29/10/2016

OS MELHORES FILMES DE TERROR DE TODOS OS TEMPOS


Aproveitando o clima de Halloween/Eleições Municipais, resolvi fazer um post atualizado com meus filmes de terror favoritos de todos os tempos.

É aquela coisa, uma escolha absolutamente pessoal; tem muitos clássicos, um ou outro mais obscuro, vários discutíveis. Mas se há algo que posso dizer que conheço bem é esse gênero. Comecei com dez, achei que era pouco, fiz meus vinte, mas poderia facilmente chegar a trinta, quarenta, cem... Não coloquei nada tão recente, porque para esses eu preciso de mais tempo.

A lista fica mais ou menos nessa ordem...


AUDITION (Takashi Miike, Japão, 2000)

Fetiches de estimação. 
Um viúvo de meia idade decide procurar uma nova companheira; e para isso recorre a audições falsas de uma novela, buscando entre as atrizes a mulher ideal. O que segue como uma comédia romântica por dois terços do filme torna-se um horror escabroso na meia hora final, com direito a mutilações e revisões da própria trama, com uma visão mais sombria e onírica. Uma aula de cinema e uma crítica ao machismo da sociedade japonesa. Obra prima.


O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (Tobe Hooper, EUA, 1974)

Estranhos sabores. 
Um grupo de jovens em viagem pelas estradas do Texas encontra a casa de uma família canibal. Se o enredo hoje parece genérico é devido as inúmeras continuações e influências que o filmes gerou. Continua pesado, insano, simples e direto. Clássico.

FUNNY GAMES (Michael Haneke, Austria, 1997)

Metalinguagem perversa. 
Dois jovens visitam uma família em férias numa casa de campo e vão gradativamente instalando torturas psicológicas e físicas. Em 2007 o diretor refilmou novamente, quadro por quadro, com um elenco americano mais conhecido (entre eles Naomi Watts e Michael Pitt), talvez para alcançar um público mais amplo. Mas a versão original austríaca continua sendo superior, talvez exatamente pela língua e pelo elenco menos conhecido. Cínico, perverso e inesquecível.


PARENTS (Bob Balaban, EUA, 1989)

Família margarina à mesa. 
Uma família aparentemente normal dos anos 60 tem estranhos hábitos alimentares, e um filho anoréxico como ovelha negra. Tem um quê de comédia, uma pegada kitsch e trilha sonora cheia de chachachá, mas é mais bizarro do que metido a engraçado. Provavelmente dos menos conhecidos desta lista, é o tipo de coisa que eu gostaria de ter escrito. Amo.

O CHAMADO (Gore Verbinski, EUA, 2002)

Há esperança no fundo do poço.
Uma fita de vídeo com imagens surrealistas traz uma maldição: quem assisti-la morrerá em sete dias. Blockbuster americano baseado em filme e romance japoneses, que também são bacanas, mas eu pessoalmente prefiro o tom mais investigativo dessa versão. E a menina saindo da TV no final do filme tornou-se das cenas mais emblemáticas do cinema de horror de todos os tempos. Já é clássico.


ANTICRISTO (Lars Von Trier, Dinamarca, 2009)

A natureza é a Igreja de Satã. 
Após a morte do filho, um casal se refugia para uma casa de campo e entra num pesadelo de delírios e paranoia com a natureza que os cerca. Provavelmente o único filme desta lista que assisti uma vez só, ainda assim foi grande inspiração para meu Biofobia. O filme por sua vez tem influência de tantos outros clássicos do gênero (Evil Dead, O Iluminado), mas Von Trier consegue sempre fazer da sua própria forma. Obra de arte.


O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE (Robert Aldrich, EUA, 1962)

O terror do envelhecimento. 
Duas velhas atrizes irmãs repletas de rancores, frustrações e segredos do passado têm de viver juntas na mesma casa. Bette Davis está fantástica como a velha atriz mirim vivendo de sua antiga fama. (Há aqui em SP uma peça em cartaz, baseada no filme, com Eva Vilma e Nicete Bruno. Mas como a direção é do Cláudio Botelho, acho que prefiro não estragar a lembrança do filme...). Um show.

THE WOMAN (Lucky McKee, EUA, 2011)

Mulher é bicho esquisito. 
Um pai de família leva para casa uma "mulher selvagem" que encontra num bosque, e se dedica a civilizá-la, com a cooperação de sua família. Bizarro e misógino, pode também ser visto como uma grande alegoria da sociedade machista. Perturbador.

