19/08/2017

COELHA VAMPIRA

Ilustração de Marcos Garuti para meu conto, na Revista E. 


                Na noite de 28 de março de 2017, o escritor gaúcho João Gilberto Noll teve um acidente vascular cerebral. A caminho da porta, de saída para uma oficina literária, esqueceu-se por alguns instantes para onde estava indo, e a lembrança retornou através de um tsunami de sangue e incertezas que inundou seu cérebro, deixando-o de se concentrar no ato seguinte para concentrar todos os esforços em se manter vivo. O corpo veio abaixo. A cabeça bateu numa quina. E Noll foi puxado pela gravidade ao carpete onde permaneceria inconsciente por mais alguns minutos, até definitivamente deixar de estar. Foi encontrado poucas horas depois por sua sobrinha, já tarde demais.
                Nessa mesma noite, no Largo do Arouche, o bancário Jair Varella teve um infarto. Seu corpo também despencou, mas sobre um chão de tacos, o que causou um baque que pôde ser ouvido por sua vizinha de baixo. Ela bateu à sua porta, avisou o porteiro, e depois de muito insistir conseguiu que abrissem a porta do apartamento, encontrando Jair já morto.
                Na frente do computador, na Frei Caneca, Leandro Kimura morria com a corda no pescoço, estimulando-se por asfixia com um filme erótico. A prática de risco oscilou entre o acidente e o suicídio, e seu corpo teria sido encontrado suspeitamente confeitado, não fosse pela meia dúzia de gatos que ele abrigava. Menos de um dia depois, sem alimento, os gatos sumiram na cama, lamberam o creme, comeram o corpo. A carcaça foi encontrada pela faxineira três dias depois, ainda em atitude suspeita, mas sem vergonhas visíveis-risíveis. Os gatos esparramados pelo quarto, gordos.
                Quanto a mim, não tinha gato, nem sobrinha, nem vizinhos. Todos meus relacionamentos deixados muitos anos atrás. Minha sexualidade há muito neutralizada. Morava nessa casa isolada, no fim da rua, espremida entre prédios, esquecida pelo mundo. Minha única companhia sorrateira e silenciosa, em patas acolchoadas, uma coelha. Não emitia som, não alertava vizinhos, não verbalizava queixas nem completava as aspas de uma conversa. Mas precisava de mim. Espiava-me sorrateira na porta do quarto, fugia para longe quando me aproximava; era preciso muita imaginação para eu me sentir amado, mas não é sempre assim? Projetar carências para completar silêncios. Tomar uma aproximação como sinal de carinho. Não humanizamos os sentimentos dos animais mais do que interpretamos os sentimentos de nosso semelhante de acordo com nossos próprios interesses.
                Comprei a coelha por isso. Numa passada inconsequente por uma petshop. Cansado de conversar com minhas meias, com meus botões, ensaiava arrumar um aquário de peixes para que meu monólogo ao menos ecoasse em borbulhas de um ser vivo. Pensava em ter um cachorro. Resistia em adotar um gato. Coelho me pareceu um bom meio termo, não dá nada de trabalho, me garantiu o vendedor. Levei o animal a pé para casa numa caixa de papelão. Chegando em casa a caixa já se desfazia em arranhões. Separei um pote com água, uma bandeja com feno, uma tigela de ração, enquanto a coelha se escondia atrás da geladeira. Permaneceu assim.  Só sei que comia porque a tigela se esvaziava, a bandeja se enchia de bolotas sem cheiro. Alimentava-se escondida de mim.
                Tarde da noite, zapeando entre canais, lendo um romance mal traduzido, olhando perdido para a rachadura na parede, esperava pela aproximação. Vez ou outra surgia sua cabeça, me espiava curiosa, ansiosa para que eu me retirasse, nunca se aproximava. Eu psilava, assobiava, estalava os dedos. Nunca se sentou no sofá comigo, nunca roeu as páginas da minha vida. Nossa relação era essa não-relação, mas era. Ter um animal que não me aceitava era melhor do que não ter nada.
                Um bicho de estimação é um exercício de síndrome de Estocolmo. Ela não precisava de mim, eu não gerava empatia, e sentia que fracassava miseravelmente como seqüestrador. Perguntava-me se para a síndrome se estabelecer era preciso um mínimo de charme por parte do perpetrador, um mínimo de ameaça, transgressão, juventude, coisas que eu não tinha, e a coelha sentia. A coelha sentia falta. 
                Certa vez a levei para dar uma volta na praça. Achei que um bom tempo fora poderia ser bom para nos aproximar. Mais do que isso, achei que um tempo fora com um animal de estimação poderia ser o suficiente para outros seres humanos se aproximarem de mim – não é isso o que dizem, que os animais unem os solitários? Agachei-me embaixo da geladeira, estiquei-me para agarrá-la, encurralei-a no banheiro. Senti todas as juntas que ainda tinha. Só o esforço para colocá-la debaixo do braço já me extenuava, e ainda tínhamos de sair. Na falta de um cachorro, passeava com coelho; não foi uma boa ideia. Coelhos são presas, animais assustados, não sabem aproveitar a liberdade, tem medo. A praça tinha um cercado para as crianças, ou um cercado para os cachorros, um cercado para os cachorros não entrarem, um cercado para as crianças não fugirem, como minha coelha. Eu a soltei lá. Poucas dezenas de metros circulares. Foi o suficiente para se manter longe de mim. Aprender o quanto poderia correr. Eu aprender o quanto não podia mais. As pessoas olhando com certo horror um velho perseguindo uma coelha. Quando ela enfim se cansou, um estranho solícito de meia idade e braços peludos a apanhou para mim, entregou-me com pena, sem nunca cruzar olhares. Voltei para casa colocando-a no chão, com dor no peito.
