18/01/2020

FÉ NO INFERNO

No mosteiro de Noravank, em 2015. 

Estamos numa época de minorias perseguidas, de nativos expulsos de suas próprias terras, da religião majoritária se impondo sobre um povo. Estamos no Brasil de 2017, às vésperas de uma eleição reveladora; e estamos em 1915, em plena Primeira Guerra Mundial.

Quem une essas duas épocas é Cláudio, um jovem cuidador de idosos que vai trabalhar para seu Domingos, um senhor armênio, nos Jardins, em São Paulo. Como homossexual e neto de indígenas, Cláudio sabe bem o que é ser minoria, mas na convivência com Domingos conhece uma história que remonta a mais de um século: o genocídio armênio perpetrado pelos turcos. A partir da leitura de um livro de memórias, Cláudio começa a suspeitar que possa estar diante de um dos últimos sobreviventes de um dos maiores massacres do século XX, e sua responsabilidade como cuidador é mantê-lo vivo.

“Fé no Inferno” é um romance que intercala dois períodos emblemáticos através da veia provocadora de Nazarian, um autor que há duas décadas representa o “Lado B” de sua geração. Mesclando pesquisa histórica, folclore armênio e uma observação mordaz do Brasil contemporâneo, o autor cria sua obra mais ambiciosa, num texto obrigatório para os dias de hoje.




Essa é a sinopse do meu novo romance, que sai em abril, pela Companhia das Letras. A Folha deu nota hoje, então começo oficialmente os trabalhos de divulgação.

Como armênio (ou "neto de armênios"? Ou "meio-armênio?") eu devia há muito essa história, mas simplesmente não me considerava capaz. A partir da minha viagem para a Armênia, em 2015, comecei a pesquisar, rascunhar e montar esse romance, que ganhou nova relevância com os tempos de perseguição de minorias que estamos vivendo. 

Mas ainda falarei muito sobre isso. Este é só o começo...

Espero poder rodar o Brasil em lançamentos, mesas e debates - aberto aos convites que surgirem. Agradeço novamente a acolhida na Companhia (e por terem aceito um título tão provocativo sem questionamentos), minha agente Lúcia Riff, e principalmente ao professor-doutor-historiador Heitor Loureiro, que foi quem mais me ajudou em todo o trabalho de pesquisa e escrita. 

Tenho fé. 

(Mas não muita.) 


"O Diabo pelos olhos de uma criança", minha tatuagem nova, desenhada pela minha sobrinha, que tem muito a ver com o livro. 



NESTE SÁBADO!