15/08/2006

CRÔNICA DA FEIRA ASSASSINADA

(eu disse "feira", não "freira")

Ainda não consegui sair do lugar, mudar de casa, trocar a luz do meu quarto. Ao menos penso seriamente em comprar outro colchão. Você sabe, o que esse já germinou... ou desperdiçou em absorção que poderia ter germinado. "Nós éramos todas as emoções derramadas numa cama. Com a segurança de uma boa lavanderia."- diria minha Lorena. Mas eu mesmo não tenho mais uma boa lavanderia. - Dona Jussara, cadê você!

Minha rua agora está com o asfalto marcado. Fazem feira uma vez por semana e deixam marcas para todos os dias. Desenharam o lugar do pastel, da alface, dos agrotóxicos. Sim, marcaram o chão, com tinta, o lugar onde cada barraca deve ficar. Parece aquelas marcas dos peritos, de onde a feira foi assassinada. Ou então o cenário de Dogville. Não bastava o cheiro de peixe que fica quando eles vão embora? (e eu já repeti tantas vezes a piada: "Essas escamas de peixe aqui na rua são resquícios de milhares de anos atrás, quando todo esse bairro era coberto pelo mar...)

Bem, bem, fora desperdícios e assassinatos, minha vida tem sido cinema e teatro. Semana passada fui até Limeira ver uma peça num festival. Algo assim, sobre o mar. Também fiz legendas de algumas sessões da mostra "Ruy Guerra", mas é sobre outros filmes que quero falar.

"Piratas do Caribe 2" – que porra. Eu até tinha gostado do primeiro. Não sei se o segundo é pior, talvez seja igual e tenha me cansado. Me cansou. Coisa neurótica. Fora que detesto esses filmes que terminam no meio, aquela coisa "não perca o próximo episódio". Ora, eles demoram 2 anos para lançar a continuação da franquia, quer que esperemos até lá? Eu sempre desisto.

Daí mudei radicalmente minha opinião sobre Johnny Depp – ou percebi que, como todos, eu estava sendo enganado. Apesar de posar de "galã cult", ele só faz merda. Ok, tiramos os antigos do Tim Burton ("Edward" e "Ed Wood"), o que sobra? "A Hora do Pesadelo" (o primeiro e o sexto!), "Willy Wonka", "A Janela Secreta", "Férias do Barulho" (ou "Férias Frustradas", ou qualquer coisa com férias e adolescentes querendo trepar, não lembro o nome do filme), "O Cavaleiro Sem Cabeça", "Do Inferno", "O Sétimo Porta", "Piratas do Caribe 2", "Don Juan de Marco". Puta merda, vai ter mau gosto assim na casa do caralho...

Também fui ver "O Arco", novo fime do Kim Ki-Duk. Como em "Casa Vazia", os protagonistas não falam nada. Parece que o que ele quer mostrar é que todos os conflitos são provocados pelas palavras, pelos falantes. Apesar disso, as imagens não são grande coisa. E o tom levemente brega de "Casa Vazia" é elevado à décima potência em "O Arco". Pieguice sem tamanho. Chega a dar ódio... Ah, eu gosto de "Casa Vazia", bastante.

E "Zuzu Angel". Gostei. Não achei um bom filme, mas gostei. Tem vários problemas, escolhas discutíveis, mas gostei de saber mais da história dela, da reconstituição de época, da Patrícia Pillar, etc. Enfim, achei legal.

Sobre "Pai e Filho", do russo Sokurov, eu nem vou falar, para não vomitar...

O melhor que assisti foi "Viagem Maldita" (hahaha!) do francês Alexandro Aja. É uma refilmagem do clássico de Wes Craven, "Quadrilha de Sádicos", de 77. Entretanto, essa nova versão é ainda mais violenta, mais explícita e mais insana. É mais um daqueles filmes de família que se perde na estrada, encontra monstros canibais e é torturada, estuprada, morta e comida. Poesia pura. Eu diria que, nesse gênero, só perde para o "Massacre da Serra Elétrica" original. Pois é, elejo "Viagem Maldita" um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.

Hum, que mais? Revi uma porrada de coisas em DVD e TV: "Naked", "1984", "A Mão Que Balança o Berço", "Amnésia", "Alma Corsária", "Gilbert Grape" (outro Depp discutível).

Quanto à leitura... Descobri Márcia Denser... como diria uma amiga minha, a "Débora Blando do mal" (haha, alguém acha que a Débora Blando é do bem?). Bem, Denser é do mal, com certeza, mas é isso que a faz tão boa. Genial. Virei fã.

NESTE SÁBADO!