17/10/2020

NOTAS SOBRE O APOCALIPSE



No Ibirapuera, num dia nublado. 


O apocalipse não acabou, mas a quarentena parece que sim. Cada vez mais vejo pessoas nas ruas, saindo, encontrando amigos, postando fotos juntinhos.

Do outro lado, ainda tem gente histérica, mandando ficar em casa, com uma síndrome de cabana ao contrário - seria agorafobia?

Assisti esta semana ao terrível documentário “Welcome to Chechnya” sobre a perseguição a homossexuais nessa república autônoma da Rússia. O filme foca uma organização que os ajuda a escapar para o exterior – mas eles vivem a vida toda como perseguidos políticos.

É da HBO.


Uma dessas vítimas, uma menina lésbica de 21 anos, tem de viver escondida sozinha num apartamento até conseguir um visto para deixar o país. Depois de 6 meses ela não aguenta mais ficar trancada. E os militantes LGBT descobrem que ela acabou saindo e desapareceu.

É um exemplo ilustrativo para aqueles que falam: “Na guerra os judeus-armênios-chechenos viviam meses-anos escondidos, e nós não conseguimos com todo o conforto da vida atual.” Mas a verdade é que a maioria não conseguia... ou não teríamos milhões de mortos.

Mas acho que já falei isso aqui...

Eu agora já flexibilizei bem. Já recebi gente em casa.  Já fui à casa de gente. Tenho ido todo dia à academia. Todos usam máscara e passam paninho com álcool nos aparelhos antes e depois de treinar (o que cada vez mais tem me parecido mais uma “simpatia” do que algo cientificamente necessário-eficaz.)

Na maromba. 

Ainda não tive coragem-clima para ir a restaurantes e bares, mas dou uma volta e corro pelas ruas quando não há sol... Quero ver como passaremos o verão com máscara – não só pelo calor, mas pelo bronzeado...

Na feira, com a Gaia. (E quem tirou a foto foi meu querido amigo-vizinho-cineasta, o Marco Dutra).

Nas andanças pela rua, está voltando aquele clima do começo do ano, de encontrar e cumprimentar vizinhos. Alguns eu não reconheço de máscara, alguns agora eu SÓ reconheço de máscara. Todo dia me apaixono por um novo menino na academia – um belo par de olhos. Mas quando ele abaixa brevemente a máscara para beber água é aquela decepção (como no meme da odalisca do Pica-pau...).




Transporte público não pego desde março, mas também é muito raro eu pegar, trabalhando em casa, morando do lado da Paulista e fazendo tudo a pé. Para mim uma, duas horas de caminhada é de boa... mesmo de máscara... se não tiver sol.

Correndo hoje na Paulista.

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...