12/04/2023

LEITOR CRI-CRI



Mais um parecer/leitura crítica entregue. Tenho feito bastante.
Uma época eu fazia muito para editora, mas não é mesma coisa... Na leitura crítica para a editora, em geral só se preenche uma ficha apontando pontos positivos/negativos, público alvo, se recomenda a publicação ou não.


A leitura crítica para o autor é como uma conversa direta com ele, dá para marcar dúvidas, sugestões, comentários, elogios. É uma oportunidade de que a gente muitas vezes sente falta quando lê um livro (por prazer): "Por que ele terminou assim? Isso aqui tá mal explicado. 
Não entendi essa passagem... Isso aqui me lembrou o filme tal..."

Como autor, a gente raramente tem essa conversa com o leitor. Costumo dizer que autor não tem plateia, não tem aplauso (não ouve risadas). Como cada passagem, cada parágrafo vai ser recebido pelo leitor, a gente não tem a menor ideia.


(Teve só uma vez, quando a gente tava trabalhando na adaptação do BIOFOBIA pro cinema, que a gente leu o livro INTEIRO, em voz alta - eu, Marçal Aquino, Beto Brant, Renato Ciasca e uma garrafa de Jack Daniel's. Foi uma experiência única, eles rindo numa passagem aqui, falando "isso tá estranho" ali, elogiando pontos que pra mim não eram importantes...)


(Uma vez também o Evandro Affonso Ferreira me deu um presente do sebo dele: era um exemplar do meu Olívio - minha primeira publicação - todo anotado, rabiscado e comentado pelo Bernardo Carvalho, que fez uma resenha - bem elogiosa, por sinal - para a Trip. Tinha umas passagens marcadas com: "Péssimo!")


Mesmo quando o livro volta da leitura da Editora, geralmente não vem com tantas marcações quanto eu coloco. Editora raramente coloca elogios, por exemplo, só pontos problemáticos, porque Editora não deve sentir necessidade de agradar o autor nem mostrar serviço. Tantas dúvidas que EU mesmo tenho como autor, que nunca são sanadas pela Editora, eu tenho que resolver sozinho.


Eu mesmo nunca paguei leitura crítica, porque me acho autossuficiente, mas sou mais é POBRE... (ou mão de vaca, sou armênio, afinal); algumas vezes mandei livros para amigos, camaradas, como troca de favores, para uma leitura especializada. (Como o Heitor Loureiro, que me ajudou pra caralho na parte histórica do Fé no Inferno, ou o Carlos Henrique Schroeder que fez a leitura catarinense do Neve Negra.)


Livro bom dá mais trabalho de ter o que dizer, ter o que acrescentar (você foi pago para isso, afinal), até ter o que corrigir (porque faço uma pré-preparação de texto - já que estou lendo e comentando, não custa marcar erros, reescrever trechos, torna mais fácil também de se enxergar o que estou argumentando).


Um problema que tenho encontrado é a falta de opção de deixar os comentários anônimos - há umas semanas, uma agente me pediu para fazer anonimamente um parecer, mas o Word não dá a opção de deixar os comentários anônimos (ou dá? Se alguém souber como faz...). (Aliás, como o Word está precário, pelamor, cada vez pior. Encontro tantos problemas e limitações. E AINDA é a ferramenta de texto amplamente usada.) Mas se VOCÊ me pedir uma leitura crítica do seu livro obviamente não será anonimamente, eu FALO NA CARA!
Enquanto isso, a pilha de leituras por prazer/curiosidade continua aumentando aqui... Quero muito ler o novo do (lisztiano) Rafael Gallo, do Marcelo Nunes, do meu aluno Tulio Dias, o nazista do Samir Machado de Machado, comprei a biografia da Elke pelo Chico Felliti... E ainda tem as coisas que eu preciso ler/estudar para o PRÓXIMO livro.

Sim, ainda insisto...

(O romance novo - sobre incels e não binários - tá prontinho, com capa e tudo; parece que atrasou um pouco, mas não muito; espero ansioso; qualquer dia desses descubro que entrou em pré-venda pelo Daniel Dago.)

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...