Já considero essa uma frase clássica minha para
mim mesmo.
Meus maiores orgulhos são sempre masturbatórios...
Perdi 25 quilos em 2019 – até agora. Em abril eu
estava com 107kg, agora estou com 82 - e muitos músculos. Impressiona. Impressiona a mim mesmo. Mas
não tanto se pensar que foram 25kg em 8 meses, uma média de 3kg por mês, nada
muito radical.
Aqui, no começo do ano (com Caroline Rodrigues e Gustavo Valezzi) - não sou louco de postar uma foto sem camisa, mas acredite, eu estava com mais de 100kg. |
Mais do que a perda, sei que muita gente se impressiona de eu ter chegado aos 107kg - até que foi gostoso. Foi uma somatória de fatores – que podem ser resumidos no fato de eu ser taurino, para quem acredita, e resolver tudo na comida.
Eu nunca tive tendência natural a ser magro, nunca fui tão gordo, mas sempre tive peito, tive massa. Só que desde a adolescência faço muito, muito esporte; começou com caratê, depois musculação, natação; e o ano que passei em Florianópolis – em que pra sair de casa eu já tinha que subir morro e descer morro – estabeleceu uma rotina de esforço físico insustentável.
Aqui, aos 33, pesava poucos menos de 70kg. |
Uma hora eu simplesmente cansei. Literalmente
“cansei de ser sexy.”
Quando me casei com o ex-cozinheiro, achei que
podia relaxar. Troquei o prazer da atividade física pelo prazer de comer,
cozinhar (eu mesmo cozinho MUITO bem, se é que não sabem). Estava chegando aos
40 anos e uma hora a gente cansa mesmo desse compromisso de pagar de gatinho,
ainda mais trabalhando num meio (literário) que vê a beleza com desconfiança e com
um namorado cozinheiro que estava bem acima do peso. Isso nunca foi problema
pra mim.
Só que, em seis anos de namoro-casamento, eu fui
engordando 10, 20, 30 quilos.
Uma hora simplesmente deixei de me pesar.
Claro que me incomodava, mas não o suficiente. Também não era como se o falecido parecesse incomodado - ele trazia cupcakes; talvez nutrisse um prazer (não tão) secreto em me ver degradar física, profissional e emocionalmente.
Se ganhei muito peso no casamento, transbordei de
vez no último ano, em que estávamos separando e eu estava morrendo de ansiedade, sem trabalho, esquecido e acabado. Liguei um foda-se bonito. Em
Maresias eu fazia churrascos praticamente TODOS os dias. E quando finalmente
acabou, resolvi voltar a malhar (antes de tudo para não MORRER); a balança
marcava 107kg.
Povo acha que sou vida louca. E até sou... ou fui.
Mas minha vida adulta sempre foi uma tentativa de equilibrar o lado junkie, com
o intelectual e o atleta... foi ficando mais difícil. Enquanto sou caótico no
espaço, sou absurdamente regrado na rotina (JAMAIS furei um prazo num trabalho,
faltei a uma mesa, deixei de cumprir um compromisso). Eu parei de usar drogas anos
atrás, quando não era mais possível usar sem sair da programação. Sou uma pessoa obsessiva. Então apenas me reestruturei para perder peso – sem pressa.
Voltei à academia em abril, e mantive um ritmo de
6 dias por semana: musculação e funcional. Como eu malho há quase vinte anos,
recuperar os músculos foi fácil, em quinze dias já levantava o mesmo peso de
antes, a questão era diminuir as medidas. Tinha de parar de comer.
Esse é um almoço padrão da minha semana hoje: peito de frango, abóbora, cogumelos e espinafre. Alguns dias é só um prato desses o dia todo. |
Como eu tinha ligado um foda-se bonito, também foi
fácil, fácil diminuir. Eu não tinha regra nenhuma, então qualquer regra que
estabelecesse já faria diferença. Decidi que álcool, açúcar e besteiras, só
final de semana (sexta, sábado e domingo – três dias do que os nutricionistas
chamam de “dia do lixo”). Nos outros dias era comidinha fit, em duas refeições
por dia – almoço e jantar – só.