O BEBÊ DE ROSEMARY (Roman Polanski, EUA, 1968)

O filho do capeta precisa de uma mãe. 
Grávida do primeiro filho, Rosemary vai alimentando suspeitas crescentes sobre seus vizinhos e o relacionamento do marido com uma seita satanista. Obra prima de Polanski, não recomendada para gestantes. Eterno.


EVIL DEAD (Sam Raimi, EUA, 1981)

Não use drogas, amiguinho. 
Um grupo de amigos numa casa de campo enfrenta possessões demoníacas que vão tomando um a um. Enredo simples com uma equipe quase amadora, mas filmado de maneira histérica, divertidíssima e perturbadora. Alucinante.


HALLOWEEN (John Carpenter, EUA, 1978)

Uma boa faca faz de tudo. 
Na noite de Halloween, uma babysitter é perseguida por um maníaco mascarado que pouco a pouco mata seus amigos. Simples, elegante, iniciou a onda de slashers com assassinos mascarados. Obrigatório.


A SERBIAN FILM (Srdjan Spasojevic, Sérvia, 2010)

Sexy Hot is for dummies. 
Um ator pornô aposentado aceita a oferta para estrelar mais um filme, sem saber que viverá cenas reais de pedofilia, incesto e morte. Polêmico, o filme foi proibido em diversos países, inclusive no Brasil, mas além do teor de exploitation há um viés surrealista e onírico no filme, que o eleva a algo mais. Chocante.


HANNIBAL (Ridley Scott, EUA, 2001)

Masterchef nível psycho. 
Uma agente do FBI procura Hannibal Lecter, um psiquiatra condenado por canibalismo como um dos criminosos mais perigosos do mundo. Sequência de "O Silêncio dos Inocentes", que talvez seja melhor como filme, mas esse funciona melhor dentro do gênero do terror, com uma sucessão de cenas e personagens apavorantes. Adoro.


REC (Jaume Balagueró & Paco Plaza, Espanha, 2007)

Balada intensa. 
Uma equipe jornalística que grava a rotina do corpo de bombeiros durante a madrugada acaba trancada num edifício onde vai se espalhando uma epidemia zumbi. Para mim, o melhor found footage (junto a "Cloverfield") e melhor filme de zumbi já feito. A sequência final do sótão é um desses clássicos modernos. Fodástico.


A HORA DO PESADELO (Wes Craven, EUA, 1984)

O homem dos meus sonhos. 
Um grupo de adolescentes tem pesadelos com a mesma criatura: um homem de rosto queimado e luva com lâminas nos dedos. O filme que gerou Freddy Krueger certamente é o melhor da série; com um clima que permanece aterrador, apesar da pegada datada anos 80. Sou fã desde criança.


O EXORCISTA (William Friedkin, EUA, 1973)

Menarca dos Diabos. 
Tornando-se cada vez mais estranha, uma menina de doze anos leva sua cética mãe a acreditar que esteja possuída pelo demônio. Apesar de ter sido indicado a dez Oscar, não chega a ser uma obra prima que vá além do gênero; com a alegoria da entrada na puberdade mal explorada e algumas falhas de roteiro. Ainda assim, a imagem da menina tomada pelo demônio é das coisas mais fortes do cinema de horror. Emblemático.


SALÓ (Pier Paolo Pasolini, Itália, 1975)

Torture porn com classe. 
Adolescentes são sequestrados e levados por um grupo de fascistas a um castelo isolado, onde são submetidos a todo tipo de tortura. Último filme de Pasolini mistura erotismo e terror como só o Marquês de Sade poderia ter escrito. Cinema de arte.


ERASERHEAD (David Lynch, EUA, 1977)

O pesadelo da paternidade. 
Ao tentar cuidar de seu bebê por uma noite, um homem solitário enfrenta os terrores da paternidade, deparando-se literalmente com um alienígena. Estranho e inquietante, o primeiro longa de David Lynch é a representação perfeita de um pesadelo. Absurdo.


HARD CANDY (David Slade, EUA, 2005)

Flerte fatal. 
Um fotógrafo de meia idade leva para casa uma adolescente que conheceu pela internet. A natureza predatória dele é questionada quando a menina se revela menos inocente do que parecia. Ótimos diálogos e ótimas atuações seguram esse thriller minimalista. Arrepiante.