                Há muito tempo que vinha me sentindo mal, e começava a pensar se era efeito da solidão, psicossomático. A queimação na garganta, a dor de cabeça, as juntas duras. Por mais que não queiramos precisar do outro, precisamos. O corpo impõe, ao menos um checkup eventual, na minha idade. Eu não tinha médico, nem plano de saúde, adiava a consulta para quando se fizesse realmente necessária, imperativa, indispensável, quando não pudesse mais suportar, respirar, quando não conseguisse nem mesmo me arrastar até um posto de saúde.
                Era o mesmo com minha casa, degradada. Os fios dos eletrodomésticos roídos pela coelha. Os móveis carcomidos. O pó de cupim a que eu fazia vista grossa, porque seres tão diminutos nunca seriam capazes de acabar com a casa antes de mim, antes de a coelha acabar comigo. Eu remendava os fios com fita isolante, tomava um analgésico, eu dormia, e esperava que o tempo apagasse os sintomas quando o tempo terminasse para mim, arrastando-me enquanto eu sobrevivia.
                Naquela tarde, naquela noite, naquele ultimo final de tarde, em algum horário entre isso, deitei-me para descansar do passeio com a coelha. E nunca mais me levantei. É o que chamam de uma morte pacífica, ainda que tenha acontecido em meio a pesadelos, como são perturbados os sonhos vespertinos. Dormimos ainda na luz do dia e acordamos no escuro com um sensação terrível em nosso relógio interno. Um descompasso, algo que foi perdido. Só que, dessa vez, eu não acordei. E no dia seguinte, quando eu deveria, embora não devesse, também não.
                Não havia ninguém para estranhar. Ninguém para dar por minha falta. Nem mesmo a coelha, que vivia sob o mesmo teto. Muito menos a coelha, que vivia sob a geladeira. Ela só deve ter sentido algum incômodo quarenta e oito horas depois, quando não tinha mais folhas verdes, água fresca, ainda a casa toda para roer. Provavelmente encontrou no banheiro o chuveiro pingando com uma fonte interminável de hidratação.
                O que diferencia um homem de um animal? O que diferencia um animal de um vegetal? Eu, um homem morto, de um cacto resistindo num quarto sem luz do sol. O que diferencia um ser morto de um vegetal vivo? Meu corpo dando frutos. Pulsante e esquecido, a proliferar. Bactérias se multiplicando. Fungos irrompendo. O colchão tornando-se um solo fértil embebido em fluídos de mim mesmo. Em poucos dias meu corpo morto era o que havia de mais vivo naquela casa, o que havia de mais vivo na minha vida, há muito tempo. Colônia de insetos, de vermes, promessa de um terreno humilde, porém seguro, para campos de begônias e florestas de pinheiros. Nah, nem tanto.
                Com as promessas que meu corpo oferecia à fauna, à flora, fungi, monera, também atrairia animais mais complexos, contraditórios, homeotérmicos.  Atrairia também os ratos, e eles estavam por perto. Mas esperavam o sinal daquele rato gordo, de orelhas compridas, que continuava evitando meu cadáver como me evitava em vida. Roedor, porém lagomorfo, pesquisei sobre isso, os ratos não. Se tivessem discernimento para avaliar o verdadeiro caráter da minha coelha, banquetear-se-iam sem cerimônia de meu corpo. Quanto a ela, ainda evitava um ser que pulsava, chiava, efervescia, mais do que nunca fui em vida. Animal sub reptício, não via atrativo nenhum num cadáver que berrava.  
                Morri num sonho em que a Coelha se alimentava de mim. Semanas, meses depois, o GATE desbravaria a casa como posseiro algum se atrevera, invasor nenhum se interessara. Os vizinhos todos em edifícios, em andares altos demais para me farejarem. Fora um corretor que se cansara de apertar minha campainha. Uma imobiliária que não tinha mais oferta nenhuma para apagar minha casa dali. Percebiam minha casa de fato como abandonada-abandonada, assombrada-assombrada, um estandarte de lenda urbana numa cidade já tão desprovida de fantasia. Eu era o vaso de água parada para o aedes aegypti se proliferar. Soldados pós-púberes invadiam minha casa em capacetes, coturnos e máscaras de gás, nenhuma pele à mostra, não querendo inspirar nenhum traço de mim. A Coelha ainda estaria ali, viva, morta-viva, alimentando-se de mim. Encontrariam o primeiro exemplar da Coelha Vampira. Mas fora apenas um sonho, no qual eu morri.
                 Na vida real, na morte em que eu me encontrava, a coelha demorou semanas para se aproximar do corpo. Mas então, por fome e tédio, saltou ao meu lado no colchão. Farejou meus fungos, mordiscou meus musgos, lambeu briófitas que brotavam de meus lábios rachados. E enfim, sem seduzir-se por meu gosto, percebendo que eu de fato estava morto, esparramou-se ao lado de meu corpo. E descansou.