Saladinha de atum. |
Funcionou. Comecei a perder 3 quilos por mês. Uns
700 gramas por semana. Claro, toda segunda feira eu voltava inchado do fim de
semana – segundas e segundas pensei que tinha fodido com minha dieta - mas toda
sexta tinha perdido em relação à sexta anterior. Continua sendo assim até hoje.
É muito frustrante perder peso quando você está 30
quilos acima – porque você leva meses para perder 10 quilos, mas ainda está com
97kg, ninguém repara, ninguém acha você “magrinho”. Até hoje, as pessoas falam
“como você está forte”; porque eu estou de fato forte; e com 82kg (para 1,78m)
estou longe de ser “magrinho”.
Dia desses, no parque. |
De toda forma, já recuperei quase todas minhas roupas antigas - algumas camisas agora apertam pelos músculos, mas voltei a usar calças 38. Tem sido um prazer reencontrar tantas peças de guarda-roupa antigas, de que felizmente não me desfiz.
Dia desses provando uma camisa que comprei em Londres, em 2002 -agora que as flores voltaram às estampas masculinas. |
Continuo perdendo, não tenho um limite estabelecido (é aquelas, não existe essa coisa de "magro demais"), mas acho impossível voltar para a casa dos 60 (como tinha aos trinta e poucos). Sou um senhor escritor de 42 anos, não dá para pagar de modelo. O importante é que já está dando para ser feliz... de leve.
Aqui aos trinta. |
Eu venho da escola da androginia – sou um
ex-gótico, ou “um emo velho”. Eu nunca gostei de cara forte. Nunca quis ser
musculoso (ou “Barbie” e nem tenho pelos suficientes para ser "Urso"), JAMAIS tomaria bomba, anabolizante ou o que quer que
fosse (nunca nem tomei suplemento algum). Só que meu tipo de
corpo é mais fácil ser forte (e gordo) do que ser magro definido. Eu faço o que dá com o corpo que tenho...
Ainda dá para perder um pouco de barriga, ainda dá para perder um pouco de peito. Ainda dá para trincar o abdome e foder de vez com minha escrita |
Quando comecei a perder peso, recebi pouco
incentivo. “No começo é fácil”, muita gente me disse. Não é exatamente verdade.
No começo é mais fácil perder, porque tudo é lucro, mas se exercitar com mais de
100 quilos nas costas não é fácil. Conforme fui perdendo, foi ficando mais
fácil me exercitar; quanto menos eu comia, mais fácil ficava diminuir a comida.
Tive de fazer esses ajustes, claro, cortando carboidrato, colocando uns jejuns durante a semana. Foi mais fácil ir cortando as
calorias gradativamente.
Atualmente, se de sexta até domingo eu me esbaldo, segunda eu só vou comer (com parcimônia) no jantar; isso é um jejum de 24 horas (jantar de domingo a jantar de segunda). Faço outro jejum de 24h do jantar de quarta ao jantar de quinta. Isso sempre sem deixar de treinar segunda de manhã, quinta de manhã, como em todos os outros dias.
Atualmente, se de sexta até domingo eu me esbaldo, segunda eu só vou comer (com parcimônia) no jantar; isso é um jejum de 24 horas (jantar de domingo a jantar de segunda). Faço outro jejum de 24h do jantar de quarta ao jantar de quinta. Isso sempre sem deixar de treinar segunda de manhã, quinta de manhã, como em todos os outros dias.
Arroz branco já é uma indulgência que me permito no máximo uma vez na semana. |
No fim de semana, nunca cortei (conscientemente).
Mas claro, fui notando que eu CONSEGUIA comer menos, conforme emagrecia. Só não
foi uma preocupação. Até agora me deixo livre pra comer, beber o que quero de
sexta a domingo - de delivery do Outback a parmegiana no boteco e jantar com os amigos -, é dos poucos prazeres que a vida me dá... E são 3 dias livres
por semana, 4 de restrição, não é nada absurdo.