SERIAL MOM (John Waters, EUA, 1994)

Defendendo a família tradicional.


Aparentemente uma pacata dona de casa, ela é também uma assassina cruel de todos que se metem com sua família. Provavelmente o filme mais comercial de John Waters, uma comédia de horror com atuação impagável de Kathleen Turner. Divertidíssimo.


27/10/2016

CITY MORENA

Eu e Marcelino Freire no Mato Grosso do Sul. 

Acabo de chegar de Campo Grande, a capital morena de Mato Grosso do Sul, vindo do VI Encontro de Estudos Literários da UFMS.


Sempre lindo ir além das capitais óbvias, encontrar vida inteligente em outros sotaques, perceber que cheguei lá antes de chegar lá, ter razões para voltar...

A "cidade morena" do topo do Bahamas, seu maior prédio. 

Estive em Campo Grande pela primeira vez há seis anos, a convite do Sesc Horto, fazendo debate, palestra, instalação e o caralho (não, isso pelo que me lembro não fiz...). Foi ótimo da primeira vez, agora melhorou. Voltei numa roupagem mais acadêmica que para mim é sempre muito gratificante. A gente sente que está sendo levada a sério, ou ao menos estão se esforçando.

Com os queridos Luciano Serafim e Wellington Furtado Ramos.

O convite veio do Wellington Furtado, professor que se formou em mestrado sobre minha obra (com tantos anos e livros, pode ser tudo uma droga, mas não dá para não dizer que é uma obra...) e está fazendo doutorado sobre Raduan Nassar.  Participei de um debate de quase três horas com Douglas Diegues, o poeta do portunhol selvaje, mediados pela Anélia Pietrani, professora-doutora da UFRJ.



Douglas é um performer; como bom poeta realiza-se com a leitura ao vivo, que não faz tanto sentido para mim como romancista. Ainda assim, li um trecho do romance novo, respondi perguntas do público, da mediadora... Bem, em quase três horas deu para todos fazerem basicamente de tudo.



Havia um público volumoso, participativo e combativo, apesar da forte chuva... Ou talvez tenha sido a chuva que tenha trancado todos/tantos naquele auditório por tanto tempo, "todos os melhores animais escolhidos do dilúvio", como anunciei no começo da conversa. O mais lindo sempre é encontrar os leitores com as pilhas de livros para eu autografar (já são oito... ou nove? O juvenil conta? Já conto o próximo? Já começo a perder a conta).



Não fiz muito além disso. Aproveitei o belo hotel para escrever, traduzir... (ou jogar Monster Hunter); peguei piscina, fui na academia. Hoje, antes de ir ao aeroporto pude encontrar meu amigo/querido/irmão/camarada Marcelino Freire, que está (se) debatendo agora à noite, e almoçamos num rodízio de peixes da região... que faz tudo para camuflar os peixes da região (com queijo, molho, risoto, batata frita, sashimi de salsicha).

Na minha primeira vez no MS, em 2010. 

E ainda saiu uma boa matéria num jornal local, que fez bem em pegar as declarações de quem pesquisa a minha obra, em vez de mim. Se deixam comigo, solto as frases que terminam em matérias como "Muito Gente me Considera um Babaca" ou "Não tenho leitura imprescindível. Imprescindível é a vodca."

(Aqui: http://www.progresso.com.br/caderno-b/santiago-nazarian-participa-do-encontro-de-estudos-literarios)

Então só tenho a agradecer à city morena, ou aos seus habitantes de elite. Quem dera a cultura fosse sempre tratada assim...


Acho que 2016 não terá muito mais a me oferecer. Nesse momento eu estaria em Belgrado para lançar a edição sérvia de A Morte Sem Nome, mas a situação do Brasil, em todos os sentidos, não ajudou. Participarei com certeza da Balada Literária, em homenagem ao Caio Fernando Abreu, que considero pacas,








19/10/2016

MEU CASAMENTO

Isso não é uma família. 

Então me casei... E você não tem nada com isso.

Há alguns meses que eu e Murilo estamos morando juntos. Aconteceu naturalmente, com quase quatro anos de namoro. Ele tinha de entregar o antigo apartamento, o meu tem um tamanho razoável; mudou para cá enquanto pensamos se mudamos para um maior, se fugimos do país, se testamos novas configurações...


