31/08/2006

A PRIMEIRA MORDIDA



"Com Mastigando Humanos Santiago Nazarian segue intrigando em meio à mesmice da atual literatura brasileira." – Cristiane Costa, Bravo!

Epa! A Bravo de setembro já está nas bancas. Tem crítica de página inteira sobre "Mastigando", assinada por Cristiane Costa. Ela fala maravilhas, maravilhas. Cristiane Costa inclusive foi a primeira pessoa a escrever sobre meu primeiro livro, para o JB, em 2003, inclusive fez uma entrevista bem legal comigo. Ótimo ver que eu não a desapontei...

O livro mesmo ainda não saiu. Só mandamos provas para veículos mensais. Fico feliz que tenha começado bem, porque já estou esperando pedradas, você sabe, um livro narrado por jacaré... com toda questão da contestação adolescente...

Por falar em contestação, ontem estava vendo uma entrevista com nosso querido presidente. Como ele anda nervosinho, hein? Agressivo. Dá até um pouco de medo... me solidarizo com Regina Duarte, haha.

Ele falava sobre a questão da Volkswagen, das demissões, de manter a fábrica aberta pela oportunidade de empregos. Daí eu penso como é louca essa questão do capitalismo (não é mesmo, minha gente?). Afinal, um líder pretensamente de esquerda, com raízes no comunismo brota exatamente no berço do imperialismo, do capitalismo e o caralho: uma linha de montagem. Sim, os líderes sindicais que são considerados "de esquerda" lutam pela permanência do sistema de linha de montagem, a mecanização do homem, o progresso de empresas multinacionais. E isso não é de hoje. Não parece um pouco incongruente? Eu, sendo mais radical, acho toda essa cultura do automóvel um absurdo. Acho um absurdo "particulares" poderem dirigir. O sistema de transporte devia ser todo público, baseado primariamente em ferrovias. Bem, mas para isso teríamos de voltar alguns séculos...A questão toda das rodovias, de todo mundo poder ter um carro, só aconteceu por estratagemas das indústrias automotivas, fundadoras do capitalismo, da linha de montagem.

Mas é claro que não se discute isso hoje em dia. Não faz sentido. Ao menos numa plataforma política, concordo. Só acho difícil então de entender o conceito de "esquerda", se nessas questões são ainda mais capitalistas do que os de direita.

Eu não, não sou nenhuma coisa nem outra, sou rebelde, sou irado... Haha.

Então, isso é um recadinho para os críticos reducionistas que dizem que "na literatura atual não há contestação política". Não há o quê?! Afinal, eles esperam que se escreva sobre "o povo precisa de emprego, saúde e educação?" Ai, ai, para isso já tem o discurso desgastado dos políticos, dos demagogos, dos jornalistas. Os escritores (e a arte em geral) têm de ir além, tem de discutir questões mais subjetivas e menos óbvias. Se um cara escreve um romance sobre o individualismo, sobre a impossibilidade de viver sozinho numa sociedade massificada, ele não está fazendo contestação política? Pelamordedeus...

Ai, ai, acho que estou exagerando. Devia escrever essas coisas quando algum jornal me pagasse, haha.
Bem, bem, isso não tem mesmo nada a ver com nada que foi escrito recentemente sobre mim ou ninguém, só sobre coisas que andei lendo há alguns meses, e que lembrei pela entrevista do Lula.

(foto by Helmut Newton)

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...