18/01/2006

YUMMI.

Não espero que todos vocês entendam. Afinal, só posso descrever experiências sinestésicas como essas com palavras. Sem o devido estimulo das papilas, uma refeição não passa de poesia – ou assassinato. E eu mesmo defendi que o que importa é a fome. Queria que minhas palavras pudessem abrir o espaço vazio dos seus estômagos; lendo tarde da noite vocês pudessem lamber os beiços. Mas nem sei se acabaram de jantar, se são vegetarianos, macrobióticos, se o que apreciam mesmo é um bom filé de rabo de jacaré. Quem de vocês poderia entender a magia que se produz com a língua numa coxa tenra e bronzeada? Quem de vocês preferiria uma galinha morta?

A textura elástica da pele se rompendo com meus dentes. São tantos. Tantos dentes para trabalhar que os centímetros de elasticidade se rompem como a casca de um tomate para revelar uma polpa quente, vermelha, vibrante. Com o coração ainda batendo - acelerado pelo meu ataque - fazendo seu caldo escorrer mais rápido para dentro da minha garganta. Daí a carne doce e macia se misturando ao caldo, se exercitando em sua tentativa de fuga. Os músculos em movimento, minhas mandíbulas. Separando-se dos ossos, dançando no meu estômago. Cálcio no cálcio, meus dentes nos ossos, indicando que cheguei à profundeza máxima de um ser. Ah... Perdoem-me.

Trecho do meu próximo romance, "Mastigando Humanos", a ser lançado no segundo semestre. Aguardem mais detalhes...

NESTE SÁBADO!