“Estou farto de tanta corrupção” (obviedades de um
comentarista de timeline: 400 curtidas)
Há dias que não falo nada. Só observo. Quietinho acompanho
(de casa) as manifestações, cobertura sobre as manifestações, comentários sobre
a cobertura. Faço a Glória e não me considero apto a opinar.
Política não é meu campo. As minhas opiniões são
óbvias. Não fazem diferença e não tenho nada a acrescentar. Mas permanecer
calado observando, em tempos de manifestação política, é mostrar-se alienado.
Nunca torci para time nenhum. Nunca entendi a
razão para se ter um time. É pelo hino? É pelas cores? Gosto da camisa preta,
gosto da camisa azul. O time tem uma personalidade em si? O jogador para quem você torce hoje não pode amanhã estar no time adversário ? Essa questão segue atualmente comigo em relação aos partidos políticos.
Me parece uma escolha aleatória e irracional. Me
parece óbvio. Gosto da estrelinha. Sou do clube dos tucaninhos. Minha prefeita
petista é do PMDB. “O cachorro é um lobo mais manso.”
Num cenário de corrupção institucionalizada,
culpar o PT, defender o PT me parece tão ingênuo, tão fantasioso, tão óbvio,
que tenho medo de estar fazendo papel de idiota. Não fui à manifestação porque
me pareceu dirigida a um bode expiatório. Escolhe-se o governo como
personificação da corrupção, lavam-se as mãos, e com um golpe o resto do bando assume. (Quem sabe Dilma não volta numa próxima como ministra do Aécio?)
Mas isso não é dizer o óbvio?
Domingo saí para almoçar e vi o povo de amarelo, camisa
da CBF, grife de corrupção, ir protestar contra sei lá o quê, passear na
Paulista, levar o cachorrinho, babá empurrando o carrinho das crianças...
O que importa é a mensagem. |
A imagem emblemática inflamou as discussões dos últimos dias. É apenas uma imagem, mas são apenas discussões. Pessoalmente acho estranho alguém precisar de babá quando os dois pais estão presentes. Acho estranho precisar de uma babá para empurrar o carro dos filhos num domingo à tarde. Acho mais estranho levar a babá uniformizada de branco numa manifestação política. Mas cada um faz o que quer; estão gerando emprego, pagando impostos, não estão fazendo nada de ilegal...
E cada um comenta o que quer. Se estão numa
manifestação política, estão lá para passar uma mensagem, mostrar publicamente
o que pensam. Estão sujeitos à crítica dos que não concordam.
Eu acho que a primeira mensagem que eles me passam é: “Precisamos
dos pobres para empurrar o carrinho dos nossos filhos.” E o casal ir dessa
forma numa manifestação e nem compreender o que a imagem poderia transmitir me
parece mais um agravante de alienação, como o casal que vestiu o filho de
macaco no carnaval.
Você também pode dizer: “A patrulha da esquerda está demais. Não se pode
nem sair de casa com a babá.”
Pode. E quem acha essas manifestações incongruentes
também pode se expressar. Essa é a beleza da democracia que ainda temos...
A mim parece óbvio.