Cara de quem comeu e não gostou. |
Faz um tempinho que não posto aqui... Estava comendo.
Ensaiei uma série de textos, reflexões, notas sobre o apocalipse, mas
fiquei dividido entre o que era obviedade, no que eu estava me repetindo; hoje
em dia é sempre um equilíbrio delicado entre fazer coro com sua bolha – “quem ainda
defende esse presidente é um mau-caráter” –, dizer o que todo mundo está dizendo
para receber sua sardinha; tentar um viés novo e pagar de polêmico; ou
simplesmente abordar outros assuntos e passar por alienado.
Vamos hoje por essa terceira via, shall we?
Deixa eu engolir que eu conto. |
Nessa vida enclausurada, o que tenho mais postado são pratos que tenho pedido, alguns que tenho preparado. Já criei a expectativa
em alguns seguidores das dicas de delivery na sexta – o dia em que quebro a
dieta rigorosa que ainda mantenho durante a semana, e começo a esbórnia do “finde”.
O bolo de chocolate é o que pedi de mais gostoso da Helena Rizzo, do Mani. |
A(s) quarentena(s) estabeleceram os serviços de entrega de
uma forma que acho que não tem mais volta – a maioria dos restaurantes teve de
aderir e acho que a reabertura não mudará o quadro.
Fim de semana passada pedimos o paillard com massa do Cantina do Piero. |
Para mim foi ótimo, porque sempre adorei culinária, comer, cozinhar. Sou taurino - “todos os prazeres são orais” - um obeso mórbido... às vezes no corpo de um atleta, às vezes no corpo de um obeso suave. (Eu falo, é a vaidade que salva minha vida). Mas muitos restaurantes eu deixava de frequentar por falta de companhia, por preço, por preguiça. Percebo hoje que, embora eu adore comer bem, prefiro comer em casa. E isso também passa por algo que já sei há tempos: detesto ser servido. Nem passa por algo tão nobre como questões sociais, eu apenas prefiro fazer eu mesmo o que posso fazer (seja servir uma fatia de pizza, seja cortar o cabelo, seja.. buscar um copo d'água. Me lembro que me irritava tanto quando um antigo namorado me pedia um copo d'água. Se eu quero um copo d'água eu LEVANTO E PEGO.)
Por isso não consigo mais ter faxineira há aaaanos...
(Mas voltemos ao assunto.)
Por mais que os restaurantes cobrem mais caro por prato no delivery, a conta final é sempre muito mais baixa (sai uber, couvert, entradinhas e, principalmente as bebidas alcóolicas, que é o que mais encarece a conta num restaurante).
Além disso, nos dias atuais, não há mais NADA a fazer, nenhum programa, teatro, cinema, balada. Quando a gente se sentava num boteco com amigos, dava para gastar fácil mais de 100 pila numa noite. Esse é o preço de um bom prato, de um chef estrelado, que hoje se pede por delivery. (Ao menos essa é a conta que faço para convencer a mim mesmo...)
(Ai, mas gastar isso num livro é caro...)
(...ok, não vou entrar nessa discussão agora.)
Tenho aproveitado os deliveries desde antes da pandemia. Os últimos dois anos foram bem mais estáveis para mim financeiramente – longe de ser um período de riqueza, eu ao menos tenho um fluxo mensal constante; já passei muitos períodos de pobreza, daí entrava uma bolada e eu gastava tudo indo pra Finlândia, pra Armênia, pro Japão! (Agora nem dá para pensar em viajar...). Bem, dois anos atrás eu nem tinha mais CELULAR, estava quase desistindo da vida... mas isso também é outro assunto.
Como alguns amigos agora têm me pedido dicas, coloco aqui as
minhas melhores opções de deliveries que encontrei até agora. Algumas foram
descobertas recentes, outras eram restaurantes que sempre gostei – alguns eu
não ia/vou há anos. Podemos chamar de meu “Prêmio Louca dos Deliveries”.
SANDUÍCHE
Sanduíche de "sexy" pastrami do Z-Deli. |
Postei há poucas semanas que o Fôrno tinha o melhor sanduíche
de pastrami da cidade. Me recomendaram o do Z-Deli e tive de rever meu voto.
Eles também têm hambúrgueres ótimos – meus favoritos eram do Cabana Burger,
mas da última vez não deu muito certo. (Hambúrguer artesanal tenho feito eu
mesmo em casa, ou então peço um McDonalds, Burger King, que confesso que amo). O
sanduíche de pernil do Estadão chega bem bacana (assim como o de mortadela do Mercadão,
mas esse acho meio excessivo).
