Para sempre lembrar... |
A Folha de São Paulo faz 100 anos hoje. Vi tantos amigos comemorando, contando suas experiências, que não pude deixar de compartilhar minha experiência e expressar minha gratidão.
2017 |
Foi o jornal que mais me deu espaço, sempre, não apenas resenhando meus livros (positivamente, negativamente...), dando notas sobre os lançamentos, mas me convidando para contribuir. Colaboro com mais ou menos assiduidade desde... 2005? Foram dezenas de resenhas, artigos, sempre em torno de literatura, com total liberdade. A única limitação que sempre recebi foi de espaço (e triste ir vendo que o espaço para literatura foi ficando cada vez menor).
Ano passado eles publicaram uma página inteira com um capítulo do meu Fé no Inferno. |
Como colaborador, nunca frequentei a redação (acho que nunca nem fui lá dentro!); muitos dos editores que me pediram texto eu só conheço pelas redes sociais (ou email), então nunca tive esse dia-a-dia do jornal. Também nem sou jornalista. Contribuí e contribuo como escritor que está há um bom tempo nesse meio, que circula bem (que tem o blog de literatura mais antigo do Brasil...), e que conseguiu construir certo nome... acho... certo nome amaldiçoado.
Confesso que não guardei NADA - quer dizer, nada do que eu publiquei lá; do que publicaram sobre meus livros eu tento guardar, ou tentava. Hoje em dia estou mais relaxado... Mas dos artigos e resenhas que escrevi, não guardei praticamente nada impresso.
Então tive de puxar pela memória (e pelo Google) para tentar lembrar dos textos que mais gostei de escrever, que a Folha publicou. A grande maioria foi encomenda deles (e teve algumas encomendas ainda que me fizeram que não aceitei, simplesmente porque não me achei capaz). Mas vamos lá, links com bastidores:
"SAI DAQUI COM TEU CURUPIRA."
Um dos textos mais "polêmicos" que publiquei na Folha, foi aquele em que avaliei como a literatura fantástica (e o "fantástico em geral") não decolava no Brasil (em 2019). Os nerd tudo pirou, me xingaram de tudo quanto é nome, como se eu estivesse torcendo contra. Veio muito autorzinho novo no twitter dizer que seu livro tava vendendo, mas passado um ano e meio, não discordo de nada do que escrevi.
"QUEM NÃO LACRA NÃO LUCRA."
Um pouco antes eu havia publicado outro texto, que não deu tanta repercussão, que falava da necessidade do autor hoje ter uma ligação com a situação atual, ter um lado militante além da ficção pura. Entrevistei gente bacana e consegui bons depoimentos. E ainda acho que é uma discussão pertinente:
NOVINHOS
Uma das coisas mais bacanas do espaço que a Folha me propiciou foi apresentar novos autores. A maioria das resenhas é o jornal que me propôs, e teve uma ou outra que propus que não aceitaram. Mas adorei fazer a do Tobias Carvalho (que já tinha ganho o prêmio Sesc) e, principalmente, do Fernando Abreu de Barreto, que lançou um belo livro de terror, por uma editora pequena, e consegui emplacar na Folha.
ESCREVEU NÃO LEU
Em 2017 fiz outra matéria grande com um perfil de "quem lê literatura brasileira contemporânea". Foi meio polemicuzinho, um povo lacrador veio dizer que eu tinha uma visão parcial, mas foi legal para dar vozes a leitores, quase como uma homenagem.
BOWIE NA BRASA
Quando Bowie morreu, me pediram uma crônica. Não sei se ainda gosto (na verdade, nem tive coragem de reler), mas gostei de fazer. E acho que foi a única coisa que publiquei na Folha que não foi (diretamente) relacionada à literatura.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2016/01/1729901-quantas-vezes-um-anjo-cai.shtml
FICÇÃO CAFONA
Nem lembro direito do livro, mas revi o título dessa resenha e adorei: "Com 800 mil cópias vendidas, ficção cafona gira em círculos." Li muita ficção cafona pro jornal. (É preciso dizer que praticamente TODOS os títulos de matérias não foram dados por mim. Foi coisa da edição do jornal. No começo eu até me empenhava nos títulos, mas depois que vi que eles faziam os deles, comecei a mandar sem título mesmo. E muitas vezes fui xingado principalmente pela chamada...)
"É ESCRITOR? MAS VIVE DO QUÊ?"
Uma matéria que foi ideia minha, e provavelmente a que mais me orgulha, foi a pesquisa para responder à velha pergunta: "Do que vive um escritor no Brasil?" Entrevistei 50 escritores, fiz minhas análises, e até hoje cito muito dessa matéria em entrevistas, embora a situação tenha mudado (deteriorado) muito de 2014 para cá, infelizmente. Também gerou polêmica. Escritorzinho-comercial-não-citado respondendo com texto na Folha que "vendo muito livro, ganho mais que meu pai". Faz parte...
NO MEIO DO MATO
Em 2014 também fiz uma análise do "êxodo urbano" na literatura brasileira. Como nós, urbaníssimos, estávamos buscando narrativas mais interioranas, rurais. Acho que ninguém se ofendeu.
EPIDEMIA ZUMBI
Em 2009, em plena onda dos Vampiros (com a saga "Crepúsculo") eu fiz uma matéria antevendo os zumbis como a próxima onda. Estava certo, não?
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3112200917.htm
MARCADO COMO TATUAGEM
Não coloquei aqui dezenas de resenhas que fiz de literatura americana/inglesa contemporânea, a maioria de regular para negativa. Mas acho que a primeira foi essa de 2005 (eu é que não vou reler, tenho medo). E foi depois disso que a Nova Fronteira entrou em contato comigo para publicar meu livro ("Mastigando Humanos"). O resto é história...
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1009200519.htm
MIRA, ISOLA
MENTIRA! Porque acabei de descobrir que ANTES disso já tinha publicado resenha de um livro do... MIRISOLA! Me usaram de boi de piranha, porque falei mais ou menos bem e o cara logicamente me espinafrou, escreveu uma carta-resposta com impropérios que a Folha resolveu não publicar. Sei lá se eu estava certo - eu era jovem, e os jovens sempre estão certos. Também não tenho coragem de reler:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2304200520.html
NOS PRIMÓRDIOS...
E em.. 1998! Eu já tinha foto na Folha, no Festival Mix Brasil, nos curtas que fazia sobre body art.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq08059833.htm
Essa eu guardei... |
(Quem não consegue acessar os links por causa do paywall, pode pagar e ajudar o jornal ou pesquisar como driblar, claro...)