Em Búzios, outubro passado.


Já tive relacionamentos longos, mas nunca morei junto; então morar junto para mim é um casamento. Muda tudo, mas não muita tanta coisa. Muitos pensamentos, reflexões, descarregos e desabafos que diríamos num Facebook podemos dizer ao companheiro ao lado, talvez por isso eu esteja postando menos, Existe a rotina, as contas a pagar, e é preciso buscar novos respiros, preservar espaços... Pensamos juntos no que fazer para o almoço, compramos juntos o que é preciso para o jantar (e com o talento dele para a cozinha tenho de freá-lo para que cada refeição não se torne um banquete), dividimos as tarefas da casa e a atenção com a coelha. Isso não é uma família...?

No Masterchef (2015), com nossa ex-coelha Asda. 


A mim não importa.

Acompanho com curiosidade os debates sobre o estatuto da família, as possibilidades de casamento e conquistas da comunidade LGBT. Apoio a bandeira, mas não é uma briga pessoal. Não entendo a hipervalorização do conceito de família, não preciso da institucionalização da minha união.


Em Londrina, terra dele. 


“Proteção à família”: um conceito equivocado, que visa proteger quem já tem a maior proteção, a família tradicional: pai, mãe, filhos. Esses já têm ajuda entre si. Quem precisa de proteção é quem não tem família: o idoso esquecido, a criança abandonada, o eterno solitário.  Daí vejo tantos gays com gato, cachorro, coelho, filho adotado, brigando por serem reconhecidos como família... Para mim é família, óbvio. Para mim, não importa. Acho que deveríamos nos conscientizar de que família não importa, não é nada sagrado, nada que mereça tratamento especial. É pai que estupra a filha, mãe que expulsa filho de casa, filho que esfaqueia os pais para comprar crack. Isso tudo é família. Que lindo.


Murilo empratando o almoço de domingo passado.
E a foto dele do prato.


Voltando ao casamento, ao meu casamento, deixei a lista de presentes na Camicado...

Mentira. Se a união de muitos gera uma festa milionária, me esforcei para que gerasse ao menos um post... para registrar. Estou morando com meu namorado. E ninguém tem nada a ver com isso. Compareço ao casamento de amigos gays, héteros, com carinho, mas certo “cinismo interno” (pensei muito no termo exato, alguém me ajuda? Seria “empáfia”?). A festa, a pompa, me parece tão descabida quanto uma celebração de debutante. Os dois resolveram se juntar numa cerimônia solene, em que gastamos tubos em trajes, presentes, suamos numa festa que não deveria pedir terno num país tão quente; o casal gasta ainda mais. Nos preparamos como nunca, para um evento que não tem nada a ver conosco. A máxima homofóbica me vem com força a qualquer anúncio de casamento: “Não tenho nada contra o que você faz entre quatro paredes, só não queira que o mundo todo bata palmas!”

(Imagino que depois desse post muitos amigos deixem de me convidar para seus casamentos... Por favor, deixem, não gosto.)

Deve ser afinal do exemplo que tenho de casa, do mau exemplo que tenho de casa, da minha “família”... se é que posso chamar de família. Minha mãe morou dez anos com meu pai, tiveram quatro filhos, nunca foram casados. Minha sobrinha de quatro anos é fruto de um relacionamento estável de 8 anos da minha irmã com o namorado, com quem mora, divide as contas, as responsabilidades. Minha “família” é ateia, então casamento religioso não faz mesmo sentido, e nunca precisou da aprovação do estado. Não será agora.

Talvez a oficialização civil seja só uma garantia, mais do que um símbolo de união, um complicador para dificultar a separação, para forçar o casal a acreditar e se esforçar ao máximo para a coisa dar certo. Morar junto já tem um pouco disso. Eu me desfiz de um fogão, Murilo se desfez da geladeira (mas ainda estamos com uma máquina de lavar a mais estacionada no banheiro). A separação já vai sair trazer prejuízos financeiros...

O importante é encontrar seu par. Não é fácil. Ter o Murilo aqui em casa é fácil, tranquilo, natural. Ele é muito companheiro e ao mesmo tempo reservado. Somos muito diferentes e assim nos entendemos – ter outro como eu aqui seria  um pesadelo, e sei bem que relacionamentos gays têm muito disso, do narcisismo.