O hambúrguer de wagyu trufado com alho negro do Cabana foi o melhor que comi. |
Paillard alla pietá |
Confesso que não sou muito fã de massa, tem que ter alguma carne no meio, mas os meninos sempre gostam e acabo pedindo (como agora que estou com OUTRO loiro pós-púbere em casa... que come feito um passarinho). No quesito “comidona”, o polpetone do Jardim de Napoli é imbatível, mas nesse fim de semana pedimos também uma ótima massa aos quatro queijos com paillard da Cantina do Piero. Agora, dos melhores pratos que pedi na VIDA é o paillard alla pietá do Evvai – já tinha comido (outro prato) lá e esse já pedi esse duas vezes. As massas do Arturito (da Paola Carosella) também são bem boas e com um preço ok, mas vêm tão mau-servidas (da última vez a porção tinha literalmente meia dúzia de nhoques) que desisti.
O polpetone do Jardim de Napoli |
FRUTOS DO MAR:
Comidinha de praia com preço de cidade grande. |
Coisa cara, mas eu amo. E não adianta pedir em lugar mais
baratinho, que não presta. O clássico Rufino’s (que eu ia muito com minha avó, lá
nos anos 90) é ótimo também no delivery. O Badauê, de Maresias, que abriu há poucos
anos em São Paulo, também é bem bom. Coco Bambu não é tão barato, mas o povo
pede porque tem porções enormes... mas também não presta... não só porque é
antro de minions; é uma culinária grosseira, sem a menor sutileza, aqueles camarões
misturados com arroz, creme de leite, batata palha... Evite.
JAPONÊS:
Comeria isso todo dia. |
Esse é daqueles caros que eu amo mesmo quando peço mais
baratinho. O melhor que pedi, de longe, é o By Koji – dos melhores que comi na
VIDA (e olha que já fui ao Japão), mas é caro. Tenho fugido dos muitos inventivos
(tipo Tata Sushi), que colocam trufa num sushi e o pedido todo fica trufado
(dica de delivery: se pedir trufa, tudo ficará trufado). Um meio-termo que
satisfaz? Flying Sushi (ao menos dá para variar o peixe, não é só salmão).
Não dava nada pro Abraccio, mas essa pizza de cerveja com abobrinha e queijo de cabra é fenomenal. |
Bráz (não Bráz Elettrica, por favor). Mas pizza também é
daquelas coisas que mesmo quando é ruim é bom. O Abraccio me surpreendeu com
uma de abobrinha com queijo de cabra. E ainda prefiro as daqui da esquina (tipo
Nonna D’Amore, na Frei Caneca) às franquias como Pizza Hut e Dominós (a pior de
todas).
O estrogonofe do Freddy. |
Ainda preciso encontrar um bom delivery de churrasco. (Quem
me acompanha há tempos sabe que já virei quase mestre churrasqueiro na época em
que morei em Maresias – fazia churrasco quase TODO dia; daí meu lado obeso
mórbido). Já pedi no Fogo de Chão, Brazeiro, Le Bife, Outback... Vem tudo mais
ou menos. Tenho é uma boa dica de estrogonofe: Freddy (outro restaurante clássico
que eu ia com minha avó) – é caro, mas é ótimo e dá para dois ou três. No Parmegiana:
o Degas, mas o da Pompeia, que o de Pinheiros não presta (não sei porque, mas é
diferente).
Kibe cru, homus, esfihas... |
Serei óbvio (para os armênios), mas... Garabed. Sei que é
caro, as esfihas são bem superfaturadas e não são tudo isso, mas o kibe cru, o
homus, são os melhores que comi na VIDA (e olha que já fui à Armênia). Effendi
também é bem bom, com um preço um pouco mais acessível (as esfihas talvez
estejam pau a pau). Em esfiha, pessoalmente eu gosto mais da árabe, mais macia,
menos crocante, então se é para comer esfiha acabo pedindo no Jaber mesmo, que ainda
é meu favorito.
Como a quarentena continua, se estende, nunca vai acabar,
essa lista estará sempre em construção. Aguardo suas sugestões nos comentários.
(Não tem comentários, mas se você quiser muito, conseguirá me sugerir.)
Ainda malhando em casa... |