07/04/2005

ORELHAS PONTUDAS

"Talvez o maior desafio dos novos prosadores seja realmente contar uma história com começo, meio e fim. Pode parecer uma estrutura convencional, mas é um talento que, ao meu ver, está se perdendo. Por isso procurei escrever um livro absolutamente linear. E fiquei bem contente com o resultado."

Trecho de uma entrevista bem interessante que Carlos Minehira, do site República do Livro, fez comigo. Vocês podem ler na íntegra no:

http://www.republicadolivro.com.br/info.php?not=622&oque=2&cd_editora=0

Saiu hoje também uma matéria de capa do Caderno C, do Correio Popular, de Campinas, sobre "Feriado de Mim Mesmo". A matéria é excelente, assinada por João Nunes. E quem me mandou foi o escritor J. Toledo, autor do "Dicionário de Suicidas Ilustres". Depois coloco um trechinho aí na página do "Feriado".

E esta semana entreguei para a Editora Globo a orelha e o press release que me encomendaram para o livro "Crônicas Marcianas", do Ray Bradbury, que será publicado por eles em breve. O livro é um clássico da ficção científica, escrito nos anos quarenta, e tem uma lógica peculiar. Não há nada de homenzinhos verdes e pistolas laser, é um livro de crônicas cotidianas da vida em marte. Coisas como brigas de casais marcianos, a colonização humana por lá, jardinheiros que plantam árvores para "trazer mais oxigênio a atmosfera rarefeita de Marte" Uma coisa assim, meio "Sci-fi Lullabies".

Estou me especializando em textos de orelhas. Já fiz os dos meus três romances, a do livro da minha mãe e agora esse, sob encomenda. Uma coisa que eu odeio é essas orelhas assinadas "cabeça", em que o cara quer mostrar como fez uma análise profunda da obra. Isso não é papel de orelha, isso é papel de prefácio. Orelha tem de ter um texto curto, que dá uma idéia geral do livro, pro cara que está na livraria, fuçando Sidney Sheldon e Maitena, ficar interessado.

Por isso não deixo ninguém botar o dedo nas minhas orelhas.

O texto de orelha desse livro "marciano" eu não posso colocar aqui. Mas logo vocês verão nas livrarias. O prefácio é do Donizete Galvão.

Interessante é sentir esses diferentes tipos de leitura que estou tendo de fazer. Quando se escreve uma resenha, é preciso ver o texto com um olhar analítico. Quando se faz uma tradução, deve-se ler o texto com os olhos do autor, mas num outro código. Quando se faz uma orelha ou press release, é preciso ler o texto com um olhar quase publicitário.

Mas como acompanhar o fôlego da minha própria escrita, quando meus dedos insistem em criar olhos de peixe?

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...