01/10/2020

INFERNO RENOVADO

Temos Fé. 



Saiu enfim uma edição regular do meu "Fé no Inferno" - até agora só estava sendo impresso sob demanda pela Companhia das Letras, era difícil achar em livrarias físicas, mas foi o que decidiram fazer durante a pandemia. 

Então recebi enfim minha cota de autor (30 livros), aproveitei para vender mais alguns e enviar alguns para pessoas-chave. (Agora parei de novo com as vendas.)

A má notícia é que agora o livro físico custa R$80, uma facada, mas não tenho muito o que fazer. É um livro grande, ao menos, com quase 400 páginas... Essa edição nova está idêntica à sob demanda, que é bem bonita. 

A recepção tem sido boa, muitos amigos e colegas escritores bastante impressionados - todos dizendo que é meu melhor livro, mas isso não quer dizer muita coisa, todo livro novo que lanço falam que é meu melhor, e talvez ainda não seja bom o suficiente...

O espaço na mídia está bem esquisito. Praticamente não há mais crítica - mas eu mesmo tenho falado bastante do livro em programas de TV (Metrópolis, Arte1, Canal Curta), rádio (CBN) e em todas as lives que têm me convidado. Em jornal, teve a bela crítica de duas páginas da Tatiana Salem Levy no Valor Econômico... e só. (Mas a Folha ao menos deu um capítulo inteiro, há alguns meses.) Também teve uma entrevista na revista Poder (Joyce Pascowitch sempre uma querida) e o Suplemento Pernambuco publicou um texto meu falando dos bastidores da escrita. 

Semana passada traduzi para o inglês alguns capítulos, para minha agente tentar vender lá fora - também não tenho grandes esperanças, nunca tenho sorte com isso, toda editora com que vendo/publico lá fora acaba falindo... É a maldição de Nazarian!

"Você tem que entender que é um autor underground", disse uma vez minha antiga agente. Eu diria mais "alternativo" do que underground. Mas meus temas, minha estética acabam sempre se encaixando num Lado B, que limita a visibilidade, a aceitação e o respeito. 

Ao menos esse agora tem um "tema sério" (o Genocídio Armênio e a perseguição de minorias), o que faz instantaneamente que meu livro seja considerado "mais maduro". 

Acho isso meio besteira, acho a maturidade superestimada, ainda mais na literatura. A literatura é dominada pelos tiozões - então quem precisa de MAIS UM autor maduro? Sempre me interessa mais o entusiasmo, o fresco e a irreverência da juventude...

Mas jovem não mais sou. 

Voltando à tradução para o inglês, é bem mais complicado do que do inglês para o português, mas comecei a fazer há uns três anos, para mim mesmo, minha agente gostou e começou a pedir para outros autores. Prefiro fazer quando é uma "sample", ou seja, para vender o livro lá fora, porque daí não é um produto final. Ou então quando são textos pequenos. O problema é que levo o dobro do tempo do que uma tradução para o português, e não consigo cobrar o dobro, então se estou com muito trabalho acaba não compensando. 


Uma amostra. 


(A sample.)



Para encerrar, para quem quiser OUTRO livro meu autografado, a Companhia está com uma promoção do "Neve Negra", meu livro de (pós)terror que lancei em 2017. Está bem mais baratinho, R$34, e vai autografado (não vai com o nome do comprador, porque autografei 100 livros e entreguei pra editora - não tenho nenhum para vender pessoalmente - mas coloquei em cada um uma frase de efeito diferente ;)

Meu livro mais Trevoso. 


Dá para comprar direto pelo site deles, aqui: 


ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...