                

Publicado na Revista E, do Sesc, neste mês de agosto. Por limitação de espaço, a versão da revista é um pouco mais curta. 

15/08/2017

LEVE NEVE

Com minha herdeira, a Trevosinha Valentina. 

Lançamento ontem em São Paulo. São Paulo é o que conta - é minha casa, minha base, daqui que espero que tudo saia. E lançamento depende sempre disso mesmo: base, família, amigos. Lançamento é feito disso. A gente sempre pode se arriscar em outras cidades ("a gente pode até penetrar uma moradora local"), mas dentro de outros eventos, festivais, lugares em que a gente esteja participando/ganhando como palestrante, e toda venda seja lucro. Para reservar uma livraria, sentar numa cadeira, ficar esperando para autografar, tem de ser lugar com uma bela base, como aqui. 

Xerxenesky e Tati Bernardi, gostosos pra cacete. 

Lançamento é um evento chato, vamos combinar. A gente vê uma porrada de gente, mas não tem tempo para conversar. Quem vai pega fila, paga pelo livro, e se consegue uma tacinha de vinho é muito. Eu não iria ao lançamento de um escritor que (admiro mas) não conheço. Talvez nesse mundo de escritores funcione como um networking, sei lá. Prefiro sentar para assistir a um debate. 

Ilana Casoy aqui é musa. 

Dito isso, o lançamento de ontem foi lindo. Cheio, mas não lotado, pude conversar brevemente com queridos que só conhecia virtualmente, e queridos que há muito não via. Também lindo contar com o prestígio de escritores que tanto admiro, das mais diversas estirpes: João Silvério Trevisan, Marçal Aquino, Tati Bernardi, Antônio Xerxenesky, Ilana Casoy, Luiz Fernando Emediato, Marcelo Maluf, Reynaldo Damazio, Ricardo Ramos Filho, Cláudio Brittes, Santana Filho...


Trevisan é mito. 

Pra mim foi na medida. Porque senti o carinho genuíno de todo mundo que estava lá - já tive lançamentos bem mais concorridos, em que tudo era meio um deslumbre por um hype passageiro -, e também lançamentos às moscas, em períodos de baixas.

