma carreira paralela que só me acrescenta como escritor.
Assistindo a um episódio com parte da equipe.