Então é isso, é por isso, estou casado, vivendo em pecado, e não é festa, não tem cerimônia, não tem porque impedir, comemorar, pedir aplausos ou permissão.  

Remando juntos, seja qual for a maré. 


12/10/2016

1ª – FLORIANÓPOLIS


Em maio passado. 

Chegando ao primeiro lugar das minhas cidades favoritas do mundo: Florianópolis. Não podia deixar de ser, meu destino favorito, minha segunda casa, a cidade onde passei mais tempo, depois de São Paulo e Porto Alegre.

O canal da barra: um cenário que eu vi literalmente diariamente, e nunca me cansei. 

Para quem não conhece e não entende o que tanto a ilha me conquista,  é uma mistura perfeita de natureza razoavelmente preservada, campo, praia, tranquilidade, um certo agito, boa cena gay e gente linda. Mesmo em alta temporada, verão, é um lugar onde você consegue pegar um ponto vazio numa praia conhecida, deixar sossegado suas coisas na areia, dar um mergulho. E eu não deixo de me maravilhar cada vez que vejo um macaco, um lagarto, uma cobra, um quati por lá...

Foto de uma das minhas primeiras vezes lá, 2000 ou 2001...

Curiosamente, na primeira vez em que estive lá, no início de 2000, fui assaltado. Saindo do hotel fuleiro onde estava hospedado, no centro da cidade, fui abordado por dois pivetes. Como não tinham armas, resisti e saímos na mão os três. Por sorte apareceram funcionários do hotel e acabamos todos numa delegacia. Não me roubaram nada, mas saí roxo da cidade.

Com Renatinha Simões e Cris Lisbôa em altos carnavais (Jurerê, 2011)

Não ficou trauma. E tive mais sorte em todas as outras visitas que fiz a partir de então. Desde 2000 não houve um ano em que não estive pelo menos uma vez em Florianópolis. Em 2010, solteiro e com uma vida mais ou menos estável na escrita e traduções, resolvi passar uma longa temporada de praia, que durou exatamente um ano. Aluguei uma casa de março de 2010 a março de 2011, na Barra da Lagoa, leste da ilha, reduto de pescadores e surfistas (e turistas) no verão.


Minha vida fora de temporada...

Foi o sonho adolescente tardio de morar na praia, viver do que a natureza oferece... ou quase. Continuei escrevendo, traduzindo, fazendo freelas para São Paulo, mas aproveitava muito tempo livre na praia, nadando, caminhando, fiz curso de kite surf e scuba dive. A cena noturna e a vida gay- que já aproveitei tanto lá como turista - ficou de lado. Com meu lazer lá todo voltado à atividade física, sobrava poucas energia para curtir a noite da ilha. 

Pedalando...

Mergulhando...

Remando...



Surfando...

E pulando de parapente. 
Não foi à toa que aos 33 anos tive o melhor corpo da minha vida... Eu podia correr numa praia deserta na hora do almoço, passear por lá numa madrugada de terça; sentia como se tivesse comprado tudo aquilo, tudo aquilo me pertencia, quando fixei residência lá.


Com Murilo, comendo uma das sequências de camarão (2014)
Mas Florianópolis também tem seus prazeres preguiçosos, pratos intermináveis de camarão e frutos do mar, bons drinks na praia. Sempre que volto lá fico na Pousada Marujo, na Barra, onde formei uma familinha. Super recomendo. 

Cozinhando na Pousada com Ida e Trishya, no meu anivesário do ano passado. 

Subidas e descidas diárias nesta lomba. 



A varanda da minha casa. 
Dancinhas no reveillon (2010/2011), com Eduardo Strausser e Simone Spoladore. 


Em maio passado, remando na lagoa. 
Infelizmente, não daria para viver aquela aposentadoria tão cedo. Florianópolis é linda, mágica, mas não é um lugar para eu fazer a vida. Terminando a temporada, a ilha se esvazia, a Barra se torna fria e solitária e não há muitas opções em programas culturais. Em 2010 me mudei num esquema temporário e não vi condições de ficar. Mas quem sabe volto numa verdadeira aposentadoria...


Tudo meu!
E assim termino esse ranking, que pretendia não só movimentar um pouco o blog, mas fazer um registro para mim mesmo, neste ano tão trevoso, tão trancado, tão limitado de viagens e possibilidades... Tenho de celebrar o que a vida já me trouxe... e exigir que me traga mais. 

NESTE SÁBADO!