Assim, com minha alma nostálgica, fiquei pensando nos diversos modelos que experimentei, nos lançamentos aqui de São Paulo, onde tenho o maior público. E meu saldo é esse: 

Envergonhando a sociedade paulistana. 

Olívio (2003):
O lançamento foi dentro da cerimônia do Prêmio Fundação Conrado Wessel, que ganhei com o livro, no Museu da Casa Brasileira. Foi uma solenidade com um belo coquetel, a presença de convidados coxinhas de outros premiados, e uns moleques sujos que convidei. Comecei bem. 

A Morte Sem Nome (2004): Foi na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Arrisco dizer que foi meu menor público. Nem fotografei, mal me lembro... sério. 

Lancei com minha mãe (no centro) - e chocado mais do que tudo com o cabelo 90´s dela.

Feriado de Mim Mesmo (2005): Na Livraria da Vila da Casa do Saber. Minha mãe também estava publicando o primeiro livro dela, e fizemos um lançamento conjunto. O público rico dela garantiu a venda do meu. 

Foi um evento tão cheio e o fotógrafo tão lesado que só tenho fotos assim. 

Mastigando Humanos (2006): Esse foi um super lançamento, em que pude servir um coquetel de carne de jacaré com garçons modelos (sério) e presença de mega-super-sub-celebridades. Era o hype do Programa do Jô e derivados. Aconteceu na Livraria da Vila da Fradique e teve até protesto de gente surtada, por causa da carne de jacaré... Nada que parasse o fluxo, só um leve entupimento das vias. 

Dá um google que tem uma porrada de fotos desse dia. 

O Prédio, o Tédio e o Menino Cego (2009): Foi um lançamento-balada, no extinto Volt. Bombou. Saiu em TODAS as colunas sociais (digo Folha e Estado e Vogue RG e Glamurama). Quem comprava ganhava o drinque exclusivo do livro... Mas o livro foi meu maior fracasso... Quem bebeu teve a vida amaldiçoada.  


Com meu tio Eduardo Nazarian, e chapeuzinho de festa, no Porno.
Pornofantasma (2011): Fiz um lançamento convencional na Livraria da Vila da Lorena, e foi mais ou menos como o de ontem. Cheio, mas sem grandes acontecimentos. Era também meu aniversário, então coloquei um chapeuzinho e ganhei alguns presentes. Nada mal para um livro de contos.

Só lembro do Arthur no Garotos Malditos, e mais ninguém. 

Garotos Malditos (2012): O pior de todos, se é que posso chamar isso de um lançamento. Foi dentro da Bienal do Livro de São Paulo, numa manhã de domingo, aproveitando uma mesa que eu ia participar. Achei que não era justo eu fazer um evento exclusivo para obrigar os amigos a comprar um livro juvenil. Não obriguei, ninguém foi. Se vendi meia dúzia foi muito... (sério), mas, hey, só o patrocínio da Petrobrás que ganhei pra esse livro pagou minha viagem para o Japão. 

Voltando aos eixos. 

BIOFOBIA (2014): Foi ok. Lançamento novamente na Livraria da Vila da Lorena (único lugar em que fiz duas vezes...), teve bons amigos, presenças ilustres como a diva Marina Lima, mas para todo o empenho que tive de trailer, divulgação, foi meio que decepcionante. 

Sou fã. 


Assim, para completar a avaliação de hoje, digo que a Blooks tem um espaço bem bacana para lançamentos de médio porte. Quase certo que estavam servindo apenas não-alcoólicos - meio vergonhoso não servirem nem um vinho branco. Mas eu também não me empenhei em fazer um EVENTO, porque você vê pelo histórico que a espuma não compensa. 

Próximo lançamento é dia 06/09, na Bienal do Rio. Aqui em São Paulo, só daqui a uns três anos, no livro novo, se o universo se sustentar até lá. 

Valeu a todos que foram, que mandaram mensagem, todo o carinho. Agora leiam, gostem, divulguem. 





13/08/2017

NOVOS RITMOS

Flipelô (foto de Leto Carvalho).

Já estive na Flip, Frankfurt, Guadalajara, Madri, Bienais e dezenas de outras mesas em festivais por aí. Mas esta foi uma das semanas mais importantes para minha carreira. Foram seis mesas em seis dias, seis cidades, em debates que exigiram muito de mim e apontaram para novas direções... todas as direções.

