Podem me chamar de colonizado. Mas pra mim, antes de Gal, de Bethânia, antes mesmo de Rita, tinha a Sinéad...
Comecei a ouvir Sinéad O'Connor na adolescência. Eu já era fã de Annie Lennox, Debbie Harry e conhecia aquela "careca maluca" pelo hit meloso, Nothing Compares 2U. É um bom hit, mas ela tinha tantas, tantas coisas melhores, escritas por ela mesma. Uma voz absurda. Um talento imenso como compositora. Uma mulher linda, com um visual único. Tornou-se uma das minhas. Parte do que eu sou.
Abusou da minha paciência, é verdade. Declarou-se lésbica, depois voltou atrás. Sacerdote, Rastafari, Muçulmana. Ameaçou se matar dezenas de vezes, tantas vezes quanto disse que ia se aposentar dos palcos. Não dava para levar a sério. Mas ela NUNCA se queimou no que interessava: sua música.
Tem coisas absurdas de boas, outras nem tanto, mas ela nunca lançou um disco realmente ruim. Mesmo o último de estúdio - "I´m Not Bossy, I´m the Boss", de 2015, compensa a voz comprometida com várias camadas vocais e ótimas composições.
Nunca consegui ver ao vivo. Comprei ingresso pra show dela em 2016 já sabendo que ela ia cancelar. Há muitos anos já esperava por uma notícias dessas. Era uma mulher surtada - mas parte da genialidade dela estava nisso aí.
Tristeza. Mas que sirva para ela ser mais ouvida. Infelizmente algumas das melhores dela não estão no Spotify, mas deixo o link de uma playlist das minhas favoritas: