01/01/2017

VIRADAS



2016 já deu faz tempo...

Então vim há dez dias para Maresias, litoral norte de São Paulo, onde Murilo está trabalhando.

Trilhas. 

Ele veio há um mês comandar o Guató, restaurante do recém inaugurado hotel-butique Maui. Os donos há tempos o estavam sondando e o convidaram para o desafio. Murilo teve carta branca para criar o cardápio, contratar o pessoal; é um restaurante contemporâneo sofisticado, também com serviço de bar e de praia.

O cardápio dele de reveillon. 
(Mais do hotel e do restaurante aqui: http://www.mauimaresias.com.br/)


Apesar de todo o glamur, na prática ele está ralando todos os dias, de manhã até de madrugada, não só comandando os cozinheiros, mas na maioria das vezes pondo a mão na massa. Para ele tem sido uma grande experiência.

Com o restaurante fechado, fez nossa ceia de Natal. 

No Natal,  o movimento estava tranquilo então ficamos dois dias com o hotel literalmente só para nós, hospedados numa suíte master(chef). Com Murilo de plantão para os funcionários tirarem folga, ficamos na piscina tomando bons drinques e (o melhor de tudo) ouvindo minhas próprias playlists. Acho que nunca mais terei a experiência de ter uma piscina de hotel só para mim, tomando gin tônica e ouvindo Scott Walker.

"Se isso é estar na pior..."

Na última sexta, a querida gerente, filha do dono, também deu folga para o Murilo e nos convidou para passear de barco com alguns hóspedes, por ilhas próximas. Deu até para mergulhar e ver tartarugas (bem, uma tartaruga).


Reveillon Murilo passou trabalhando e eu participei da ceia do hotel como convidado, com os donos. Prestes a dar meia noite conseguimos todos sair para a praia.

Virada. 
O resto dos dias foram menos felizes. A praia é linda, a água é transparente, mas está quente demais e não tem muito o que fazer sozinho, enquanto ele trabalha. Murilo alugou temporariamente um puxadinho num lugar um pouco afastado, que parece a vila do Chaves, mas menos divertida. É lá onde estou ficando; é só um quarto e sala/cozinha, então não dá para convidar os amigos, infelizmente. E quando os vizinhos não estão ouvindo um eletrônico bagaceiro no último volume, o proprietário está martelando, serrando, lixando, seja 7h da manhã, seja 11h da noite. Não tem internet, ar-condicionado, televisão, nem dignidade. Murilo não está dormindo muito, pobrecito, mas acho que quem mais está sofrendo é nossa coelha, com o calor e o barulho.

Eu aproveitei para ler – quase um livro por dia, de Julián Fuks e Elvira Vigna às biografias da Rita Lee e João Gordo – e terminar de revisar meu livro novo.


Se conseguirmos um lugar mais tranquilo, fico mais umas semaninhas. Senão, volto para São Paulo na próxima semana. Não sei o que me espera por lá,  não sei o que me espera em 2017, mas temo. Temo que nada espere por mim.

Encarando 2017. 


ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...