Segunda feira embarquei na Viagem Literária, um programa da Secretaria de Cultura do Governo do Estado que existe há dez anos, sempre convocando uma dúzia de autores para circularem por bibliotecas públicas de cidades do interior. Alguns autores já participaram diversas vezes, eu nunca havia sido chamado, e participando agora consigo entender possíveis motivos.

Parte do público de Adamantina. 

Meu roteiro foi Anhumas, Santo Anastácio, Mirante do Paranapanema, Dracena e Andradina, cidades a cerca de 600km a oeste de São Paulo, com populações entre 4 mil e 50 mil habitante. Em todas fui muito bem recebido nas bibliotecas, com um público que variou entre 20 e 80 pessoas.  A maioria das conversas não teve mediação nenhuma e o público era o mais heterogêneo possível: universitários, adolescentes, escritores locais, idosos em processo de alfabetização.

Em Mirante do Paranapanema: fofo. 

É um programa que exige muito jogo de cintura e improviso, para chegar lá e começar a falar com gente das mais diversas origens e formações. Nessa hora, entendo a dificuldade de seleção da curadoria. Um escritor mais tímido, travado ou inexperiente não rende. Alguém sem filtros pode escandalizar o povoado. Natural que chamem autores com perfil mais convencional, “fofinho”, gente de literatura juvenil e "contadores de histórias". Eu mesmo teria ressalva em ME chamar - olhava aquele público e pensava: "O que tenho a dizer pra esse povo, meu deus?" Achei bom que o convite tenha acontecido só agora, que sou um senhor de 40, calejado, adestrado, que consigo me conter para apresentar uma versão mais soft de discurso. Sabe-se lá o que teria rolado com minha versão despirocada do passado.

Ainda assim, foi preciso de fato um esforço para eu me conter. Mais do que “polêmico”, mais do que “tretoso”, meu ponto de vista sobre sexo, drogas, religião e conservadorismo é apenas sincero. Meus temas passam por isso, vivo numa bolha elitista, e é preciso muito tato para eu falar de literatura com um público evangélico, por exemplo.

Foi um exercício importante e acho que o resultado foi bem positivo. Pude falar de forma mais ampla como funciona a literatura no Brasil, e mostrar a eles outra visão de escritor. Surgiram muitas perguntas interessantes, e algumas totalmente aleatórias como uma senhorinha em Mirante do Paranapanema, que perguntou: “É verdade que o Didi (Renato Aragão) morreu?” A imensa maioria do público não me conhecia, e espero ter conquistado alguns leitores. Uma senhora disse emocionada que "aos 65 anos era a primeira vez que conhecia um escritor." Ganhei o apelido de “Menino Maluquinho” e as mesas terminavam com longas sessões de selfies com a plateia.

Com os adolescentes lindinhos de Dracena. 

Tirando as mesas, teve a viagem em si, saindo de São Paulo de carro com um motorista (o típico tiozão taxista homofóbico), dirigindo horas e horas por estradas vazias, presídios, pastos de gado, paisagens bucólicas. Não consegui conhecer muito das cidadezinhas, fiz apenas uma ou outra caminhada gostosa de manhã, e péssimas refeições em restaurantes de beira de estrada. Foi um encontro com outro lado de São Paulo. Uma experiência nem sempre prazerosa ou divertida, mas importante. E eu adoraria repetir.


Na Flipelô.
Terminando essa, já embarquei para Salvador, também minha primeira vez na cidade, primeira vez na Bahia, para participar da Flipelô, a primeira Festa Literária do Pelourinho, organizada pelo Sesc. Minha mesa foi em horário nobre, sábado 18:30, no teatro do Sesc no Pelourinho, com Mário Rodrigues e ótima mediação de Milena Britto. Ela deixou claro que gostou muito de Neve Negra e pude tratar em profundidade de algumas ideias do livro, o que foi revigorante depois de tantas mesas de apresentação básica que fiz esta semana. Pena que o tempo de debates da Flipelô era tão curto, menos de uma hora, porque a plateia lotada pôde participar pouco e quando começava a esquentar tivemos de encerrar. Em seguida, autografei o livro novo e encontrei gente queridíssima que só conhecia das redes e que estuda minha obra na Bahia. De lá esticamos para a noite em Santo Antonio, também na companhia de Ana Bárbara, uma das minhas leitoras mais queridas e fiéis.