(Mas numa dieta assim não se pode ter exceções - nada de beber um dia no meio da semana e compensar na sexta. Sigo rigidamente a programação.)
(Mas numa dieta assim não se pode ter exceções - nada de beber um dia no meio da semana e compensar na sexta. Sigo rigidamente a programação.)
Não estou tendo acompanhamento de nutricionista. Duvido que exista uma nutricionista que criasse uma dieta como essa - com três dias absolutamente livres, que me deixasse beber vodca; mas para mim funcionou. Criei o que funcionava para mim. Eu devia escrever um livro sobre isso (faria mais sucesso que o meu existencialismo bizarro... rá!).
Não tenho nutricionista, mas tenho a Elisângela, com que faço aula de funcional três vezes por semana. Muito da perda devo a ela. |
É fácil, é tranquilo? Mais ou menos...
Passar fome durante o dia, o jejum de 24 horas, é
tranquilo pra mim. O problema tem sido mesmo durante a madrugada. Durante a
semana eu acordo constantemente com fome, não consigo dormir, meu sono está uma
merda. Parece que meu corpo ainda suplica por calorias na madrugada. Fim de
semana, se eu acordo, eu me permito meter uma Nutella numa boa, e volto a
dormir. Durante a semana eu não faço – mesmo com Nutella no armário, eu me
controlo – e fico me revirando na cama.
Resumindo: eu era mais feliz quando era gordo...
Mas eu era gordo quando estava feliz...
Sinceramente, não posso dizer que me sinto MUITO melhor fisicamente. Sinto fome, tenho insônia. Me sinto mais disposto para atividades físicas, é claro - mas talvez a gordura (e a possibilidade de comer) me deixasse menos ansioso... ou menos ativo (ainda que não passivo), mais anestesiado... De todo modo, infelizmente, sinto mesmo é que o mundo me trata melhor, agora que estou mais apresentável.
Sinceramente, não posso dizer que me sinto MUITO melhor fisicamente. Sinto fome, tenho insônia. Me sinto mais disposto para atividades físicas, é claro - mas talvez a gordura (e a possibilidade de comer) me deixasse menos ansioso... ou menos ativo (ainda que não passivo), mais anestesiado... De todo modo, infelizmente, sinto mesmo é que o mundo me trata melhor, agora que estou mais apresentável.
Sem ironias, foi assim que já perdi 25kg, sem deixar de beber e comer açúcar TODOS os finais de semana. Não sei se é das melhores receitas de saúde - talvez eu morra amanhã mesmo, mas living is overrated; o importante é que meu caixão será mais leve – resumo em dicas rápidas o que está funcionando para mim:
- Exercícios SEIS dias por semana, DUAS horas por
dia: uma hora de musculação, uma hora de aeróbico.
- Dieta restrita de segunda a quinta: é frango com
salada e pouco mais. Uma ou duas refeições ao dia. Só. Nada entre as refeições. Nem um pãozinho.
- Pode café (sem açúcar) e água. Só.
- Pode café (sem açúcar) e água. Só.
- Fim de semana pode, literalmente, TUDO.
- Comprei uma balança. Não me peso todo dia. Me
peso QUATRO VEZES ao dia; ter uma balança me ajudou a ver como eu engordava,
como eu emagrecia.
E por fim, o que mais ajudou, foi ter um ano
absurdamente rotineiro, sem viagens, sem mudanças. Todas minhas semanas foram
iguais. Trabalhei todos os dias aqui em casa - e eu mesmo preparo minha comida. Isso ajuda a seguir a dieta, o
treino, a comida que eu mesmo faço. Se todos os prazeres são orais, não dá para
ter prazer todos os dias.
Todo esse esforço, e o único ser que me ama no mundo é uma coelha. Bem, que ela me ajude a sensualizar então... |