Sol em Salvador. 

Salvador ainda teve caminhadas pela orla de Itapoã, uma piscininha básica no hotel na manhã de domingo e muita comida. Consegui provar acarajé, abará, moqueca, sarapatel e espetinho de bode em apenas dois dias. E acho que está decidido que a comida baiana é minha comida favorita do Brasil – mas também, qual é a concorrência?

Primeiríssima coisa que fiz na Bahia foi comer uma moqueca de camarão. 


Agora o resto de agosto está mais tranquilo – em setembro terá Bienal do Rio, debates no Paraná e na Colômbia. Mas antes tem o lançamento em São Paulo, finalmente, nesta segunda 19h, na Blooks do Shopping Frei Caneca. A Folha já deu uma matéria grande sobre o livro neste sábado. Dá para ler aqui:  



Folha de sábado. 


05/08/2017

FRENTE QUENTE

Lançamento aqui em SP é segunda- 14/08 - na Blooks do Frei Caneca. 

Tem sido uma merda de ano para mim, como tem sido para você, não se engane. No financeiro passei os primeiros 4 meses sem receber um tostão; no profissional se congelaram as traduções e os direitos autorais; no pessoal tenho um marido em outra cidade, que mal vejo. Felizmente, por os todos meus esforços, consegui emplacar uma série de viagens que podem fazer inveja a quem vê de longe - e o objetivo das redes sociais não é esse, fazer inveja? Mas tenho vivido basicamente disso, e de vez em quando dá para ser feliz. 

Página inteira em BH. 

Esta semana estive em BH, meu quarto lançamento aqui, graças ao Sempre um Papo do querido Afonso Borges. Eles sempre têm uma organização e assessoria impecáveis. Fiz mais uma mesa com Ana Paula Maia, que trouxe a maior parte do público, então saímos de lá para comer javalis em homenagem a seu livro. (te digo, meu jacaré é mais saboroso)

O porco selvagem da Namaia. 

Agora começo mais uma turnezinha de debates, como fiz pelo interior do RJ, mas sozinho e pelo interior de SP, pela Viagem Literária, do Governo do Estado de SP. O roteiro é o seguinte: 

Anhumas -7 de agosto - 19h
Mirante do Paranapanema - 8 de agosto - 19h
Santo Anastácio - 9 de agosto - 19h
Dracena - 10 de agosto - 14h
Adamantina - 10 de agosto - 19h

Todos acontecem gratuitamente, em bibliotecas públicas de cada cidade. É um programa que já está em seu décimo ano, eu tenho quinze anos de carreira, sou um autor legitimamente paulistano e já era hora de me chamarem. Primeira vez que faço, com muito orgulho. Para saber mais, veja aqui: 



De lá, sigo direto para a FLIPELO, a primeira Festa Literária do Pelourinho, em Salvador, Bahia. Assim como em 2003 abri a Flip de Parati - participei da primeira mesa, da primeira edição - agora estarei nessa; se não como primeiríssimo, com muito orgulho de estar em horário nobre, num sábado. Será minha primeira vez em Salvador, primeira vez na Bahia, que há tanto tempo eu queria conhecer. Pena que, espremido entre esses eventos, ficarei apenas 30 horas na cidade. Bem, dá tempo de comer um acarajé, uma moqueca e um soteropo... Er, nevermind. Aqui: 

Literatura Escuridão Adentro: 
Teatro Sesc-Senac Pelourinho
12/08 - Sábado - 18:30
Mário Rodrigues e Santiago Nazarian
Mediação de Milena Britto   

De lá, volto direto para o lançamento em SP, que será na livraria Blooks do Shopping Frei Caneca, que é das melhores livrarias da cidade e eu literalmente consigo ver da janela do meu apartamento. Duvida?
Olha a Blooks fotografando AGORA. 


Aqui, a Blooks. (É que meu fone é zoado.)
(Ficarei em casa espiando pela janela e só sairei quando estiver lotado.)

E pode parecer muito, mas por enquanto é tudo para agosto. Entrarei em coma até setembro, quando haverá minha mesa e lançamento na Bienal do Rio, dai uma mini turnê pelo Paraná, daí uma mesa na Fil da Colômbia, que é um país a que já fui algumas vezes e é sempre incrível. 

Com Afonso e Ana Paula em Minas. 









NESTE SÁBADO!